quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agroecologia

Dicas de como começar a fazer plantio direto

Os produtores que querem iniciar com o plantio direto devem pensar primeiramente na rotação de culturas a ser utilizada na área. Ou seja, devem pensar e se planejar na diversificação de espécies a serem introduzidas nos sistemas e na formação de palhada.

Plantas que produzem grandes volumes de biomassa são as mais utilizadas, como por exemplo as braquiária e milheto. Assim, as chamadas plantas de cobertura possibilitam a ciclagem dos nutrientes e quando morrem, a sua liberação na superfície do solo se dá por meio da decomposição da palhada.

A obtenção da palhada sobre o solo também pode ser pelo consórcio de plantas. Muitos produtores estão optando pelo plantio do milho nas culturas de verão, seja safra ou safrinha, consorciado com braquiária. Esse consórcio tem se tornado um investimento de baixo custo para a melhoria da fertilidade solo.

Em áreas manejadas com plantio direto pelo consórcio milho-braquiária já há relatos de maior resiliência à estresses. Isso também possibilita uma segunda ou até terceira safra, quando os produtores colocam o gado nas áreas, o que acabou sendo chamado de “safrinha de boi”.

Benefícios do Plantio Direto

Manutenção da temperatura do solo numa faixa ideal para as plantas;

Diminuição da perda de água por evaporação;

Reduz o impacto da gota da chuva na superfície do solo, reduzindo com isso as perdas de água e solo por erosão;

Aumento da atividade microbiana, e animal como um todo, do solo;

Melhora na estrutura do solo;

Redução das infestações de plantas daninhas.

Esses fatores auxiliam nos ganhos em produtividade das culturas, desde que bem realizados e manejados. A temperatura ideal auxilia a emergência das sementes e contribuem para formação de um dossel mais homogêneo.

A diminuição das perdas de água por evaporação propicia aos produtores uma maior estabilidade de produção ao longo do tempo, especialmente em anos de seca, uma vez que mais água fica retida na palhada e na matéria orgânica do solo nesse sistema.

Com menores erosões nas áreas, água e nutrientes são mantidos no solo e auxiliam em melhores desenvolvimentos das culturas. A rotação das culturas e construção de palhada no solo é o principal fator para que ocorra o algum incremento da matéria orgânica do solo.

Porém, é importante que aqueles que desejam praticar o plantio direto tenha em mente que isto é um trabalho a longo prazo, sendo necessário cerca de vários anos para que se consiga pequenos aumentos nos teores de matéria orgânica nos solos.

Resultados de pesquisas de mais de 30 anos da Embrapa Soja mostram que a cada 1kg de C orgânico acumulado no solo corresponde ao aumento de 1 kg por hectare na produtividade da soja. E para isso, o mesmo estudo apontou a necessidade de 12 anos de manejo no sistema de plantio direto.

Áreas sem palhada ou cobertura vegetal, auxiliam a lixiviação dos nutrientes e perdas nas camadas mais profundas. Isso, além de prejudicar o desenvolvimento das culturas, pode acabar poluindo os rios e cursos d’água com fenômenos como a eutrofização.

No entanto, para que todos esses benefícios sejam aproveitados, especialmente a melhora na fertilidade do solo, o SPD tem que ser bem feito e com planejamento.

Plantio direto e planejamento agrícola

Os produtores que desejam começar o plantio direto em suas áreas devem planejar bem todas suas fases.

O planejamento agrícola é essencial para o sucesso de todo o ciclo do plantio direto, desde a instalação da cultura principal até as culturas de cobertura.

A decisão sobre a rotação de cultura pode deve ser feita com base no levantamento da área e no conhecimento das espécies da rotação.

Se você tiver problemas com nematóides, com certas espécies de plantas daninhas ou até algumas doenças, algumas espécies de cultura de cobertura podem ajudar.

Assim, faça uma escolha consciente de quais são as melhores espécies de cobertura, e a possibilidade de se fazer também o consórcio milho-braquiária.

Para isso ainda é necessário orçar os custos dessas práticas, contando com o benefício depois, mas sempre tendo em mente o capital que você tem disponível para a safra.

As máquinas utilizadas nesse sistema também possuem certas peculiaridades e é necessário certo nível de treinamento para realização das operações.

Recomendo fortemente que você anote em caderno, planilha ou software agrícola tudo o que será necessário para começar esse sistema, especialmente o orçamento.

Durante e após a safra também anote seus resultados, inclusive por talhão, e assim você saberá exatamente quais foram seus ganhos, seus gastos totais e como foram em relação àqueles orçados.

 

 

FONTE: 

Engenheiro Agrônomo e Licenciado em Ciências Agrárias pela ESALQ/USP em Piracicaba-SP. Atualmente estou cursando Mestrado do programa Engenharia de Sistemas Agrícolas, tema “Agricultura de Precisão” na mesma Instituição.

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