sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Agronegócio

Inspeção de pulverizadores proporciona economia

pulverização
Tags: tecnologia

Morador de Rio Negro, Sudeste do Paraná, o produtor Emerson Elias Portella já perdeu as contas de quantos cursos do Senar-PR fez ao longo dos últimos 18 anos. Mas tem uma certeza: em nenhum deles aprendeu de forma tão ilustrativa que estava jogando dinheiro fora como na capacitação “Inspeção periódica de pulverizadores para produtores e trabalhadores rurais”. Participante de uma das turmas-piloto do treinamento, Portella percebeu que parte do seu dinheiro estava indo embora por questões de manutenção e regulagem de seu pulverizador usado nos 3,3 hectares dedicados ao tabaco – embora também plante soja, milho e um cantinho de feijão na propriedade de 15,3 hectares.

“A pulverização é uma das tarefas que mais exige do nosso tempo e também reflete uma parte significativa dos custos de produção. No fumo, há tratamentos que precisam ser feitos pé por pé, então usamos não só o trator, mas também a pulverização costal. O treinamento é proveitoso, porque colocamos a mão na massa junto com o instrutor para saber o certo e o errado antes de entrar na lavoura”, analisa o agricultor.

O instrutor Lisandro José Cordeiro passou o dia na propriedade de Portella. Desde bem cedo, juntos, eles fizeram, primeiro, uma avaliação sobre como o produtor estava fazendo as pulverizações, medindo diversos dados, como a pressão, a vazão e, consequentemente, a taxa de aplicação. Depois disso, partiram para uma checagem de peça por peça dos maquinários. Descobriram, então, que filtros, bicos e outras peças precisavam de substituição e/ou reparos. O desperdício de calda de pulverização no caso dele estava, antes do curso, na ordem de 30%.

“É importante esse trabalho na ponta, na propriedade rural, pois mostra regulagem por regulagem, as peças envolvidas na manutenção periódica. Também apresentamos um checklist que torna possível que, nas próximas safras, o agricultor possa, por conta própria, fazer a manutenção dos equipamentos. O resultado do curso em todas as propriedades visitadas tem sido revelador de um novo modo de encarar a manutenção nos pulverizadores por parte dos produtores”, avalia o instrutor.

Para a extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná) em Rio Negro, Camila Camargo, que acompanhou o curso em duas propriedades do município – inclusive na de Portella –, o aspecto mais importante da formação justamente é essa virada de chave. “Muitas vezes, o produtor, por falta de conhecimento, acha que está fazendo a pulverização de forma correta. Com o trabalho de mostrar em campo as necessidades de aprimorar, ele percebe que a manutenção vai exigir um investimento agora, que, muitas vezes, volta em poucas aplicações com a economia proporcionada”, pontua Camila.

Flaviane Medeiros, técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR e responsável pelo curso, aponta o potencial que a iniciativa traz de forma imediata, não apenas ao campo. “Esse curso demonstra que é possível agir diretamente no problema e trazer economia ao produtor, enquanto agimos em prol da preservação ambiental espalhando benefícios nas lavouras e para toda a sociedade”, afirma. “A metodologia se mostra eficiente e a intenção é, após essa primeira rodada, disponibilizar novas turmas do treinamento para todas as regiões do Paraná”, completa.

Curso

A ideia de formatar o curso-piloto surgiu da necessidade de levar aos produtores rurais conhecimento técnico para avaliar se os pulverizadores estão com a manutenção em dia. Nessa primeira rodada estão sendo realizadas, ainda em 2021, 83 turmas em 81 municípios do Paraná, totalizando cerca de 500 pulverizadores. Para chegar a essa lista foram considerados fatores como a relevância na produção de grãos dentro da microrregião a qual pertence a cidade, o maior número de estabelecimentos com cultivos sensíveis a casos de deriva (viticultura, sericicultura, apicultura e orgânicos) e o reporte de prejuízos causados pelo problema ao IDR-Paraná.

Cada turma reúne de seis a 15 participantes. O curso acontece cada dia em uma propriedade rural, com atendimento individualizado pelo instrutor no maquinário usado no dia a dia nas lavouras. Os participantes aprendem, em oito horas-aula concentradas em um único dia, conteúdos como análises, observações e medições de parâmetros qualitativo e quantitativos, para melhorar o padrão tecnológico do processo de calibração dos pulverizadores. Um checklist elaborado em uma parceria entre o Sistema Faep/Senar-PR e o IDR- -Paraná é aplicado e disponibilizado ao participante do curso. Além disso, um Equipamento de Proteção Individual (EPI) também é fornecido a quem concluir a formação.

Para chegar a esse formato, o Sistema Faep/Senar-PR contou com parceiros, além do IDR-Paraná. A Syngenta apoiou a formação dos 10 instrutores selecionados para ministrar o curso de inspeção de pulverizadores a campo, o que incluiu atualizações no Grupo Dashen de Pesquisa Agronômica e uma formação em Aprendizagem Ativa e Mudança de Comportamento na Synapse Consultoria. Além disso, a Agroflux contribuiu disponibilizando fluxômetros digitais (equipamentos para medir a vazão de pulverizadores).

