A 7ª edição do Prêmio Mulheres do Agro, promovido pela Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), reuniu 10 mulheres — nove produtoras rurais e uma pesquisadora - por suas atuações baseadas em práticas ESG (ambiental, social e governança), dentro e fora da porteira. A premiação, consolidada como uma das principais plataformas de reconhecimento da liderança feminina no setor, ocorreu durante o Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que começou nesta quarta-feira e encerra hoje no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Além do crescimento de 26,5% no número de pequenas propriedades inscritas em relação a 2023, o Prêmio também contou com o engajamento e inscrição de produtoras rurais de todas as regiões do país e de todas as faixas etárias, com candidatas de 19 até os 67 anos, totalizando cerca de 200 propriedades inscritas – entre pequenas, médias e grandes.
A premiação expressa a representatividade feminina no setor do agronegócio. “Esse prêmio é fundamental para dar visibilidade e ampliar o protagonismo das mulheres, que se destacam cada vez mais no agronegócio”, afirmou a Coordenadora de Governança e Processos Comerciais da Bayer, Niellen Santos.
Ela cita dados do IBGE de 2017, que indicam que apenas 20% das propriedades rurais eram lideradas por mulheres, um número que, embora crescente, ainda evidencia a necessidade de mais inclusão. “Este ano, recebemos inscrições de mulheres representando diversas gerações e unidades de produção de todas as regiões do país”, acrescenta Niellen. “O aumento no número de pequenas e médias produtoras concorrendo ao prêmio demonstra o espaço que essas mulheres estão conquistando, além da urgência de dar voz a elas”.
Essa iniciativa ressalta como a diversidade e o papel feminino são fundamentais para o agronegócio, impulsionando a sustentabilidade e a inovação no setor. Para a Bayer, diversidade, equidade e inclusão são valores inegociáveis, essenciais para construir um futuro mais justo e sustentável. “Temos hoje diversos programas internos focados nesse tema, incluindo a ambição de ter 50% de liderança feminina até 2030 a nível global, e estamos avançando nessa pauta também no Brasil, onde cerca de 41% das unidades já são lideradas por mulheres”.
Daniela Barros, Diretora de Comunicação da Divisão Agrícola da Bayer no Brasil explica que os números vão ao encontro do compromisso da iniciativa. “O Prêmio Mulheres do Agro foi criado para promover um agronegócio mais inclusivo, destacando e incentivando as mulheres que fazem a diferença no setor, tanto nas propriedades quanto fora delas. Esses números demonstram que estamos no caminho certo”, reforça Daniela.
“Ao apoiar essas iniciativas, estamos promovendo um agronegócio que priorize a preservação ambiental, o desenvolvimento humano e a inovação — elementos fundamentais para o crescimento sustentável do setor e o bem-estar das futuras gerações”, destaca Daniela.
Conheça as 10 vencedoras do Prêmio Mulheres do Agronegócio
Os trabalhos desenvolvidos pelas premiadas comprovam que é possível unir produtividade com preservação ambiental. A diversidade de cultivos entre elas— que inclui mel, baunilha, café, além de grãos como soja, milho e trigo —, aliada à inovação e fundamentada nos princípios ESG, gera impactos significativos além da qualidade dos produtos. As ações promovidas por esses produtos destacam-se pela economia de recursos naturais e pela promoção da conscientização e do engajamento comunitário. Essas iniciativas não apenas fortalecem as comunidades locais, mas também são importantes para um agronegócio mais sustentável.
Gabi
Gabi Rodrigues, primeira colocada na categoria Pequena Propriedade, é um exemplo inspirador de inovação e sustentabilidade no cultivo do palmito pupunha. Há quase 20 anos, ela vem evoluindo a forma como esse alimento é cultivado, apreciado e consumido, promovendo uma agricultura que alia preservação ambiental, inovação gastronômica e turismo rural.
Na Fazenda Palmitolândia, em Iporanga (SP), Gabi desenvolve produtos exclusivos, como cerveja de palmito, biojóias e brigadeiro feito do vegetal, além de muitas outras criações. Além do reaproveitamento da planta, a propriedade se destaca pelo compromisso com práticas sustentáveis, utilizando energia fotovoltaica e reaproveitamento de água para segurança hídrica, e embalagens biodegradáveis, como papel kraft, bambu e pratos produzidos com folhas do próprio palmito pupunha.
"Investimos em uma produção integrada à natureza, desenvolvendo novas formas de consumir o palmito. Temos mais de mil receitas com palmito", destaca Gabi, acrescentando que é possível produzir o palmito de forma sustentável e ainda gerar renda, sem a necessidade de explorar o palmito juçara, mantendo-o em pé na floresta.
