sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Agronegócio

Uma das maiores processadoras de cereais da América Latina completa 30 anos

Um dos maiores moinhos de aveia da América Latina completa 30 anos. Fundada no Norte do Paraná, em 1988, a SL Alimentos é reconhecida no mercado, como produtora e fornecedora de ingredientes e produtos finais para a indústria alimentícia baseada em cereais de inverno.

Ao longo de três décadas, a empresa tem investido em desenvolvimento de novos produtos, aumento da capacidade de produção, abertura de mercado internacional e geração de energia, com responsabilidade ambiental e autossuficiência.
Instalado em Mauá da Serra, o moinho contribuiu para que a região se tornasse a maior produtora de aveia do País.

São 300 funcionários, processando cerca de 45 mil toneladas de cereais ano. A empresa produz as marcas próprias de aveia da Nestlé, Yoki (General Mills), Quaker, Nutrimental, Frohlich, entre outras.

O destaque é a fabricação de aveia sob a forma de flocos, flocos finos, farinha integral, aveia tostada e oat bran (farelo com maior concentração de fibra solúvel). A SL também trabalha com outras matérias-primas, como cevada, centeio, arroz e trigo.

O empresário Luiz Meneghel Neto, fundador presidente da SL Alimentos, ressalta que, para conquistar o mercado como a maior processadora de aveia brasileiro, enfrentou muitos desafios.
Inicialmente, o objetivo era criar uma alternativa aos produtores para a cultura de trigo, em função de doenças que atingiam as lavouras da região.

 

O trabalho inicial foi focado na alimentação animal. Alguns anos depois, a empresa se voltou para a alimentação humana, atividade que ganhou força após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhecer a aveia como alimento funcional, em 2000, aprovando petição da SL baseada em diversos trabalhos científicos.

 

“Quando montamos o moinho, nosso objetivo era ir para o varejo, mas aí conhecemos a dura realidade de que este é um processo complexo e demanda um volume de outros produtos na área de alimentação para reduzir os custos de logística. Ficamos dois anos vendendo para supermercados e isso não deu certo. Mudamos a concepção e passamos a atuar no B2B, começando a fornecer matéria-prima para grandes empresas que estão no mercado”, conta Meneghel Neto. A decisão, tomada para aproveitar o maquinário de envase adquirido para produção própria, ampliou os negócios.

 

“Hoje somos a maior empresa processadora de aveia do país”, observa o presidente da SL.

O diretor industrial da SL, Thomaz Setti, acrescenta que, independente da dificuldade que se tem para entrar no varejo, um ponto positivo foi o foco na qualidade, não só em produtos, mas também em processos, e esse foco foi transferido para o B2B.

A SL cresceu ano a ano, acompanhando o ritmo de crescimento do segmento de alimentos funcionais, entre 7 e 8%. Nos últimos três anos, no entanto, a indústria vem registrando uma evolução bastante significativa, de acordo com Meneghel Neto, em torno de 18% ao ano em volume de produtos processados.

Desde o início, a SL firmou parcerias com os agricultores da região de Mauá da Serra para garantir seu abastecimento de matérias primas.

Com o tempo, as parcerias foram estendidas a outras regiões do país, numa estratégia de prevenção de risco climático. Além de Mauá da Serra, a SL recebe cereais de outras regiões do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e tem, na sua base de relacionamento, cerca de 150 produtores. Deste total, cerca de 70% estão no Paraná.

 

Pesquisas

 
A empresa pesquisa e desenvolve as variedades de sementes que atendam ao mercado em que atua e as comercializa aos agricultores. Também oferece assistência técnica e se compromete a comprar toda a produção do agricultor.

“Desta forma, garantimos a qualidade e quantidade da matéria-prima que precisamos”, informa Meneghel.

A SL também trabalha em parceria com institutos de pesquisa e universidades como o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), a Universidade Federal do Rio Grande Do Sul, a Universidade de Passo Fundo e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Comissão Brasileira de Aveia, visando ao melhoramento genético das sementes de aveia.

“O IAPAR é hoje um dos polos mais importantes do Brasil no desenvolvimento genético de aveia, razão pela qual a SL tem parceria formal com o instituto”, observa Setti.

Segundo o diretor, essas parcerias foram fundamentais para o desenvolvimento de sementes apropriadas para cultivo no Paraná.  Antes da instalação da SL Alimentos no Norte do Paraná, a produção estava concentrada no Rio Grande do Sul.

“Nós precisávamos de aveia de ciclo mais curto. Oferecemos royalties aos tradicionais pesquisadores do Rio Grande do Sul para desenvolver variedades para o Paraná, ao mesmo tempo em que estimulávamos a pesquisa e desenvolvimento genético no Estado, junto com o IAPAR. Com o passar dos anos, o Paraná, dadas as condições climáticas melhores, se transformou no maior produtor de aveia do Brasil”, contextualiza Setti.

Investimentos em orgânicos

 

Com o objetivo de atender o mercado consumidor de alimentos mais saudáveis, a SL investe, há alguns anos, na produção orgânica.
Há seis anos, a empresa começou a comprar aveia orgânica a um custo 70% maior do que pagava pela aveia comum. Nos primeiros anos, vendia o orgânico como aveia comum, até formar, junto com produtores, lavouras com produção suficiente para atender parte da demanda.
Meneghel Neto conta que há um ano começou a haver produto suficiente e a empresa, que tem aprovação para produzir orgânico, já consegue moer 1 mil toneladas ano do produto.
A SL está investindo numa linha específica para a industrialização de orgânicos, que entrará em operação no próximo ano, quando a empresa passará a processar 7 mil toneladas de aveia orgânica por ano.
“Temos que estar sempre pensando à frente e atentos ao que o consumidor está buscando. Ele quer um produto simples, de fácil consumo e o mais natural possível, características que a aveia tem”, comenta Meneghel Neto.

Mercado internacional

Além de focar no mercado nacional, a SL também está abrindo novos mercados no exterior. A empresa já iniciou exportações para Japão, África do Sul, Quênia, Chile, Paraguai, Uruguai, Peru, Cuba, entre outros; e novas prospecções vêm sendo feitas.
A empresa tem potencial para conquistar novos mercados, principalmente, por conta das certificações conquistadas.

Thomaz Setti conta que entre essas certificações estão a ISO 22000, referente à gestão de segurança em alimentos, e a FSSC 22000, a mais alta classificação de segurança de alimentos que contempla também a biossegurança, além de certificação em responsabilidade e sustentabilidade social pelo Sistema Sedex Smeta, baseado na Inglaterra, que se referencia ao comércio ético.

“Com os clientes de primeira linha é preciso estar 100% conforme. E nós estamos”, comenta Setti.

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