A cerimônia nacional de abertura do plantio da safra de soja 2024/2025 está programada para o próximo dia 11 de outubro, no Maranhão. O vazio sanitário terminou em setembro e diversos estados já poderiam ter iniciado a semeadura, mas, pelo ano atípico, muitos ainda não puderam em função da estiagem. Nesse contexto, pesquisadores e técnicos orientam que os produtores iniciem o cultivo com as janelas de semeadura mais amplas, observando-se o melhor período de plantio da cultura, seguindo os três pilares que minimizam o risco de perdas, ou seja: o ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), as tecnologias de produção e genética.
No Norte do Paraná, a semeadura de soja é permitida a contar de primeiro de setembro, porém a maioria dos agricultores instala suas lavouras a partir do 2º decêndio de outubro, ou seja, a partir do dia 11 (padrão cultural). Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, José Salvador S. Foloni é o período em que se observa o maior potencial produtivo na região. Já a partir de 20 de novembro, não é tão aconselhável semear, pois a cultura fica sujeita, no final do ciclo, a maior incidência de pragas e doenças. Independente disto, o pesquisador alerta que para semear é preciso esperar as chuvas acumularem um montante suficiente para fazer reserva hídrica no solo. Deve-se observar os dados climáticos, para não correr demasiado risco de perda.
A observância de dados climáticos, com a elaboração de mapas, com consultoria meteorológica é também incentivada pelo head de agronegócio da plataforma Climatempo, Caio Souza, que esteve recentemente em um evento em Londrina (PR). “Quanto mais informado o produtor estiver menos riscos vai correr com a safra. Hoje, não se pode mais “apostar” no tempo. A meteorologia evoluiu muito, tem base científica, passa a ser um investimento e é um apoio aos riscos climáticos”, reforça.
O agricultor anseia em antecipar a semeadura da soja para não ter prejuízos com o milho 2ª safra (safrinha), mas esta antecipação, segundo Foloni, pode diminuir a produtividade devido a fatores climáticos, prejudicando a principal cultura e de maior retorno econômico da propriedade, sendo que haverá tempo suficiente, se houver um bom planejamento, para o cultivo do milho safrinha.
O pré-plantio precisa de água
O pesquisador, José Salvador S. Foloni explica, que Pesquisadores e técnicos orientam plantio da soja em meio a estiagem. “Ações mecanizadas do pré-plantio, como a aplicação de herbicidas para a dessecação química acabam não tendo um controle eficiente. As aplicações de corretivos, como calcário, necessitam de chuva para reagirem com o solo e serem efetivas na melhoria das características químicas do solo”.
O pesquisador complementa, que a umidade relativa do ar baixa, pode comprometer o manejo de plantas daninhas (escape) na pré-semeadura, visto que os produtos utilizados dependem de certos fatores para que funcionem plenamente tanto na planta (abertura dos estômatos), quanto a qualidade da deposição das gotículas pulverizadas.
“A seca vai dificultando os processos agronômicos. É preciso aguardar o retorno das chuvas. Se plantar corre-se altíssimos riscos. É muito importante o produtor ter assistência técnica de profissionais que dominem a região. Eles vão recomendar tecnologias diferentes, indicando os produtos fitossanitários, com a melhor performance possível nas condições da realidade do produtor, validando a pesquisa a campo”, orienta Foloni.
Os cuidados com o plantio
O vazio sanitário da soja no Paraná terminou no dia 31 de agosto, mas segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, em função da seca, o plantio da soja ainda é tímido. Para a safra 2024/25 a estimativa é de 5,8 milhões de hectares plantados para colheita de 22,3 milhões de toneladas.
A coordenadora de Tecnologia e Nutrição da Belagricola, Letícia Ferreira comenta que um bom planejamento de safra com boas práticas de manejo e tratos culturais devem ser observados, com a finalidade de melhores resultados no enfrentamento às adversidades climáticas, que passam por cuidados com o solo, semeadura, adubação, questões nutricionais, entre outros.
Para o plantio, na fase da semeadura deve-se observar a umidade do solo, já que sementes de soja necessitam absorver aproximadamente 50% de água em relação à sua massa seca para iniciar o processo de germinação. O tratamento de sementes é outro fator a ser observado e sempre que possível optar pelo tratamento industrial.
“Com o extenso período de pousio, ocasionado pela antecipação da colheita do milho, muitas áreas foram infestadas com plantas daninhas, que devem ser controladas previamente à semeadura da soja para evitar matocompetição inicial”, orienta Letícia Ferreira.
A coordenadora reforça também, que é necessário estar atento à regulagem da semeadora e à velocidade da operação de semeadura, que não deve ultrapassar 6 km/h. A uniformidade no plantio, com a correta distribuição das sementes (espaçamento) e do fertilizante, evitam plantas duplas e falhas e garantem o bom contato da semente com o solo.
Outro fator é o acompanhamento da emergência das plântulas, sempre observando a necessidade de se controlar as pragas e doenças durante o desenvolvimento da cultura.