sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Tecnologia e Inovação

Equipamento inovador faz a medição digital da água infiltrada no solo

Tags: CBPF, embrapa, infiltração de água

Uma parceria entre a Embrapa Solos (RJ) e o também carioca Centro Brasileiro de Pesquisa Físicas (CBPF) desenvolveu solução inovadora para a automação da coleta de dados no campo, mais especificamente da infiltração e do fluxo de água no solo. Trata-se de um novo permeâmetro – equipamento mais usado no mundo para avaliar a condução da água nos solos – capaz de fazer essa coleta digitalmente, por meio de um microcomputador de baixo custo. Com isso, reduz o tempo e os custos da avaliação de parâmetros hidráulicos, que permite conhecer o processo de absorção de água pela terra. As instituições buscam agora um parceiro para produzir o equipamento em larga escala e inseri-lo no mercado.

A medição da água infiltrada no solo é fundamental para otimizar a irrigação, diminuindo o desperdício de água e a erosão; e para estimar o desabamento de encostas, auxiliando na prevenção e na elaboração de alarmes mais eficazes e na avaliação do comportamento de terrenos para construção de estradas ou barragens.

Entretanto, a avaliação de parâmetros hidráulicos do solo sempre foi um desafio para os pesquisadores, basicamente por dois motivos: a necessidade de um técnico treinado na coleta de dados e a avaliação, que é demorada e dispendiosa em recursos financeiros e tempo. Assim, uma das vantagens em se abordar o problema de modo interdisciplinar foi articular a expertise e a experiência de quem entende do problema dos solos (Embrapa Solos) com a aplicação de sensores inteligentes, ferramentas digitais de controle e condicionamento de sinais (CBPF).

Novo permeâmetro

Os equipamentos mais utilizados no mundo para avaliar a condução da água nos solos saturados são os permeâmetros de poço e, entre esses, um dos mais populares é o Permeâmetro de Guelph. Ele necessita de um profissional para fazer a coleta manual dos dados de fluxos de água, que possibilitam calcular a condutividade hidráulica do solo. “A parceria entre a Embrapa e o CBPF desenvolveu um novo permeâmetro que faz essa coleta automatizada. Com esse aparelho, o técnico, que ficava por horas anotando os valores de fluxos, é liberado para fazer outras avaliações e coletas, aumentando o rendimento e a eficiência do trabalho no meio rural. Além disso, o equipamento tem uma precisão de leitura de milímetros e um registro de tempo de décimos de segundo, o que aumenta a precisão dos dados coletados”, conta o pesquisador da Embrapa Solos Wenceslau Teixeira.

O Guelph é um equipamento analógico e de operação complexa. Os dados são obtidos pela leitura visual da variação do nível de uma coluna de água, utilizando uma escala milimetrada e um cronômetro. Os dados são registrados manualmente em uma caderneta. Essa operação é feita no campo, sob o sol, podendo levar muito tempo. O operador é um profissional caro que precisa de qualificação para a aquisição das medidas e os resultados são analisados posteriormente utilizando planilhas. O progresso do novo dispositivo vem do fato que as medidas são obtidas digitalmente, por um microcomputador de baixo custo.

“Além de medir a variação do volume e do tempo de um modo mais preciso, registrar em um cartão de memória e transmitir esses dados para um celular, ou tablet (via Bluetooth), o sistema calcula a grandeza imediatamente. Caso ocorra alguma inconsistência nas medidas, é possível identificar no local e fazê-las novamente, sem necessidade de um novo, e custoso, deslocamento. O dispositivo simplifica a operação de medida, permitindo seu uso por operadores com menor treinamento, além de alertar para certos erros devido a variações bruscas da temperatura que não eram considerados no método tradicional”, revela Geraldo Cernicchiaro, do CBPF.

Vale lembrar que o CBPF possui grande experiência na criação de sensores de medidas, em especial os que ainda não estão disponíveis no mercado.

Testes de campo animam cientistas

Após alguns testes com protótipos nos laboratórios e terrenos do CBPF e da Embrapa, foi feita uma validação do aparelho em projeto no campo, em dois locais: São Luís (MA) e Lençóis Paulista (SP). “Os resultados foram excelentes, o que nos motivou a publicar um artigo no Journal of Hydrology relatando essa conquista”, destaca Teixeira.

Os locais foram escolhidos por possuírem diferentes tipos de solo, o que impacta a absorção da água. Por exemplo, em um solo arenoso, ela é absorvida rapidamente. Já em um solo argiloso, a absorção é mais lenta, podendo até formar poças. Falando de uma maneira simplificada, isso significa que diferentes solos apresentam comportamentos diversos quanto ao processo de absorção do líquido, e que esses comportamentos podem ser quantificados.

Um dos parâmetros associados a esse comportamento é a condutividade hidráulica saturada. Esse parâmetro, característico de cada solo, é a razão entre o volume de água absorvida por unidade de tempo, quando o solo está molhado ou, em termos técnicos, saturado.

Fonte: Embrapa

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Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
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