A Fazenda Palmitolândia tornou-se um exemplo de como práticas agrícolas sustentáveis podem resultar em produtos de alta qualidade e ao mesmo tempo contribuir para a conservação ambiental. Além dos produtos comercializados, o espaço também oferece atividades de turismo rural, como trilhas ecológicas e visitas guiadas, onde os visitantes podem aprender sobre o cultivo sustentável do palmito.
A iniciativa de Gabi também traz um impacto positivo para a região de Iporanga. Ela investe em ações comunitárias e educacionais, conscientizando a população local sobre a importância da adoção de práticas sustentáveis.
Luiza
Luiza Oliveira Macedo, primeira colocada na categoria Média Propriedade e coproprietária da Fazenda Tapera do Baú, localizada em Boa Esperança (MG);
Ela assumiu a liderança da fazenda familiar em 2019 e trabalha para implementar inovações e promover uma cafeicultura regenerativa em uma região de fortes tradições. A propriedade é especializada na produção de cafés fine cup — caracterizados por sua acidez balanceada, pureza sensorial na degustação, corpo médio, finalização suave e uniformidade — além de cafés especiais, combinando qualidade e rastreabilidade, exportando seus produtos para o mercado internacional.
Luiza destaca as práticas sustentáveis adotadas na Fazenda, incluindo o uso de culturas intercaladas, como a braquiária plantada entre as lavouras, e a recente introdução de leguminosas, como as crotalárias, para a formação de massa verde nos pés de café. “A remoção das plantas é feita de forma ecológica: cortamos e aplicamos essa biomassa sob os cafeeiros, promovendo a produção de matéria orgânica”, explica. "Essa prática é fundamental para o sequestro de carbono, pois ajuda a reter água no solo e reduz a evaporação, contribuindo para a sustentabilidade”.
Vanessa
Focando na agricultura regenerativa, a primeira colocada na categoria Grande Propriedade, está na terceira geração famíliar. Vanessa Bomm — gestora e sócia proprietária da Fazenda Mareva, localizada em Terra Roxa (PR) — dedica-se a dar continuidade ao legado familiar iniciado há mais de 70 anos.
Sua jornada na produção de grãos como soja, milho e trigo tem sido marcada pela adoção de práticas sustentáveis. Vanessa implementou uma intensificação do uso de plantas e mix de cobertura no plantio direto e na rotação de culturas como aveia, sorgo, nabo, crotalaria, além de utilizar cultivos de cobertura em 100% da área da fazenda no último ano. Ela também é embaixadora do PRO Carbono, um projeto que busca intensificar a adoção de práticas regenerativas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e regenerar o solo. “É possível ter um solo produtivo mais resiliente, a gente consegue com as plantas de cobertura a ter mais raízes, aumentar matéria orgânica, a descompactação do solo, armazenamento de água e, consequentemente, maior sequestro de carbono. Com isso a gente devolve mais oxigênio, mais vida para o ecossistema”.
Intensificando o manejo em um talhão, onde é realizado o projeto pró- carbono, há quatro anos, Vanessa conta que constatou melhoria no solo e em todo o ecossistema. Tivemos aumento de produtividade em torno de 20% mesmo em condições climáticas adversas
Vanessa também está comprometida com o desenvolvimento humano e social, promovendo ações sociais externas à comunidade local, como apoio a eventos religiosos e suporte a atividades esportivas.
Vanessa implementou uma intensificação do uso de plantas e mix de cobertura no sistema de plantio direto e na rotação de culturas, utilizando espécies como aveia, sorgo, nabo e crotalária. Nos últimos anos, ela garantiu uma cobertura vegetal em 100% da área da fazenda, adotando práticas que beneficiam o solo e o ecossistema. Além disso, Vanessa é embaixadora do PRO Carbono, um projeto que visa intensificar a adoção de práticas regenerativas na agricultura para reduzir emissões de gases de efeito estufa
Há quatro anos, em uma área específica da fazenda onde é realizado o projeto PRO Carbono, a intensificação do manejo tem mostrado resultados positivos, com melhorias no solo e no ecossistema como um todo. “Mesmo em condições climáticas adversas, a produtividade aumentou cerca de 20%, evidenciando a eficácia da prática”, disse.
Vanessa também demonstra um forte compromisso com o desenvolvimento humano e social, promovendo ações que vão além dos limites da fazenda. Ela apoia a comunidade local, patrocinando eventos religiosos e oferecendo suporte a atividades esportivas.
