quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agroecologia

Riqueza e diversidade em 1 hectare de terra

A área pode ser considerada pequena, apenas 1 hectare, mas é suficiente para que o agricultor Eduardo Carriça faça parte de um movimento que está contribuindo para uma mudança no mercado e no comportamento do consumidor que busca por uma vida saudável. Na fazenda Terra Planta, entre Arapongas e Sabáudia, ele desenvolve a agricultura sintrópica – sistema que junta, na mesma área, a produção de hortaliças, frutas e madeira.

Referência regional na produção orgânica de hortaliças, verduras, frutas e ervas, a Terra Planta conta com pelo menos 60 espécies de árvores nativas e 40 tipos de pés de frutas. Anualmente trabalham com 50 a 60 espécies de hortaliças, como legumes e raízes, e 45 tipos de ervas medicinais aromáticas em um total de cerca de 150 espécies de plantas em 1 hectare.

“A diversidade de flora atrai a diversidade de fauna, e isso equilibra os ataques de pragas, proporcionando uma variedade de produtos muito grande com uma qualidade muito boa”, explica Eduardo.

Formado em Design, ele toca a propriedade com a ajuda da mulher, a bióloga Gabriela Scolari, e três funcionários. Herança da família da esposa, a área já passou pelo plantio de café, gado, soja e hoje está na transição da soja para a agrofloresta.

PRODUÇÃO – A Terra Planta começou a produzir orgânicos (com selo) em 2014. De lá para cá, participaram de feiras orgânicas de Londrina, como a Casa da Vila, Feira de Orgânicos da Construtora Vectra, que apoia e ajuda nessa empreitada de divulgar produtos orgânicos na cidade, entre outras que funcionam no município.

Atualmente, Eduardo Carriça fornece a produção para empresas de móveis de Arapongas, que servem refeições para cerca de 1.300 funcionários. Semanalmente, buscam na Terra Planta entre 1000 e 2000 hortaliças a preços mais baixo do que as hortaliças convencionais comercializadas nos mercados.

Eduardo é responsável pelo manejo e planejamento na Terra Planta. Dois funcionários se encarregam do plantio e colheita. Outra funcionária ajuda a embalar e higienizar os produtos.

POLÍTICAS PÚBLICAS – Para Eduardo, o orgânico precisa de políticas públicas. “No sistema agroflorestal você já consegue produzir bem mais com menos funcionários, por conta do auxílio de algumas tecnologias da agrofloresta. Porém, certas tecnologias são limitadas por falta de investimento nesse sistema e falta de políticas públicas e apoio governamental”, comenta, acrescentando que o preço do orgânico no supermercado é mais elevado pelo “jogo de marketing”.

“O produtor quando vendeu esse produto ao fornecedor, vendeu a um custo justo, mas quando o produto vai ser comercializado no mercado o preço dobra por conta do interesse capitalista. Há uma aceitação das pessoas também, de que o produto orgânico pode ser vendido mais caro por conta do apelo de ser saudável”.

Formado em design, Eduardo criou as embalagens e logo da empresa. O produtor também é que gerencia as redes sociais e o site Terra Planta.

CURSOS – Este ano, a Terra Planta desenvolveu seis cursos de alimentação saudável, agrofloresta e bioconstrução. Segundo Eduardo, buscaram os melhores professores que têm no país, como o Juã Pereira que é especialista em horta e fruta, o Namastê Messerschmidt, que viaja o mundo para adquirir conhecimento, e Nat Muguet, que é especialista em ervas aromáticas.

Trazer grandes profissionais para ministrar os cursos, diz Eduardo, já é uma forma de incentivar o público e garantir um trabalho com credibilidade. A Terra Planta também faz eventos de colheita e cozinha. Um exemplo foi a colheita de morangos ocorrida na Primavera por um grupo de 60 pessoas, inclusive pais com os seus filhos. “Eles colheram toda a salada que foi feita no almoço e morangos que foram utilizados para fazer uma torta com as crianças”, conta.

VIDA SAUDÁVEL – O agricultor afirma que buscar uma vida saudável é um processo irreversível, por isso, a importância de incentivar as crianças, criando o hábito de comer saudável e de estar em contato com o meio sustentável desde cedo.

Com esse objetivo, Eduardo e Gabriela, que têm dois filhos, criaram um projeto chamado SAFE – Sistemas Agroflorestais nas Escolas -, que semeia esta ideia nas escolas. “A ideia é ensinar agricultura para as crianças e a importância do alimento nas nossas vidas. Hoje em dia, trabalhar com sustentabilidade e meio ambiente é difícil. O que motiva a gente é a vida, o solo é um sistema vivo e é a coisa mais importante que tem na terra. O solo é o elemento que faz o planeta viver, respirar e nos permite estar em cima dele também.  A gente está indo por um caminho em que a ganância e o ego do ser humano são tão grandes que podem acabar com tudo, inclusive com a possibilidade de continuarmos vivos”, afirma.

Eduardo Carriça proferiu palestra durante a 10ª. Semana de Comunicação e Marketing da Unopar e o 6º. Workjor, que teve como tema este ano “Comunicação, Agricultura e Meio Ambiente”, ocorrida entre 29 de outubro a 1 de novembro. O evento foi organizado pela professora do curso de jornalismo Liberaci Pascuetto Perin.

Assista ao vídeo produzido pelo jornalista, fotógrafo e produtor de vídeo Luciano Schmeiske Pascoal, da Vertigo Filmes, e o cineasta Yan Sorgi.

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Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
11/09/2024

Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

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