Indústria avança com mais de mil projetos limpos em desenvolvimento no mundo

O Acelerador de Transição Industrial (ITA) e a Mission Possible Partnership (MPP) acabam de anunciar que a indústria limpa está entrando em uma nova fase de impulso, com 1.001 projetos em escala comercial registrados em todas as etapas de desenvolvimento. Isso representa um forte crescimento em múltiplos setores e regiões, apesar dos contínuos desafios geopolíticos.
Novos dados publicados no Global Project Tracker da MPP, com apoio do ITA, revelam que 144 projetos em escala comercial no mundo todo já alcançaram a decisão final de investimento (FID). Desses, 82 estão operacionais e 62 já obtiveram financiamento, abrangendo os setores mais intensivos em energia: alumínio, cimento, produtos químicos, combustíveis para aviação, navegação e aço.
Uma oportunidade global aberta para ser aproveitada
Os dados do Global Project Tracker identificam plantas industriais limpas em desenvolvimento ou operação em 70 países, representando quase US$2 trilhões em potencial de investimento restante.
O chamado “novo cinturão solar industrial” uma região rica em recursos de energia renovável que abrange América Latina, Austrália, África e Ásia detém a maior fatia dessa oportunidade. A Índia agora abriga o terceiro maior pipeline de indústria limpa do mundo, com o Brasil logo atrás.
À medida que a indústria limpa continua a ganhar impulso, os próximos meses prometem ser ainda mais transformadores, com 70 projetos fora da China prontos para financiamento, representando um valor combinado de US$140 bilhões. Mais de um terço desses projetos está localizado em economias emergentes, do Brasil à Namíbia, onde a concretização dessa oportunidade pode desbloquear rapidamente benefícios significativos para o crescimento econômico sustentável, resiliência das cadeias de suprimento e criação de empregos.
Os dados do Global Project Tracker ilustram o enorme potencial de investimento para que a indústria limpa impulsione as economias, mas também destacam que esse potencial depende de políticas mais robustas do lado da demanda.
A ITA tem trabalhado com parceiros em toda a cadeia de valor para testar novas abordagens, apoiar desenvolvedores de projetos e melhorar as condições de investimento, ajudando mais iniciativas a avançarem rumo à decisão final de investimento (FID).
No Brasil, a Acelen Renováveis está aproveitando o potencial de áreas já desmatadas e degradadas para construir o primeiro projeto em larga escala “da semente ao combustível”, transformando a macaúba em combustível de aviação para mercados globais, ao mesmo tempo em que gera novas oportunidades para comunidades locais. Enquanto isso, a Hydro Alunorte, maior refinaria de alumina do mundo fora da China, está implementando uma estratégia multifásica de eletrificação e integração de biomassa, mantendo sua competitividade no mercado.
Na Índia, com um pipeline saudável de 47 projetos em desenvolvimento, os benefícios de segurança energética e resiliência a choques externos se somam às oportunidades de criação de empregos e atração de investimentos internos.
A China está na dianteira
A China está avançando rapidamente para conquistar uma vantagem estratégica antecipada, com 12 projetos alcançando a decisão final de investimento (FID) no último ano e 54 confirmados no total, superando qualquer outra região.
Essa velocidade é impulsionada por uma expansão sem precedentes em energia renovável e uma política industrial proativa. A maioria desses projetos está concentrada nos setores de metanol, amônia e aviação, para atender à demanda doméstica e internacional por combustíveis limpos. No entanto, os fornecimentos atuais atenderão apenas a uma pequena fração da demanda global necessária para o comércio e o transporte internacional.
No sudoeste da China, a primeira linha de produção da unidade de alumínio do China Hongqiao Group começou a operar em julho deste ano. Alimentada por 4 GW de energia solar, ela deve igualar a produção total de alumínio da América do Norte até 2026.
Enquanto isso, a primeira planta de amônia verde em escala comercial do mundo entrou em operação neste verão no Green Hydrogen Park da Envision Energy, em Chifeng, na China.
Neste ano, enquanto novos padrões nacionais em desenvolvimento na Ásia e no Reino Unido estão aumentando a demanda de mercado.
