quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agroecologia

Biodinâmica: de olho na lua para tornar o solo mais rico

A agricultura biodinâmica pode aumentar a produtividade sem uso de agrotóxicos e técnicas nada convencionais

Consultar calendário lunar e forças cósmicas são algumas variáveis da agricultura biodinâmica, que exigem a abertura do agricultor a técnicas agrícolas diferentes das tradicionais. Tudo isso com um único objetivo: enriquecer o solo e aumentar a produtividade sem o uso de insumos químicos.

A agricultura biodinâmica é orgânica, como a que se conhece sem uso de pesticidas, fungicidas e fertilizantes químicos. Porém, o conceito vai além, abrangendo o movimento da lua e das estrelas, aplicando tratamentos considerados preventivos no solo.

Para isso, os agricultores biodinâmicos estimulam o surgimento de um ecossistema adequado, usando insetos, micro-organismos, ervas daninhas e minhocas.

O Programa de Agroecologia do Iapar tem reforçado as diversas linhas da agricultura orgânica, inclusive a biodinâmica, por meio de cursos, palestras e pesquisas.

Recentemente, foi realizado no Centro de Difusão de Tecnologia, o segundo módulo do curso de agricultura biodinâmica, ministrado pelo professor João Carlos Ávila, da Associação de Biodinâmica de Botucatu.

A ideia, segundo o pesquisador e coordenador do programa de Agroecologia do Iapar, Luiz Antonio Odenáh Penha, é difundir e ofertar este conhecimento ao produtor de uma agricultura, que não faz uso de agrotóxicos, herbicidas, pesticidas entre outros produtos químicos.

“A grande vantagem é o produtor não ter contato com agrotóxico, o que tem motivado muitas pessoas a deixar a agricultura convencional e aderir à orgânica”, enfatiza o pesquisador.

Outra vantagem é que produtos orgânicos têm possibilidade de gerar um bônus no valor entre 10% a 30%, às vezes até maior, por serem mais saudáveis e produzidos em pequena escala.

Na visão do pesquisador, produzir orgânicos é ter uma nova perspectiva de trabalhar com a agricultura. “Desenvolve muito a ideia de integração com a natureza e isso gera valores e satisfação pessoal muito grande”, explica.

Para o coordenador do Polo Regional do Iapar, em Curitiba, pesquisador da área de proteção de plantas, Nilceu Ricetti Xavier de Nazareno, que participou do curso, o Iapar quebra paradigmas ao trazer o tema biodinâmica para a comunidade.

“É um grande desafio para o pesquisador convencional começar a entender este tipo de linha de trabalho e desenvolver na sequência alguma forma de fazer avaliação e obter resultados”, disse.

A dificuldade maior para uma instituição de pesquisa, como o Iapar e as congêneres, é poder fazer a comparação do que é utilizado nos tratamentos usados na biodinâmica em experimentos convencionais. “Por isso, é difícil quebrar este vínculo do sistema cartesiano de pesquisa, convencional, comparativo, com testemunhas, em algo que é holístico”, compara.

Ricetti considera a agricultura biodinâmica mais complexa, que outras orgânicas, por integrar variáveis difíceis de analisar, por exemplo, o calendário lunar e as forças cósmicas.

“Este é o grande desafio. O conceito de biodinâmica exige muita abertura de mente para imaginar que os preparados biodinâmicos colocados num composto farão a diferença se eles não estiverem lá”.

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Ambiente equilibrado

O produtor Egon Bertolaccini, da Fazenda Terra Nova, em São Jerônimo da Serra, optou pela linha biodinâmica na sua propriedade e já possui o selo Demeter em produtos como o café, feijão preto e feijão carioca, farinha de milho branca e milho de pipoca.

Os preparados biodinâmicos são feitos a partir de substâncias minerais, vegetais e animais aplicados no solo, planta e composto, baseados numa perspectiva energética em conformidade com a disposição dos planetas. Podem ser divididos em dois grupos: os que são pulverizados no solo e nas plantas, e os que são inoculados em composto ou outras formas de adubos orgânicos como biofertilizantes e chorumes.

Os preparados são enterrados num local úmido da propriedade no início do outono e começo da primavera e retirado após seis meses.

Há 15 anos, praticando a agricultura biodinâmica, Egon Bertolaccini, afirma que teve erros e acertos.

“O início custou mais caro, mas hoje temos mais informações disponíveis para direcionar a propriedade, tomando todos os cuidados para a produção não diminuir”, enfatiza.

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Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
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Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

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