domingo, 22 de setembro de 2024

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UFPR descobre espécie de molusco que só existe em arquipélago paranaense

Tags: ilha dos currais, molusco

O Parque Nacional Marinho das Ilhas dos Currais, em Pontal do Paraná, é o habitat de uma espécie de caracol descoberta por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Nomeado Drymaeus currais em homenagem ao parque, o invertebrado é nativo da ilha paranaense e restrito a esse local, por isso está ameaçado de extinção. O estudo feito pelos cientistas, publicado na Revista da USP Papéis Avulsos de Zoologia, revela que a espécie resulta de um processo evolutivo que a tornou distinta do Drymaeus castilhensis, molusco natural da Ilha de Castilho, que fica a aproximadamente 70 quilômetros ao norte do parque.

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Apesar da concha rajada muito similar ao Drymaeus castilhensis, um estudo anatômico complementar demonstrou importantes diferenças que permitiram a separação específica. As principais características exclusivas da espécie foram observadas nos sistemas reprodutor e digestório. A pesquisa é conduzida pelo professor Carlos Eduardo Belz, do Centro de Estudos do Mar (CEM); pelo pesquisador Marcos de Vasconcellos Gernet, do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da UFPR; em parceria com o professor Luiz Ricardo Simone, da Universidade de São Paulo (USP).

“Pela semelhança visual com o Drymaeus castilhensis, pensamos se tratar da mesma espécie e ficamos intrigados. Moluscos terrestres são organismos muito sensíveis, por isso é difícil imaginar que um indivíduo pudesse ter chegado até a região flutuando em alguma coisa ou carregado por aves marinhas”, explica Belz. Quando os cientistas identificaram moluscos terrestres em um local que possui grande variedade de invertebrados marinhos, ficaram curiosos sobre a origem desses animais e como chegaram até a ilha.

Os indícios levam a acreditar que o invertebrado iniciou o processo de especiação, isto é, de evolução há centenas de anos, quando o mar de toda a costa brasileira era muito mais recuado. “Nessa época, Currais ainda não era um arquipélago e pertencia ao continente. Provavelmente espécies similares circularam por essa região e, com o avanço do mar e da linha de praia, as ilhas ficaram isoladas e isolaram também essa população de molusco”, conta o professor. Após centenas de anos em que os animais ficaram se reproduzindo entre eles, aconteceu a divisão das linhagens.

Espécie depende da umidade

Para Gernet, um dos aspectos mais interessantes e, ao mesmo tempo, preocupantes da descoberta é o fato de o habitat da espécie ser reduzido a um ambiente insular tão pequeno. “Os indivíduos estão limitados a essa ilha, nem nas outras ilhas desse mesmo arquipélago foram localizados exemplares. Por isso, esse pequeno ambiente tem extrema importância para a manutenção dos animais dessa classe. Qualquer interferência ou desequilíbrio que ocorra nessa ilha, como uma queimada na vegetação, implica o desaparecimento da espécie”. Até mesmo a estiagem pela qual o estado está passando é um fator de risco para esses caramujos, que dependem fundamental da umidade para sobreviver e, na ilha, basicamente a umidade a que têm acesso é proveniente da chuva.

Vista de parte do Arquipélago de Currais, formado por três ilhas e recifes a dez quilômetros da costa de Pontal do Paraná – Foto: Divulgação/UFPR

O gênero Drymaeus pertence à família bulimulidae, moluscos gastrópodes como caracóis e lesmas, e possui cerca de 300 espécies, das quais 49 ocorrem no Brasil. O caracol terrestre descrito pela equipe é exclusivo do Arquipélago de Currais e foi encontrado em área sombreada na maior ilha do parque, Ilha do Grapirá, habitando troncos e folhas da vegetação arbórea da floresta e nas bromélias dos costões rochosos presentes na região.

A descoberta do molusco é importante para a biodiversidade do litoral paranaense e sugere que o ambiente está favorecendo o aparecimento de novas espécies. De acordo com os pesquisadores, o estudo, que iniciou em 2017, aponta para a existência de diferenças anatômicas entre duas populações de conchas quase indistinguíveis e indica, portanto, a necessidade de explorar o máximo possível as características além da concha nesses organismos.

Fonte: UFPR

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