Em contexto mundial que prevê que até 2050 o Brasil terá potencial para ser o maior produtor de alimentos do mundo, Fabrício Hertz, CEO da Horus Aeronaves, afirma que para aumentar a produtividade, a agricultura brasileira terá que investir, cada vez mais, em novas tecnologias, entre as quais os drones.
“Por meio de uma série de informações, o drone auxilia o produtor na otimização de questões nutricionais, pontos de proliferação de pragas e irrigação, que contribuem diretamente com a economia de insumos e melhoria na produtividade”, destaca Hertz. Ele participou do 1º Conexão Agro Tech – “Uso de drones no desenvolvimento da agricultura”, que aconteceu na última quarta-feira (26), no auditório principal do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), reunindo mais de 100 pessoas. Participaram do evento produtores, pesquisadores, agrônomos, técnicos, consultores e estudantes.
Logo após a palestra, houve um voo demonstrativo numa área de plantio do Iapar, conduzido pelo engenheiro mecânico, Danilo Ribeiro, coordenador técnico da Horus. Com base nas imagens coletadas pelo drone, os participantes receberão um relatório com os resultados do mapeamento.
O evento foi realizado pelo portal Conexão Agro com patrocínio do Sistema FAEP/SENAR/Sindicato Rural e Sicredi – instituição de crédito. Apoio Acil, Sebrae, Sindicato Rural Patronal de Londrina, Cocamar, Roberto Custódio Fotografia e Idealiza Gráfica e Editora.
Na palestra, Hertz falou sobre as principais aplicações do drone na agricultura, como a identificação de falhas de plantio, pragas, deficiências; integração com maquinários automatizados e resultados, como maior assertividade, economia de insumos e aumento de lucros.
“A tecnologia é mais utilizada pelo grande produtor, devido aos investimentos. No entanto, atualmente, pequenas propriedades já estão sendo beneficiadas com a prestação de serviços ou ainda por meio de cooperativas, que conseguem utilizar e facilitar o acesso à inovação”, salienta.
Drone na soja
Ele citou o exemplo do uso na cultura de soja, mostrando aos participantes um mapa de identificação em que ervas daninhas aparecem como pontos vermelhos, a partir das imagens registradas pelo drone. “Com base nessas informações podemos programar uma pulverização somente onde estão as ervas daninhas. Qual o benefício para o bolso do produtor? Considerando uma área de 1 mil hectare de soja a economia média por aplicação é de 50%. Em alguns casos chega a 70%”, exemplifica.
Fabrício Hertz acrescenta que, hoje, a aplicação de algumas categorias de herbicidas chega a custar R$ 150 por hectare. O que daria R$ 150 mil por aplicação. “Se a gente economizar 50%, o produtor gastaria R$ 75 mil por aplicação. O dado mais importante é o ganho. Um estudo da Embrapa diz que o produtor, ao fazer o manejo correto de buva e amargosa, consegue um aumento de 10 sacas por hectare. Se trabalharmos com o preço da soja a R$ 80, chegamos a um ganho de R$ 800 mil”, ressalta.
Participantes
A apresentação de uma hora e meia, para uma plateia atenta e interessada, lotou o auditório do Iapar que tem capacidade para 125 pessoas. Entre o público estava a estudante de agronomia, Maria Hizabel Fernandes. “Não tinha opinião formada sobre esta tecnologia, mas a palestra foi esclarecedora. Além disso, foi possível ver de fato o manejo dos drones e suas formas de aplicação”, conta.
Para o produtor Sérgio Amano, a palestra foi interessante e reforçou o interesse de usar a tecnologia de alguma forma em sua propriedade. “Foi muito interessante. Eu já tinha conhecimento sobre a ferramenta, mas o evento foi fundamental para descobrir novas possibilidades além de trocar conhecimento com outros produtores”, afirma.
O palestrante agradeceu o convite e se disse impressionado, positivamente, ao ver um público variado e interessado no assunto. “Fiquei muito feliz, pois nós despertamos o interesse de estudantes, que estão se capacitando, e também do agricultor e pesquisadores, que têm interesse na tecnologia e nos benefícios que ela proporciona. É gratificante ver este cenário de integração. O evento está de parabéns”, conclui.
A Horus Aeronaves tem sede em Florianópolis (SC) e filial em Piracicaba (SP). Com apenas quatro anos de existência, a empresa é considerada umas das cinco maiores startups do Brasil. Formado em engenharia mecânica, Hertz dedica seus estudos à tecnologia de drones – veículo aéreo não tripulado – e aplicação na agricultura.
