Um dos maiores moinhos de aveia da América Latina completa 30 anos. Fundada no Norte do Paraná, em 1988, a SL Alimentos é reconhecida no mercado, como produtora e fornecedora de ingredientes e produtos finais para a indústria alimentícia baseada em cereais de inverno.
Ao longo de três décadas, a empresa tem investido em desenvolvimento de novos produtos, aumento da capacidade de produção, abertura de mercado internacional e geração de energia, com responsabilidade ambiental e autossuficiência.
Instalado em Mauá da Serra, o moinho contribuiu para que a região se tornasse a maior produtora de aveia do País.
São 300 funcionários, processando cerca de 45 mil toneladas de cereais ano. A empresa produz as marcas próprias de aveia da Nestlé, Yoki (General Mills), Quaker, Nutrimental, Frohlich, entre outras.
O destaque é a fabricação de aveia sob a forma de flocos, flocos finos, farinha integral, aveia tostada e oat bran (farelo com maior concentração de fibra solúvel). A SL também trabalha com outras matérias-primas, como cevada, centeio, arroz e trigo.
O empresário Luiz Meneghel Neto, fundador presidente da SL Alimentos, ressalta que, para conquistar o mercado como a maior processadora de aveia brasileiro, enfrentou muitos desafios.
Inicialmente, o objetivo era criar uma alternativa aos produtores para a cultura de trigo, em função de doenças que atingiam as lavouras da região.
O trabalho inicial foi focado na alimentação animal. Alguns anos depois, a empresa se voltou para a alimentação humana, atividade que ganhou força após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhecer a aveia como alimento funcional, em 2000, aprovando petição da SL baseada em diversos trabalhos científicos.
“Quando montamos o moinho, nosso objetivo era ir para o varejo, mas aí conhecemos a dura realidade de que este é um processo complexo e demanda um volume de outros produtos na área de alimentação para reduzir os custos de logística. Ficamos dois anos vendendo para supermercados e isso não deu certo. Mudamos a concepção e passamos a atuar no B2B, começando a fornecer matéria-prima para grandes empresas que estão no mercado”, conta Meneghel Neto. A decisão, tomada para aproveitar o maquinário de envase adquirido para produção própria, ampliou os negócios.
“Hoje somos a maior empresa processadora de aveia do país”, observa o presidente da SL.
O diretor industrial da SL, Thomaz Setti, acrescenta que, independente da dificuldade que se tem para entrar no varejo, um ponto positivo foi o foco na qualidade, não só em produtos, mas também em processos, e esse foco foi transferido para o B2B.
A SL cresceu ano a ano, acompanhando o ritmo de crescimento do segmento de alimentos funcionais, entre 7 e 8%. Nos últimos três anos, no entanto, a indústria vem registrando uma evolução bastante significativa, de acordo com Meneghel Neto, em torno de 18% ao ano em volume de produtos processados.
Desde o início, a SL firmou parcerias com os agricultores da região de Mauá da Serra para garantir seu abastecimento de matérias primas.
Com o tempo, as parcerias foram estendidas a outras regiões do país, numa estratégia de prevenção de risco climático. Além de Mauá da Serra, a SL recebe cereais de outras regiões do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e tem, na sua base de relacionamento, cerca de 150 produtores. Deste total, cerca de 70% estão no Paraná.
Pesquisas
A empresa pesquisa e desenvolve as variedades de sementes que atendam ao mercado em que atua e as comercializa aos agricultores. Também oferece assistência técnica e se compromete a comprar toda a produção do agricultor.
“Desta forma, garantimos a qualidade e quantidade da matéria-prima que precisamos”, informa Meneghel.
A SL também trabalha em parceria com institutos de pesquisa e universidades como o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), a Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, a Universidade de Passo Fundo e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Comissão Brasileira de Aveia, visando ao melhoramento genético das sementes de aveia.
“O IAPAR é hoje um dos polos mais importantes do Brasil no desenvolvimento genético de aveia, razão pela qual a SL tem parceria formal com o instituto”, observa Setti.
Segundo o diretor, essas parcerias foram fundamentais para o desenvolvimento de sementes apropriadas para cultivo no Paraná. Antes da instalação da SL Alimentos no Norte do Paraná, a produção estava concentrada no Rio Grande do Sul.
“Nós precisávamos de aveia de ciclo mais curto. Oferecemos royalties aos tradicionais pesquisadores do Rio Grande do Sul para desenvolver variedades para o Paraná, ao mesmo tempo em que estimulávamos a pesquisa e desenvolvimento genético no Estado, junto com o IAPAR. Com o passar dos anos, o Paraná, dadas as condições climáticas melhores, se transformou no maior produtor de aveia do Brasil”, contextualiza Setti.
Investimentos em orgânicos
Com o objetivo de atender o mercado consumidor de alimentos mais saudáveis, a SL investe, há alguns anos, na produção orgânica.
Há seis anos, a empresa começou a comprar aveia orgânica a um custo 70% maior do que pagava pela aveia comum. Nos primeiros anos, vendia o orgânico como aveia comum, até formar, junto com produtores, lavouras com produção suficiente para atender parte da demanda.
Meneghel Neto conta que há um ano começou a haver produto suficiente e a empresa, que tem aprovação para produzir orgânico, já consegue moer 1 mil toneladas ano do produto.
A SL está investindo numa linha específica para a industrialização de orgânicos, que entrará em operação no próximo ano, quando a empresa passará a processar 7 mil toneladas de aveia orgânica por ano.
“Temos que estar sempre pensando à frente e atentos ao que o consumidor está buscando. Ele quer um produto simples, de fácil consumo e o mais natural possível, características que a aveia tem”, comenta Meneghel Neto.
Mercado internacional
Além de focar no mercado nacional, a SL também está abrindo novos mercados no exterior. A empresa já iniciou exportações para Japão, África do Sul, Quênia, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru, Cuba, entre outros; e novas prospecções vêm sendo feitas.
A empresa tem potencial para conquistar novos mercados, principalmente, por conta das certificações conquistadas.
Thomaz Setti conta que entre essas certificações estão a ISO 22000, referente à gestão de segurança em alimentos, e a FSSC 22000, a mais alta classificação de segurança de alimentos que contempla também a biossegurança, além de certificação em responsabilidade e sustentabilidade social pelo Sistema Sedex Smeta, baseado na Inglaterra, que se referencia ao comércio ético.
“Com os clientes de primeira linha é preciso estar 100% conforme. E nós estamos”, comenta Setti.