sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Agronegócio

Sul quer avançar em sanidade na produção de leite

desmame animal

Para ter mais qualidade e competitividade na produção de leite, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pretendem investir na sanidade e rastreabilidade animal. Os três estados, que compõem a Aliança Láctea Sul, querem se tornar grande exportadores de leite.

O grupo foi criado há quatro anos para estimular o crescimento da cadeia produtiva do leite na região sul do País. Representantes dos três estados debateram, segunda-feira (19), o tema na sede da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), em Curitiba, com a participação dos secretários da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, do Paraná; e de Ricardo de Gouvêa, da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina.

A discussão sobre a Aliança Láctea Sul será encaminhada aos novos governadores para que possam ratificar e dar sustentação às propostas.

A região é responsável por 40% da produção de leite no país, enquanto tem apenas 15% dos consumidores brasileiros.

O Paraná é o segundo estado no ranking nacional de leite, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A liderança na produção é de Minas Gerais.

Segundo Norberto Ortigara, o leite representa o quarto produto em volume de produção no Paraná, atrás das cadeias de soja, frango e milho. “Ou a gente produz para o mundo ou não temos como colocar toda a produção no mercado interno. Para isso temos que continuar perseguindo uma produção de qualidade”, disse.

O secretário Ricardo de Gouvêa disse não ter dúvidas que está ocorrendo uma revolução silenciosa na produção de leite na região Sul do País, onde muitas propriedades familiares já trabalham com grande tecnologia.

O chefe da Embrapa Gado de Leite de Juiz de Fora (MG), Paulo do Carmo Martins, afirmou,na reunião, que um indício forte dessa evolução é que a empresa foi procurada pelo BNDES para fazer um trabalho específico para o produtor, o que representa uma mudança importante para o setor.

“Chamou a atenção que embora nossa produtividade seja menor em relação aos países grandes produtores, nossos preços são competitivos, o que favorece uma transformação no meio de produção”, disse.

Martins elencou a necessidade de políticas públicas focadas no setor produtivo para eliminar diferenças regionais. “Ao mesmo tempo que municípios têm baixa produtividade, outros exibem excelente produtividade, similares às melhores do mundo”, acrescentou.

Condições e prioridades – Foram debatidos os desafios para que os estados do Sul busquem o mercado externo para dar vazão à produção, que é bem maior que o consumo.

Para o secretário Norberto Ortigara, os três estados reúnem condições adequadas de pastagens abundantes, possibilidade de produção de biomassa, oriunda da avicultura e suinocultura, na reciclagem das pastagens, que representa um valioso insumo que é o adubo orgânico que a vaca converte em leite.

Também reúne boas condições de clima, regime hídrico e condições mais favoráveis de se trabalhar com animais das raças europeias, grandes produtoras de leite. Além disso, os três estados têm a tradição da agricultura familiar porque a produção de leite exige a habilidade do produtor na produção e manejo do animal.

Prioridades – O coordenador-geral da Aliança Láctea Sul, Airton Spies, falou das prioridades do programa de trabalho para 2019, elencando em cinco eixos as frentes de trabalho: tecnologia e assistência técnica aos produtores; qualidade do leite como elevação da incidência de sólidos no leite; sanidade no combate à brucelose e tuberculose; organização setorial para que a logística de captação do leite seja mais eficiente e redução das assimetrias, com a eliminação de vantagens tributárias em alguns estados.

Participaram da reunião os representantes do Sindicato da Indústria do Leite do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul; Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Emater-PR, Instituto Tecpar, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e de empresas como Aurora Alimentos e Frimesa.

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