O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, sai na defensiva e diz que sauditas querem produzir a carne de frango que consomem. Por sua vez, na terça-feira (22), nota do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) omitiu a decisão da Arábia Saudita de suspender cinco frigoríficos brasileiros. Na quarta-feira (23), a ministra da pasta, Tereza Cristina, anunciou a representantes do setor de proteína animal, que criará a Câmara Setorial de Carnes. A informação foi divulgada pelo Twitter do ministério.
A decisão de barrar cinco frigoríficos exportadores brasileiros de carne de frango pode ser uma barreira econômica levantada devido às intenções do governo federal de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, em Israel.
Nota da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), divulgada terça-feira, confirmou 58 plantas habilitadas pelo Mapa para exportar e que 30 vendem, efetivamente, para os sauditas, que mantiveram a habilitação de 25, barrando cinco frigoríficos. Já a nota do Mapa mencionou apenas que 25 frigoríficos foram habilitados sem informar os cinco barrados.
O grupo habilitado respondeu, no ano passado, por 63% do volume das exportações brasileiras de carne de frango, porcentagem que correspondeu a 437 mil toneladas, para a Arábia Saudita.
Conhecido por declarações polêmicas, Hamilton Mourão, presidente em exercício, enquanto Jair Bolsonaro participa do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), disse que a decisão da Arábia Saudita de barrar a compra de carne de frango de cinco empresas brasileiras pode ter sido motivada pela intenção de incentivar a produção interna do produto.
Segundo o general, não há relação entre a suspensão e os estudos para a transferência da Embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que desagrada a comunidade muçulmana.
“Não tem nada a ver com questão de embaixada. Até porque, qual foi a declaração do nosso representante na ONU? Que existe um Estado de Israel e um Estado Palestino, conforme reconhecemos desde 1947, então nada mudou”, afirmou Mourão.
O presidente em exercício lembrou que, há cerca de três meses, um grupo de especialistas sauditas visitou o Brasil para verificar as empresas produtoras de carne de frango.
“Em outubro do ano passado, o pessoal da Arábia Saudita esteve no Brasil fazendo uma verificação, não só nos nossos frigoríficos como também nas granjas, nas indústrias de grãos. Eles tinham uma ideia de cortar as importações do Brasil para 400 mil toneladas. Nós estamos exportando em torno de 600 mil toneladas”, disse.
Na tarde desta quarta-feira, depois de reunião com representantes do setor, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina anunciou pelo Twitter, que criará a Câmara Setorial de Carnes postagem no Twitter do ministério.
