As entidades rurais do Paraná, que apoiaram a greve dos caminhoneiros num primeiro momento, pedem agora o fim do movimento por entenderem que os pontos da pauta já foram contemplados. A mobilização dos caminhoneiros obteve diversas conquistas, mas a normalização no abastecimento ainda não aconteceu.
De acordo com o presidente do Sindicato rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinati, os prejuízos ao agronegócio são inestimáveis e o setor produtivo pede para que os fretes sejam retomados o mais rápido possível. “Só assim será possível minimizar as perdas que já afetam toda a economia, em especial os setores de frangos, suínos e leite”, afirma.
O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Afrânio Brandão, diz que inúmeros setores foram atingidos e os caminhoneiros conseguiram mostrar a união e a força que têm, porém entende que não é mais possível manter o movimento, que está levando o país a uma situação muito “delicada”. “Nós entendemos que as reivindicações dos caminhoneiros foram justas, mas estão contempladas. Agora já começa a provocar caos no país”, acrescentou Brandão.
Segundo ele, as perdas atingem todas as cadeias produtivas e a rotina dos brasileiros no campo e na cidade. Escolas estão sem aulas, hospitais e postos de saúde sem medicamentos, o comércio não consegue fechar as contas do mês e os supermercados começam a ficar desabastecidos. “Para o campo, os prejuízos são enormes e não serão reparados de imediato. No nosso estado, a avicultura e suinocultura foram os mais prejudicados, mas não só esses setores. Os produtores de leite estão descartando milhares de litros todos os dias, os animais estão sem alimento e morrendo, as máquinas começam a parar; os hortifrúti não saem das propriedades. Enfim, estamos prestes a um colapso”, define Brandão.
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) encaminhou ofício para diversas autoridades federais e estaduais, inclusive para o presidente da república e para a governadora do Paraná, solicitando soluções urgentes para reduzir a carga tributária incidente sobre o diesel, que pode chegar a 45% do preço na bomba.
Porém, após o governo atender as demandas dos caminhoneiros, os protestos não fazem mais sentido. “Restabelecer o abastecimento tanto de combustível como dos produtos de alimentação da população se faz urgente”, afirmou o presidente da FAEP, Ágide Meneguette.
Até hoje no final da tarde (quarta-feira), cerca de 10% dos postos de combustíveis de Londrina estavam vendendo combustível. As filas de carros tomavam mais que 10 quadras. Várias rodovias do Paraná foram desbloqueadas hoje à tarde, mas ainda havia alguns pontos fechados.