Especialistas que participaram do 6º Fórum de Agricultura da América Latina, que terminou nesta sexta-feira (24), no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, apontam que o agronegócio brasileiro precisa investir mais em tecnologia.
No País, a produção nacional conta com investimentos públicos e privados que correspondem a 70% do crédito rural, de acordo com dados do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
“O crédito precisa ser sustentável economicamente para o produtor,caso contrário, inicia um ciclo vicioso que começa com o atraso nos pagamentos e termina na perda de produção”, afirmou.
O líder do Programa de Infraestrutura do Banco Mundial no Brasil, Paul Procee, também destacou esse ponto.
“O Brasil ainda está no berço do investimento tecnológico e precisa aumentar essa busca. Temos que criar mecanismos para linhas de financiamento e alinhar as políticas dentro da União”, destacou Procee.
Preocupado com a importância de investimentos em tecnologia, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criou o Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT).
“Para conectar o Brasil é necessário priorizar investimentos em tecnologia e a conectividade do agronegócio, utilizando fundos setoriais, ampliando a cobertura rural”, declarou o diretor da Telebrasil, Sergio Kern.
Somente no agronegócio, a expectativa do MCTIC é que a IoT gere um impacto de 21 bilhões de dólares.
Meio ambiente – Outro desafio do setor é a utilização dos recursos naturais, mas conceitos como a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF) aparecem como alternativa eficiente.
“É importante a busca dessa integração, sendo que a floresta ainda é um setor pouco difundido. Ela traz benefícios como a melhora do solo pela diversificação, minimiza o uso de agroquímicos, além de aumentar o valor agregado dos produtos”, explicou a coordenadora de sustentabilidade da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG), Juliana Monti. Atualmente, a ILPF ocupa 11,5 milhões de hectares em todo Brasil, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apresentados no painel de agrofloresta pelo pesquisador Erich Schaitza.
Também é preciso conciliar a demanda pelo crescimento na produção de alimentos com as áreas de preservação ambiental, que correspondem a mais de 60% do território nacional. Para comparação, essa faixa equivale aos 28 países que compõem a União Europeia.
“Alguns estados do Norte brasileiro como Amapá, Roraima e Acre têm dificuldade em conseguir estabelecer uma cultura do agronegócio, devido a essas demarcações”, avaliou o Chefe da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, que, junto do ex-Ministro da Agricultura e Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, compôs o painel de meio ambiente.
O painel também contou com a participação do José Marcos Brito, professor do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). O especialista defendeu que as soluções tecnológicas atuais limitam a conectividade no campo.
“Novas tecnologias são necessárias para atender os cenários brasileiros”, ressaltou.
Brito destacou a utilização do 5G como oportunidade para atender ao desafio constante de aumentar a produtividade e manter a competitividade. O painel teve a mediação de Mariana Balan, uma das coordenadoras da Furukawa Electric.
Essa preocupação com o futuro do setor norteou os debates durante os dois dias de evento, promovendo a conexão entre diversos elos da cadeia produtiva, encontrando soluções para os desafios.
“Conseguimos reunir mais de 600 pessoas de 17 países acompanharam os 14 painéis temáticos, com 45 palestrantes. O agronegócio é parte vital da economia brasileira e cada vez mais todos os setores estão voltando sua visão para ele”, analisou o coordenador do Fórum, Giovani Ferreira.