sábado, 21 de setembro de 2024

Agronegócio

UEL realiza exames para detecção de vírus que afeta tilápia

peixe tilápia

O Laboratório de Bacteriologia em Peixes (LABBEP) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), do Centro de Ciências Agrárias (CCA), é um dos poucos do País com capacidade para realizar exames de detecção do vírus da Tilápia Lacustre (TiLV), que pode causar mortalidade massiva em peixes jovens (até 90%) e que colocou a cadeia produtiva brasileira em alerta.  

Conforme informações da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o TiLV surgiu em 2009 em Israel e já foi notificado no Equador, Colômbia e Peru, este ano. O Brasil está entre os quatro maiores produtores de tilápia do mundo, sendo que o Paraná é o primeiro produtor brasileiro, com registro de 112 mil toneladas do produto no ano passado.  

A tilápia é o peixe mais importante cultivado no Brasil. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura, a espécie representa 51,7% da produção nacional, segundo o Anuário 2018 da Associação Brasileira da Piscicultura. De acordo com coordenador do LABBEP, professor Ulisses de Pádua Pereira, do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, o vírus ainda não foi detectado no Brasil, mas o alerta da cadeia se justifica porque é comum a importação de exemplares para programas de melhoramento genético da tilápia, o que torna a entrada do TiLV no País um risco iminente. 

Alerta  

De acordo com o professor, a recomendação para os produtores é manter a atenção a qualquer mortalidade de peixes nas propriedades. Neste caso, o ideal é procurar ajuda de um especialista, se possível enviando material para análise laboratorial. Os exames de TilV começaram a ser realizados na UEL há cerca de cinco meses, por meio de parceria do LABBEP com o Laboratório de Virologia Animal, também do CCA. Além da UEL, o exame é realizado no Laboratório de Referência do Governo Federal, o Aquacen, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. 

“Necessitamos isolar o vírus e isto demanda estrutura maior, novos equipamentos e reagentes”, afirma o professor Ulisses Pereira, coordenador do LABBEP

Segundo o professor, cada teste custa R$ 120,00 no LABBEP da UEL. Este ano foram realizados exames de exemplares de criadores das regiões Sul e Sudeste, enviados por empresas. Nenhuma das amostras testadas detectou o TiLV nos animais, sugerindo mais uma vez que a doença ainda não chegou no Brasil. De acordo com o pesquisador, a doença pode provocar a mortalidade de até 90% em peixes jovens, reduzindo de acordo com a idade. “Estamos falando de um vírus específico para a tilápia e parentes mais próximos, não há registros em outras espécies como por exemplo na carpa”, afirmou o professor.  

O pesquisador chama a atenção para a possibilidade de a UEL ampliar estudos sobre o vírus, buscando um diagnóstico mais preciso, incluindo estrutura adequada para se realizar o isolamento viral, o que auxiliaria muito nos avanços de pesquisas com possibilidade de desenvolvimento de uma vacina contra a doença. “Necessitamos isolar o vírus e isto demanda estrutura maior, novos equipamentos e reagentes”, afirmou ele, acrescentando que a estratégia seria ter um laboratório de ponta bem próximo ao setor produtivo, focado em soluções pioneiras na área de prevenção de diagnóstico de doenças de peixes, já que o Paraná é o maior produtor de tilápia.  

Plano de contenção 

Na semana passada, técnicos do Escritório Federal da Aquicultura e da Pesca, órgão vinculado à Presidência da República, e da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) se reuniram, em Curitiba, com o Secretário de Desenvolvimento Urbano e chefe da Casa Civil, Sílvio Barros, para debater a possibilidade do governo estabelecer plano de contingência para evitar a doença. O TiLV não apresenta ameaças à saúde pública, mas a doença pode dizimar as populações de tilápia.  

Segundo o engenheiro do Escritório Federal da Aquicultura, Alex Ricardo Borges, existe preocupação com os impactos da doença nos criatórios de peixes, que poderão causar sérios prejuízos não só aos produtores, mas também a pequenos municípios do Oeste e Norte do Paraná, onde estão localizados grande parte dos criatórios. “Os especialistas afirmam que a chegada da doença é questão de tempo”, afirma o engenheiro.  

Ele informa que o plano que poderá ser adotado busca fortalecer a informação sobre o vírus TiLV, ao mesmo tempo que estabelece medidas de proteção, como por exemplo, barrando a entrada de tilápias vivas de outros países. Ainda segundo o representante do Escritório Federal da Aquicultura, a UEL por meio do LABBEP poderá ajudar no diagnóstico de casos, embora o laboratório oficial seja o Aquacen, de Minas Gerais. (As informações são da Universidade Estadual de Londrina)

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Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
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