quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agroecologia

Londrina caminha para ser polo frutícola do Norte do Paraná

Ricas em antioxidantes e vitaminas, as frutas vermelhas caem cada vez mais no gosto popular pelo sabor e pelas características nutricionais. De olho neste mercado, o Sindicato Rural Patronal de Londrina está apostando em um projeto que pode transformar a região num polo frutícola, inclusive em sistema agroflorestal.

Com foco nas frutas vermelhas, as chamadas berries, como mirtilo, framboesa, amora, physalis, morango, o projeto tem por objetivo a construção de uma cadeia produtiva, desenvolvimento do mercado e industrialização.  Para isso, será necessário que produtores se organizem em associação ou cooperativa e participem ativamente das ações. Entre elas a implantação, futuramente, de uma agroindústria que irá transformar pelo menos 80% das frutas em sucos, poupas congeladas, desidratadas, entre outras formas de consumo.

O produtor e pesquisador Eduardo Perilla, que encabeça o projeto  realizou quatro reuniões com produtores e instituições de pesquisa e extensão neste início de ano. “A intenção é que os produtores sejam sócios comerciais de uma agroindústria e tenham o poder de decisão dividido, ou seja, desenvolvam a cultura das frutas vermelhas em conjunto, com troca de informações, decisões em conjunto e escala para comercialização industrialização de produtos”, explica ele.

A organização de produtores será fundamental para consolidar o polo frutícola e posteriormente a construção de uma agroindústria. Só para ter ideia, além das frutas vermelhas, há pelo menos 32 frutas com potencial de produção e de aumento do consumo interno ou para exportação, como figo, pitanga, acerola, umbu e gabiroba.

No Brasil, segundo pesquisador, a estimativa de consumo das frutas vermelhas é de 40 gramas per capita por ano com exceção do morango que  chega a 300 gramas por pessoa anualmente. Já na região Sul, maior consumidora de morangos, o consumo atinge 800 gramas per capita/ano. Nos Estados Unidos, a demanda média somente por mirtilo foi de 950 gramas por pessoa em 2014, de acordo com dados do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA).

Para Eduardo Perilla, no Brasil, instituições como a Embrapa já desenvolvem cultivares mais resistentes ao calor. “Temos um clima ameno durante todo o ano com variação menor entre temperaturas mínima e máxima”, argumenta Rubiano, lembrando que o melhoramento genético está evoluindo rápido e já existem quatro tipos de mirtilo, que podem ser cultivados em áreas que vão do extremo frio ao  clima temperado.

Segundo o presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinati, o objetivo é oferecer novas alternativas economicamente rentáveis e atender um mercado que está em expansão. Ele cita ainda o Plano Nacional do Desenvolvimento da Fruticultura (PNDF),  lançado recentemente e que tem por objetivo  melhorar a qualidade, aumentar a produção e intensificar o consumo interno e as exportações das frutas brasileiras.  “Com apoio, podemos alavancar este mercado e trazer novos empregos e renda”, afirmou Pissinati.

Proposta ousada

Para o pesquisador do Programa de Fruticultura do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) Pedro Antonio Martins Auler, a região tem potencial para se desenvolver num polo frutícola, porém é preciso debater com mais profundidade a adaptação de algumas espécies de frutas vermelhas, como o mirtilo, que tradicionalmente é de regiões mais frias.  “É uma proposta ousada porque depende da organização de pequenos e médios produtores, embora  acredite que o associativismo seja o caminho para o desenvolvimento”, complementa o pesquisador.

Segundo Auler, o Iapar e a Universidade Federal do Paraná têm experiência e resultados com mirtilo e amora na região da Lapa e em  Cerro Azul. “Inclusive avaliamos as variedades, potencial de produção para fazer as recomendações. Quando a cultura é nova é preciso entrar a pesquisa antes”, diz ele.

No caso do mirtilo, ele entende que haveria necessidade de testar os materiais aqui na região,  já a amora e o morango não há necessidade porque são produzidos com frequência. “Com certeza, a estruturação de um polo frutícola será uma alternativa com boa renda para o pequeno e médio produtor”.

Agrolon deve produzir 500 toneladas de figo

O produtor Nilton Romero Jandre,  diretor-presidente da  Agrolon, associação  de Londrina  presente em 37 municípios do Norte do Paraná que trabalha com não commodities como figos, frutarias, sais, temperos entre outros alimentos, tem participado das reuniões da implantação do polo frutícola.

Segundo ele, a Agrolon produziu no ano passado, 15 mil quilos de figo, quantidade que não foi suficiente para atender a Central de Abastecimento de Londrina (Ceasa). Para o ano que vem, a expectativa é de mais de 500 mil quilos da fruta.

Segundo Jandre, o plantio do figo pode ser intercalado com pimenta biquinho, dedo-de-moça e com vários  outros cultivares, pois as pragas e doenças são diferentes e se contrapõem. “Estamos fazendo uma experiência com figo e maracujá e o resultado tem sido positivo”, diz.

“Quando começamos a produzir figo, fizemos uma desfragmentação, que consiste em visitar a Ceasa, restaurantes, indústrias de frutas para verificar a demanda real em pré-contrato. Isso é muito comum no mercado europeu, mas no Brasil não, o brasileiro primeiro planta para depois comercializar”.

 

 

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