A grande questão na comercialização de grãos, tanto no ato da compra como na venda, é saber exatamente o que está sendo comprado ou vendido. Quanto mais puros são os grãos, maior é o valor do lote, mas nem sempre o produtor tem conhecimento técnico para saber se os descontos e o preço pago é devidamente o correto.
Para auxiliar produtores a compreender o processo de classificação de grãos, o Sindicato Rural Patronal de Londrina (SRPL) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR) ofereceram recentemente o curso de Classificação de Grãos para trigo, soja milho e feijão, com o objetivo de levar aos participantes informações sobre a metodologia utilizada pelos compradores de grãos.
Com esse aprendizado, eles terão o conhecimento técnico para acompanhar os procedimentos de descontos e poderão saber se o preço pago é devidamente correto. O curso é dirigido ao produtor rural, trabalhadores, técnicos, agrônomos, funcionários das empresas.
A classificação ajuda a verificar a quantidade de impurezas – umidade, grãos imperfeitos e ardidos. “A classificação mostra tudo que o produtor fez de certo e errado durante a safra. Nosso curso é para identificar quais os problemas ocorreram e como ele pode corrigir nas próximas safras, além de ter as informações necessárias para comercializar”, diz a instrutora Fátima Marcondes, durante o curso para trigo realizado na sede do SRPL.
Segundo ela, o curso tem aulas teóricas e práticas e segue rigorosamente a legislação e as normativas editadas para cada grão. Nas aulas práticas os participantes aprendem a fazer uma classificação mais apurada e aí o produto é enquadrado numa tabela editada pelo Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SEAB).
Especialista em feijão e soja, o professor do Curso de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Mauro Barbosa, fez o curso de classificação de trigo para reciclar seus conhecimentos e saber sobre as novas normativas. “Logo que o produtor entrega o grão na cooperativa, a primeira coisa a se fazer é a classificação. Conforme esta classificação, o grão tem maior valor ou não. Uma das primeiras classificações é verificar a umidade, porque quanto mais úmido, mais descontos o produtor vai ter. Sem contar que terá mais custo para secar este material”, diz o professor.
Para o produtor José Segundo Bosque, que tem uma propriedade em Cambé, o treinamento traz conhecimento e informações sobre sua produção. “Com o curso tenho informações de como estou produzindo, se meu custo de produção está compatível, se minha rentabilidade está sendo boa e conhecer, principalmente, as características da minha produção na hora de entregar este produto no armazém”, argumenta.
O produtor de cereais Wesley Pozenato Lunardoni participou de todas as etapas do curso de grãos – soja, milho, trigo e feijão. Na propriedade dele, em Rolândia, a prioridade é o cultivo de milho e de soja. Já o trigo ele só plantou para cobertura. “Estou buscando conhecimento para entender melhor como classificar minha safra. Entendendo melhor, a gente pode argumentar na hora de comercializar o produto. Também podemos corrigir possíveis falhas com base nas próximas safras, conforme essas informações.
Para o presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinati, o curso de Classificação de Grãos tem capacitado vários produtores, trabalhadores e técnicos ao longo do ano. Segundo ele, o desconhecimento das características ou padrões de classificação de grãos traz prejuízos não só para o produtor, mas para quem compra também. “É preciso conhecimento técnico para saber se o preço pago está correto para que nenhuma das partes saia no prejuízo”, disse.
Fonte: Revista do Sindicato Rural Patronal de Londrina