sexta-feira, 20 de setembro de 2024

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Teresópolis recebe título de Capital Nacional do Lúpulo

Desde de ontem (19), a cidade de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, passou a ser conhecida como Capital Nacional do Lúpulo. A Lei 14.414, de 18 de julho de 2022, que concede o título ao município, um dos produtores desse tipo de planta no país, está publicada no Diário Oficial da União de hoje.

Lúpulo é o nome dado a um tipo de trepadeira que cresce principalmente em regiões de clima frio. Cientificamente, é chamada de Humulus lupulus. A planta é muito usada na produção de cerveja e no setor terapêutico, especialmente no tratamento de problemas hepáticos e digestivos.

Muito usado na indústria cervejeira, o lúpulo atua para dar cheiro e sabor amargo à bebida e para formar a espuma, uma das características do produto. Além disso, o lúpulo age como um conservante natural, inibindo a proliferação de bactérias e, assim, ajudando no prolongamento do tempo de validade da cerveja para o consumo.

Em Teresópolis está localizado o primeiro viveiro autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a produção de mudas da planta. Isso ocorreu em 2018, após o Viveiro Ninkasi cumprir processo junto ao Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem).

Estudos da USP mostram que o lúpulo brasileiro é tão bom quanto o importado

Após dois anos estudando a produção nacional do lúpulo, insumo essencial para a fabricação da cerveja, pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP afirmam que a planta colhida no Brasil tem qualidade equiparável às cultivadas pelos Estados Unidos e República Tcheca, dois grandes produtores internacionais da planta.

Responsável pelo amargor e aroma característicos da bebida, o lúpulo utilizado hoje pelas cervejarias brasileiras é praticamente 100% importado. Com a demanda em alta, pelo aumento do consumo e da quantidade de cervejarias artesanais, os resultados das pesquisas devem agradar produtores agrícolas e as indústrias que dependem da planta. É o que acredita o coordenador de um dos grupos de estudo do lúpulo nacional, o professor Fernando Batista da Costa.

Conta o professor Costa que, desde meados de 2019, eles cultivam e acompanham o desenvolvimento do lúpulo plantado em área do campus de Ribeirão Preto da USP. Os pesquisadores observam, principalmente, a produção de cones (inflorescência, parte da planta de onde se extrai a substância para preparar a cerveja), em busca da variedade que melhor se adapte às condições de solo e clima, consideradas barreiras para a produção no País, já que a planta é típica de clima temperado.

Mas, se depender dos achados da equipe do professor Costa, o sucesso do lúpulo em terras tropicais é certo, pois, das quatro variedades em estudo, os pesquisadores aprovaram duas, a Chinook e a Cascade, que se desenvolveram e produziram cones em quantidade suficiente para a indústria. “Um lúpulo tão bom quanto o importado”, enfatiza Costa. Além da produção e desenvolvimento dos cones do lúpulo, a equipe estuda a parte fisiológica, verificando a fotossíntese, as trocas gasosas e o estresse oxidativo.

O mercado de cervejas artesanais vem se expandindo no Brasil e a proliferação de microcervejarias fez muito cervejeiro repensar a compra de insumos para a produção da bebida. Só em 2019, o Brasil importou 3.600 toneladas de lúpulo, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Mas, há cerca de quatro anos, a necessidade de alternativas à importação levou alguns produtores nacionais a iniciar o cultivo do insumo.

Produção em alta

Em 2020, a área plantada aumentou 110% em relação a 2019, com o lúpulo ocupando 42 hectares e produzindo 24 toneladas, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo). Esse é o caso de Thiago Cunha, produtor rural pioneiro no plantio de lúpulo em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “Eu resolvi fazer um teste aqui em Ribeirão Preto para ver se o clima era favorável, se a planta se desenvolve bem”, conta o produtor. E o resultado surpreendeu: a boa adaptação ao clima e solo fez o produtor expandir a plantação, que passará dos atuais 500 pés para mil neste ano.

Cunha cultiva três espécies de lúpulo, a Comet, a Cascade e a Mantiqueira. Ele conta que as duas primeiras têm alto índice de demanda pelos cervejeiros, ao contrário da Mantiqueira, mas que optou por esta também, já que todas as três se deram “muito bem no clima de Ribeirão Preto”.

O estudo coordenado pelo professor Costa confirma o que o produtor rural observou na prática com a Cascade. As espécies Chinook e Cascade foram as que melhor se adaptaram às condições climáticas da região com “um desenvolvimento adequado”. Outras duas espécies analisadas também cresceram e produziram cones, “porém a quantidade não foi suficiente; não seria também suficiente para a indústria, de acordo com nosso estudo”, adianta.

Em 2020, existiam no Brasil 1.383 cervejarias registradas. Segundo o Anuário da Cerveja do Mapa, a quantidade representa um aumento de 14,4% em relação a 2019. No mercado global de cerveja, o Brasil é o terceiro maior produtor, com média de 14 bilhões de litros produzidos por ano, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. É conhecido também por grandes cervejarias com presença em diversos outros países.

Fonte: Agência Brasil e USP

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