O CEO da Bayer, Márcio Santos, lembra que o setor era monogenérico, com raríssimas exceções. Hoje um terço das propriedades rurais brasileiras tem tomada de decisão feminina, muitas vezes é compartilhada, mas o importante é que quase 20% das propriedades brasileiras são lideradas por mulheres. “Isso é um avanço significativo e propicia um campo mais produtivo, com outros olhares, outras prioridades, além de toda uma discussão sobre sustentabilidade, cuidados com o solo, com a natureza e práticas socioambientais, que são os critérios desse prêmio”, comenta. “Há 7 anos, quando começamos a falar desse prêmio, era curioso, mas hoje a gente vê mais de 3 mil mulheres aqui, um negócio que está consolidado, porque a mulher vem assumindo esse papel que é dela”.
Pesquisa explora sistemas agroflorestais com café
A ganhadora da categoria “Ciência e Pesquisa”, que bateu recorde de votações neste ano com mais de 13 mil votos, foi a professora Danielle Pereira Baliza, de Minas Gerais. A pesquisadora conquistou o primeiro lugar e um incentivo de R$ 15 mil, que será destinado a uma instituição vinculada à sua atuação profissional.
Com mais de 40 artigos científicos publicados e participação em mais de 10 livros, Danielle é uma pioneira no Brasil ao explorar "sistemas agroflorestais (SAFs) com café" em sua tese. "Trata-se de produzir café em consórcio com outras espécies, como árvores frutíferas, madeireiras e grãos. A ideia é trazer maior diversidade e melhorar o equilíbrio do ecossistema. Isso oferece múltiplas fontes de renda ao produtor, além de maior resiliência frente às mudanças climáticas e um solo mais saudável", explica Danielle.
Danielle acredita que a integração das mulheres nas atividades agrícolas e nas decisões estratégicas do agronegócio é fundamental para contribuições para a inovação e a sustentabilidade no setor. O projeto "Embaixadoras do Instituto Federal" oferece capacitações e formações práticas, abordando temas como manejo sustentável, sistemas agroflorestais e gestão de propriedades.
Vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro 2024:
Categoria - Pequena Propriedade:
1º lugar - Gabi Rodrigues, Iporanga (SP)
2º lugar - Paula Dias, Santa Rita do Sapucaí (MG)
3º lugar - Simone Sillotti, Mogi das Cruzes (SP)
Categoria - Média Propriedade:
1º lugar - Luíza Macedo, Boa Esperança (MG)
2º lugar - Maria Lucia Bessa, Rio Verde (GO)
3º lugar - Caroline Roza, Rio Brilhante (MS)
Categoria - Grande Propriedade:
1º Vanessa Bomm, Terra Roxa (PR)
2º Mariana Granelli, Charqueada (SP)
3º Lisiane Czech, Teixeira Soares (PR)
Categoria – Ciência e Pesquisa:
1º Danielle Pereira Baliza, Perdões (MG)
2º Paula Toshimi Matumoto Pintro, Maringá (PR)
3º Renata Helena Branco Arnandes, São José do Rio Preto (SP)
Para saber mais sobre todas as ganhadoras do Prêmio Mulheres do Agro acesse o site oficial.
Sobre a Bayer
A Bayer é uma empresa global com competências essenciais nas ciências da vida nos setores de agronegócios e saúde. Seus produtos e serviços são projetados para ajudar as pessoas e o planeta a prosperar, apoiando os esforços para superar os principais desafios apresentados por uma população global em crescimento e envelhecimento. A Bayer está comprometida em impulsionar o desenvolvimento sustentável e gerar um impacto positivo em seus negócios. Ao mesmo tempo, o Grupo pretende aumentar o seu poder de ganho e criar valor através da inovação e do crescimento. A marca Bayer representa confiança, confiabilidade e qualidade. O Brasil é a segunda maior operação da companhia no mundo.
Sobre a ABAG
A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) trabalha para o fortalecimento e o equilíbrio nas cadeias produtivas do agronegócio, com o objetivo de valorizar e disseminar o papel estratégico do setor para o desenvolvimento sustentável do Brasil e para a segurança alimentar e energética do planeta. Fundada em 1993, a entidade tem a certeza da vocação do Brasil para o agronegócio, por isso empenha seus esforços para contribuir para que o País alcance a liderança global na oferta de produtos agroindustriais, aliando preservação ambiental, desenvolvimento social, produtividade, rentabilidade e competitividade. A ABAG conta atualmente com 80 associados. Mais informações: www.abag.com.br.
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Embora seja um grande produtor de plantas ornamentais, o Brasil tem carência em pesquisa e melhoramento genético. Todas sementes de plantas ornamentais são importandas. Reportagem especial você acompanha no podcast “Conexão Agro”.