A média de perdas de grãos na safra de soja 2020/2021, no município de Londrina, está abaixo dos índices toleráveis apontados pela Embrapa Soja. Porém, cerca de 80% dessas perdas estão relacionadas à falta de ajustes na plataforma de corte e à velocidade excessiva das colheitadeiras na hora da colheita.
Um levantamento realizado por extensionistas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, em Londrina, entre os meses de fevereiro e março, constatou perdas de 0,61 sacas por hectare no município. A Embrapa preconiza perdas de até um saco (60kg) por hectare quando se fala em soja. A produtividade média foi de 55,8 sc/ha no município.
No entanto, no Brasil, estima-se que as perdas durante a colheita de soja sejam de duas ou mais sacas por hectare, em média. Este montante, multiplicado pelos 36 milhões de hectares cultivados com soja no País, segundo dados do IBGE de 2020, corresponde a cerca de R$ 4,3 bilhões por ano, considerando o valor da saca em 20 dólares.
Planejamento de ações
O técnico agrícola Paulo Mrtvi, extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), responsável pelo levantamento, explica que o resultado servirá de ferramenta para planejar ações que possam minimizar ainda mais as perdas nas próximas safras.
Foram realizados 22 levantamentos utilizando a metodologia de medição de perdas da Embrapa Soja nos distritos de Guaravera, Irerê, Paiquerê, Lerroville, Maravilha, São Luís , Usina Três Bocas e Warta.
“A média de 0,61 é muito boa, quando comparamos com o índice aceitável pela Embrapa, porém, o que temos que observar é que em muitas regiões foram constatadas perdas acima de 1 saca por hectare” destaca Mrtvi.
De acordo com o extensionista, é importante entender que a perda de grãos na colheita causa um grande prejuízo aos agricultores. Dados do IBGE 2020 apontam que Londrina possui uma área de cultivo da soja de 56.439 hectares.
“Se pegarmos as três colhedoras que registraram perdas acima de 1 saca por hectare, os agricultores do município teriam um prejuízo de 19.040 sacas. Se considerarmos o valor de R$ 166 por saca (cotação no início de abril), o prejuízo total seria de R$ 3.160.640,00”, calcula Paulo Mrtvi, comparando o impacto das perdas: “esse montante daria para comprar 80 carros populares na faixa de R$ 40 mil”, acrescenta.
“Se pegarmos as três colhedoras que registraram perdas acima de 1 saca por hectare, os agricultores do município teriam um prejuízo de 19.040 sacas. Se considerarmos o valor de R$ 166 por saca (cotação no início de abril), o prejuízo total seria de R$ 3.160.640,00”, calcula Paulo Mrtvi, comparando o impacto das perdas: “esse montante daria para comprar 80 carros populares na faixa de R$ 40 mil”, acrescenta.
O levantamento mostrou que cerca de 80% das perdas ocorrem por falta de ajustes da plataforma de corte da colheitadeira e da velocidade excessiva utilizada pelo operador na hora da colheita. A velocidade ideal varia em função da condição da lavoura de soja e, em geral, situa-se entre 4,0 e 6,5 km/horas.
“Muitas vezes, na pressa de fazer o plantio do milho safrinha, os agricultores apressam os operadores para colherem mais rápido e, assim, não perder a janela ideal do plantio do milho safrinha”, observa o extensionista, acrescentando que as colhedoras com maior perda possuem idade superior a 30 anos de uso.Outro fator importante observado pelo técnico agrícola é que a soja deve ser colhida dentro dos padrões ideais de umidade, entre 13% e 15%. “Também comprovamos que a colheita foi realizada com a soja muito seca, já
passando do ponto ideal, o que facilita a debulha das vagens no contato com a colheitadeira causando perdas significativas”, comenta Paulo Mrtvi.
passando do ponto ideal, o que facilita a debulha das vagens no contato com a colheitadeira causando perdas significativas”, comenta Paulo Mrtvi.
Tecnologias de monitoramento
Para evitar as perdas na colheita, o extensionista Paulo Mrtvi recomenda que os agricultores invistam em tecnologia de monitoramento e mantenham sempre os maquinários regulados. “Estamos na era da agricultura digital e por meio do uso de softwares modernos é possível fazer o monitoramento inteligente, até via satélite. É possível projetar o rendimento futuro de uma lavoura adotando algumas tecnologias que gerem benefícios ao produtor”, acrescenta Mrtvi.
São tecnologias que ajudam na localização de infestação de pragas, uso racional de insumos, determinação das áreas mais férteis e comparação entre cultivos atuais e antigos. “Essas ferramentas ajudam a melhorar a colheita e a diminuir perdas importantes”, disse.
Outro aspecto que deve ser levado em conta pelo produtor rural são as condições climáticas e ambientais durante a colheita. O produtor precisa estar atento, observando a previsão do tempo todos os dias, por satélite, para fazer o planejamento correto.
Copo Medidor de Perdas
A metodologia que usa um copo medidor volumétrico desenvolvida pela Embrapa Soja para quantificar as perdas durante a colheita de soja consiste em coletar os grãos após a colhedora passar pelo plantio, em uma área delimitada por uma armação de barbante com 4,0 metros de largura por 0,50 metros de comprimento.
A metodologia que usa um copo medidor volumétrico desenvolvida pela Embrapa Soja para quantificar as perdas durante a colheita de soja consiste em coletar os grãos após a colhedora passar pelo plantio, em uma área delimitada por uma armação de barbante com 4,0 metros de largura por 0,50 metros de comprimento.
O grão é depositado no copo que possui uma escala graduada indicando diretamente a perda de grãos que acaba de ocorrer.
Desenvolvido na década de 1980 , o método é rápido, prático e eficiente para quantificar e qualificar a soja colhida, sem a necessidade de interromper a operação da colheita mecanizada.
(Colaborou com a matéria a estagiária Karina Oliveira da Silva – estudante de Jornalismo da Universidade Estadual de Londrina – UEL)