quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Café

Inteligência Artificial pode substituir degustação de café

Inteligência artificial (IA) vai agilizar e melhorar o processo de certificação do café. A nova tecnologia emprega técnicas de computação para analisar e classificar, automaticamente e, em minutos, a qualidade do produto. A análise é realizada sem a necessidade de preparação da bebida ao examinar imagens do pó. Hoje, a avaliação mais confiável é a análise sensorial através da degustação.

 

A tecnologia batizada de CoffeeClass será apresentada na Semana Internacional do Café, que acontece a partir de amanhã (7) até sexta-feira, no centro de feiras Expominas, em Belo Horizonte (MG). Durante o evento, a Embrapa Instrumentação assinará contrato de cooperação técnica com a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), visando melhorias na funcionalidade e desempenho do sistema. A assinatura ocorrerá na quinta-feira (8).

 

A inovação foi desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP) e utiliza visão computacional e IA para aferir a qualidade global diretamente no café torrado e moído.

 

O desenvolvimento e a aplicação do sistema podem contribuir para execução de políticas públicas e normas criadas para o setor, além de aproximar o consumidor de sistemas de certificação de qualidade. O café movimenta uma das principais cadeias do agronegócio brasileiro, que gera uma receita de cerca de US$ 5 bilhões anuais para o País.

 

A solução tecnológica interpreta padrões em imagens ampliadas do café torrado e moído e correlaciona-os com sua qualidade global identificada na bebida. Para isso, emprega técnicas de imagens de reflectância e fluorescência, que usam luzes diferenciadas sob a amostra do café torrado e moído para evidenciar compostos ligados à qualidade do produto.

A IA embarcada no sistema aprende a “olhar” a amostra, extrair padrões e predizer a classe de qualidade global do café em análise.
Por enquanto, a ferramenta inteligente é um protótipo, mas já nasce com elevado potencial para provocar inovação na cadeia de valor do café. Acredita-se que, no futuro, o sistema poderá ser utilizado por produtores no próprio campo e até por consumidores nos supermercados.

 

Computação inteligente para entender o café

 

A pesquisa com o CoffeeClass teve início em 2013 e foi desenvolvida pelo analista da Embrapa Ednaldo José Ferreira. O trabalho foi realizado no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, criado em 1997 e que envolve cerca de 50 instituições de ensino, pesquisa e extensão rural, sob a coordenação da Embrapa Café. Ferreira conta que a pesquisa surgiu a partir de uma carência da cadeia que demandava uma ferramenta automatizada para a análise do cafezinho.

 

A proposta era gerar uma ferramenta automatizada para auxiliar o trabalho de provadores de café – especialistas em análise sensorial – e, assim, consolidar uma tecnologia especificamente voltada à certificação baseada na Qualidade Global (QG) do Programa de Qualidade do Café (PQC) da ABIC. A prova de conceito e o protótipo foram inicialmente pautados na classificação desse programa, mas, de acordo com Ferreira, a tecnologia pode ser adaptada a outros indicadores de qualidade do café.

 

Doutor em Ciência da Computação e Matemática Computacional, Ferreira explica que foram testadas diversas ferramentas antes de se chegar ao CoffeeClass.

 

“O foco da pesquisa sempre foi gerar um aparato simples e de baixo custo, que pudesse ser operado sem dificuldades, com comandos mínimos, por todos os atores da cadeia do café, na própria fazenda, antes de sair do campo, nos laboratórios, cooperativas, torrefadoras, supermercados, cafeterias, entre outros”, diz.

 

Fortalecimento do setor

Para Karla Barros, barista de 24 anos que fez do hobby uma profissão, a nova tecnologia traz uma excelente oportunidade de empoderamento para o setor cafeeiro. “Acho que é uma ferramenta para ser usada até pelos agricultores para melhorar a produção no campo”, diz a especialista em café.

Engenheira civil, graduada no final de 2017 pela Universidade de São Paulo (USP), a barista se diz feliz com a nova profissão, iniciada há um ano, em um café bistrô em São Carlos (SP), após a realização de cursos em laboratórios de café, em São Paulo, capital.

“Somos capacitados teórica e tecnicamente para ser barista, que é um profissional especializado em preparar café de alta qualidade. Então, é bom saber que existe uma tecnologia capaz de analisar a qualidade da bebida que preparamos, das mais simples às mais elaboradas, de forma segura e rápida”, comenta.

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