No setor marítimo, a Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu uma meta de 5% de adoção de combustíveis limpos até 2030, o que impulsionou uma onda de novos projetos de amônia e metanol, de Cingapura ao Brasil projetos que devem acelerar assim que a IMO finalizar seu marco para emissões líquidas zero.
O progresso nas indústrias de amônia e metanol é especialmente relevante, pois ambas devem reduzir o custo de produção de hidrogênio limpo. À medida que os preços caem, os fertilizantes limpos poderão em breve superar os convencionais “cinzentos”, uma mudança com grandes implicações para a segurança alimentar e energética em países dependentes de importações, como Índia e Brasil.
Esses mesmos investimentos também estão lançando as bases para uma economia global de hidrogênio limpo, que sustentará a competitividade industrial em todo o mundo. No entanto, embora as políticas existentes e esperadas estejam impulsionando a demanda por combustíveis, ela ainda é limitada em outros setores.
No cimento, a descarbonização profunda ainda é desafiadora, mas soluções acessíveis, como a argila calcinada, já estão reduzindo as emissões em até 70%, e a um custo menor do que as tecnologias tradicionais. Reduzir a dependência da importação de clínquer e diminuir os custos de construção fortalece a resiliência econômica, permitindo que mercados emergentes construam mais rápido e de forma mais limpa.
Empresas líderes baseadas na Europa e no Norte da África, como Ecocem, Vicat e CBI, relatam uma forte demanda da indústria da construção.
Faustine Delasalle, CEO da Mission Possible Partnership e Diretora Executiva da Industrial Transition Accelerator, declarou: “Levou quase uma década para chegarmos a este ponto. Com um número recorde de plantas operacionais e em construção em todos os setores, a indústria limpa já não é mais uma visão de futuro é uma oportunidade de crescimento que podemos acelerar hoje. Com base na liderança de muitas empresas em todo o mundo, governos e investidores têm uma oportunidade única de transformar os planos de hoje em plantas industriais, que juntas formarão a futura economia industrial limpa global. Aqueles que demonstram visão estratégica e compromisso inabalável com a transição industrial limpa estarão em posição de colher seus benefícios.”
A ação política determinará quem aproveitará essa oportunidade
As evidências são claras: há potencial de lucro na indústria limpa, mas o ritmo de financiamento depende de políticas mais robustas voltadas para o lado da demanda.

Governos que criaram sinais de demanda previsíveis para materiais, produtos químicos e combustíveis limpos desbloquearão a próxima onda de projetos e assegurarão seu futuro industrial.
O trabalho da Industrial Transition Accelerator (ITA) em políticas de demanda na Europa destaca essa oportunidade: ao criar mercados líderes para materiais e combustíveis limpos, a União Europeia poderia revitalizar suas indústrias em declínio e impulsionar seu pipeline de projetos, que representa mais de €100 bilhões em potencial de investimento. Tais medidas fortaleceriam a resiliência das cadeias de suprimento e a segurança energética, acrescentando apenas um aumento marginal ao custo dos bens de consumo muito inferior à inflação provocada pela volatilidade da produção intensiva em combustíveis fósseis.
ITA lidera a colaboração pela mudança
Lançada na COP28 em Dubai pela Presidência da COP28, Bloomberg Philanthropies e a United Nations Climate Change, a ITA foi criada para acelerar a descarbonização da indústria e do transporte de altas emissões, direcionando investimentos para projetos alinhados ao Acordo de Paris.
A iniciativa reúne parceiros de governos, indústria, finanças e sociedade civil para enfrentar desafios globais e trabalha diretamente com desenvolvedores de projetos no Brasil, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Egito e, conforme anunciado hoje, também na Índia.
Habilitar investimentos para o Build Clean Now
O Global Project Tracker mostra que a transformação da indústria limpa já está claramente em andamento, com um pipeline diversificado pronto para receber investimentos.
Por meio da campanha Build Clean Now ou Construir Limpo Agora, a Mission Possible Partnership (MPP), a ITA e seus parceiros estão trabalhando com governos, investidores e a indústria para identificar soluções que liberem os projetos industriais limpos mais avançados, acelerando o ritmo com que são financiados e construídos a cada ano promovendo prosperidade, resiliência e oportunidades em todas as regiões.
