Amélio Dall’Agnol, pesquisador da Embrapa Soja
Parecem cada vez mais visíveis e reais as consequências do acúmulo de gases poluentes na atmosfera, responsáveis pelo aquecimento anormal do Planeta. Dentre os danos esperados pelo acúmulo de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, está a possibilidade de o aquecimento extra provocar o derretimento das geleiras polares e a consequente elevação do nível dos mares e inundação de áreas costeiras, incluindo grandes metrópoles localizadas na linha costeira, como Rio, Salvador ou Recife.
Outra preocupação com o acúmulo de GEE na atmosfera são as mudanças no regime de chuvas. A quantidade de chuvas no Planeta poderá, até, continuar sendo a mesma, mas sua distribuição será desuniforme – tanto no tempo, quanto no espaço. Poderá, por exemplo, chover exageradamente numa época do ano ou numa determinada região e pouco ou nada em outra época ou região.
O aumento da temperatura na superfície da terra, causada pelos GEE, poderá afetar a produtividade dos cultivos por acelerar o ciclo das plantas, inviabilizar a polinização e aumentar o consumo de água. Calor, aparentemente, mais do que a umidade, tem sido detectado como o principal fator de queda da produção agrícola, principalmente a temperatura noturna. Geralmente, os pedidos de seguro agrícola são debitados na conta de deficiências hídricas, mas poder-se-ia culpar o excesso de calor, que promoveu maior evapotranspiração, o que fez a água faltar.
Esforço global – Prevendo as consequências do aquecimento global, cientistas ao redor do mundo têm envidado esforços na busca pelo desenvolvimento de plantas tolerantes ao calor ou ao déficit hídrico, o que não tem sido tarefa fácil, pois essas qualidades nos cultivos, geralmente são controladas por muitos genes.
Possivelmente, mais fácil que alterar o comportamento das plantas a novos climas, seja evitar as mudanças climáticas causadas pela emissão exagerada dos GEE, particularmente o CO2 originado da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral). O dióxido de carbono, embora seja um dos gases menos poluentes, seu efeito é devastador pela quantidade emitida por essas fontes fósseis não renováveis.
Já está em curso uma conscientização de lideranças globais no sentido de alterar a matriz energética mundial para fontes renováveis como a hidroeletricidade, a energia fotovoltaica e a bioenergia proveniente da biomassa (etanol e biodiesel). O Brasil está bem nessa foto, pois cerca de 50% da energia que consome é renovável, contra apenas 12% do restante do Planeta.
Nem por isto estamos menos preocupados com o destino do nosso planeta e iniciativas visando aumentar o sequestro de carbono do conjunto da economia brasileira estão sendo tomadas pelo Brasil, particularmente no âmbito das atividades agrícolas, como incentivos ao aumento do sistema plantio direto, à integração lavoura/pecuária, a mais reflorestamentos, à recuperação de pastagens degradadas, maior uso da inoculação bacteriana em leguminosas, substituindo o nitrogênio mineral e tratamento de dejetos animais estão entre as boas práticas que contribuem para a diminuição dos efeitos do problema acima enfocado.
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