Outras formações

O curso-piloto “Inspeção periódica de pulverizadores para produtores e trabalhadores rurais” é o sétimo na área de agroquímicos. Essa capacitação se junta a outras seis formações gratuitas e com certificado oferecidas a agricultores nas seguintes áreas: NR 31.8, tratorizado de barras, autopropelido, costal manual, combate às formigas cortadeiras e turbopulverizador.imprimir sensações gustativas que reúnem dulçor e aromas achocolatados, amadeirados, frutados, picantes, herbáceos a um café encorpado.

Fatores que realmente fazem a diferença para o reconhecimento do café da região como IG, segundo o produtor do município de Cacoal e presidente da Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travain. “O trabalho da Indicação Geográfica contribui para que os produtores aperfeiçoem seus métodos de produção não só ligados à produtividade, mas ao cuidado, ao respeito à planta e ao amor ao fruto para propiciar a qualidade e a doçura do café na xícara”.

Produção sustentável

Para representar a região de Matas de Rondônia, não basta que o café apresente essas características de qualidade. O cultivo de forma sustentável é outro ponto essencial.

“Produzir café na Amazônia traz uma atenção muito grande em relação à preservação do bioma. Trabalhamos para desmistificar o crescimento da produção sem desmatar. Com o aumento das tecnologias, foi possível aproveitar áreas que já estavam abertas para incrementar a produção, mostrando ao mundo uma cafeicultura sustentável que permite uma vida digna e com renda às populações”, destacou Travain, ao citar a segurança do produto a partir da rastreabilidade e a atividade de sequestro de carbono, em processo de implementação, na produção local.

O “currículo sustentável” é comprovado com dados da produção, que continuou crescente sem aumentar a área cultivada. Inclusive, diminuiu o espaço destinado ao cultivo. Em 2001, a produção de café Robustas Amazônicas ocupava cerca de 240 mil hectares na região. Atualmente, uma área de 50/60 mil hectares de cafés plantados rende uma produção que atinge 2,5 milhões de sacas do produto, exportado, em sua maioria.

Importante ressaltar que a legislação brasileira exige que todas as propriedades rurais localizadas na região Amazônica conservem, no mínimo, 80% da vegetação nativa de sua superfície. O que torna o produtor brasileiro, responsável por grande parte da preservação do bioma, sem fornecer qualquer compensação.

Ao preservar e estimular o modelo de cultivo tradicional de determinada região, o reconhecimento como IG se faz um importante aliado para a sustentabilidade, segundo a coordenadora de Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários do Mapa, Débora Santiago.

“No caso dos cafés, comprova-se que o Brasil apresenta potencial de desenvolver as regiões produtoras, promovendo o desenvolvimento territorial sustentável de suas regiões, diferenciando-se do mercado de commodities. Os produtores podem explorar não apenas o produto final, por sua qualidade e sabores diferenciados, mas também o turismo rural ”, reforça.

Café especial

Da lavoura à xícara, o roteiro de turismo rural no Norte Pioneiro do Paraná é um exemplo. Alguns produtores da região abrem as portas de suas fazendas para mostrar aos visitantes o processo de cultivo do café, desde o passeio pela lavoura, passando pela colheita, secagem dos grãos e degustação do café especial.

As opções de roteiros são diversas e contam a história do Norte Pioneiro do Paraná como porta de entrada para a colonização de toda a região, tendo o café como a principal alavanca propulsora que abriu caminho para o progresso e o desenvolvimento econômico também do estado.

O cafeicultor Marco Antônio Cravo, da Cooperativa de Cafés Certificados e Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (COCENPP), explica que o estado foi um dos maiores produtores de café do mundo no século passado, mas sua qualidade era questionada, tanto que a totalidade da produção era vendida como café commodity.

A região do Norte Pioneiro do Paraná é reconhecida como IG e tem parcela de seus cafés classificados como especiais, com resultados de destaque em diversos concursos, inclusive, internacionais.

“A IG do Norte Pioneiro do Paraná foi uma grande conquista, trazendo ânimo e impulso para a região. Nas últimas décadas, houve uma quebra de paradigmas na qual a produção em larga escala deu preferência a um mercado menor, apostando na qualidade do produto. Assim, buscamos trazer os produtores para um pensamento único para que se aproveite ao máximo o potencial de utilização das IGs”

O empresário ainda acrescenta que a maior parte do café especial é vendida na Europa, nos Estados Unidos e no Japão e só uma pequena porcentagem fica no Paraná e no Brasil. “Ainda não temos um mercado nacional para absorver toda a nossa produção, só uma pequena parte é vendida nas nossas cafeterias e mercados”.

Fonte: Sistema Faep/Senar-PR

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