– FIM –
Para mais informações ou solicitações de entrevista, entre em contato:
● Clara Eldridge, Mission Possible Partnership (MPP)
Tel: +44 (0) 7931 500 313 / E-mail: [email protected]
● Max Boon, Greenhouse Communications
Tel: +44 (0) 7765 325 141 / E-mail: [email protected]
● Billy Holmes, Greenhouse Communications
Tel: +44 (0) 7827 589 014 / E-mail: [email protected]
Notas ao editor
● Clean industry: dawn of a new era – leia o relatório completo aqui
*Saiba mais sobre o Global Project Tracker aqui
Conheça o conjunto de ferramentas da ITA:
1. Manual de Políticas de Demanda Verde: preparado pela ITA em consulta com mais de 100 organizações, este manual tem como objetivo informar e apoiar a formulação de políticas nacionais. O Green Demand Policy Playbook apresenta uma série de medidas de política pública disponíveis aos governos para estimular a demanda por produtos de baixo e quase zero carbono.
2. Kit de Compras Verdes: a ITA, em parceria com o WBCSD (World Business Council for Sustainable Development), criou o Green Purchase Toolkit para apoiar empresas que desejam investir em produtos e serviços industriais verdes, oferecendo alternativas para enfrentar os desafios dos contratos de compra de longo prazo (offtake agreements).
O kit identifica quais aspectos específicos desses contratos têm impedido as partes interessadas de firmá-los e propõe mecanismos alternativos que abordam diretamente esses desafios.
3. Standards Map (Mapa de Padrões): publicado em parceria com o RMI (Rocky Mountain Institute), esta ferramenta mapeia o panorama dos produtos industriais de baixa emissão. O Standards Map tem como foco destacar o progresso rumo à criação de padrões abrangentes e adequados a cada tipo de produto.
Sobre o ITA: O ITA (do inglês, Industrial Transition Accelerator) é uma iniciativa global multissetorial, lançada na COP28, para catalisar a descarbonização nos setores da indústria e transporte com altas emissões, que representam um terço das emissões globais. Com redes abrangentes entre a indústria, instituições financeiras e governos, a ITA reúne líderes globais para desbloquear investimentos em escala, para a rápida implantação de soluções de descarbonização. Em três anos, pretende aumentar significativamente o pipeline de projetos industriais limpos em escala comercial para reduzir as emissões até 2030 e permitir a concretização da ambição alinhada ao Acordo de Paris para estes setores. https://ita.missionpossiblepartnership.org/
Sobre a Mission Possible Partnership (MPP): A Mission Possible Partnership (MPP) é uma organização independente e sem fins lucrativos dedicada a impulsionar a transformação global da indústria limpa. Desde 2019, a MPP trabalha com algumas das indústrias mais intensivas em energia, alumínio, cimento, produtos químicos, transporte marítimo, aviação e aço para reduzir suas emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). A MPP mobiliza líderes empresariais, financeiros, governamentais e da sociedade civil para acelerar a transição para materiais, produtos químicos e combustíveis limpos. Depois de mapear rotas setoriais para o zero líquido (net-zero), a MPP segue avançando, removendo barreiras e viabilizando um volume crítico de projetos industriais limpos em construção até 2030.
A Mission Possible Partnership conta com pessoas e parceiros atuando em campo na América do Norte, Brasil, Europa, Oriente Médio, Norte da África, Ásia e Austrália.
Sobre o Global Project Tracker: Lançado em abril de 2024, o Global Project Tracker mapeia o estado global da transformação industrial limpa, acompanhando a evolução rumo a uma massa crítica de plantas industriais limpas. O objetivo é impulsionar a produção de commodities limpas em volumes suficientes para permitir a expansão de seus mercados e a redução de custos. Com atualizações semestrais, o Tracker localiza geograficamente o pipeline de todas as plantas industriais limpas conhecidas em escala comercial, classificando-as conforme o estágio de implantação: anunciadas, em decisão final de investimento (FID) e em operação.
Sobre os dados: A equipe da ITA e da MPP trabalha continuamente para aprimorar sua metodologia e aplicou critérios mais rigorosos na seleção dos projetos industriais limpos considerados de produção quase zero carbono. Foram incluídas novas fontes de dados, portanto comparações diretas com atualizações anteriores não são possíveis. Embora todos os esforços tenham sido feitos para garantir a precisão e a integridade das informações, pequenas variações podem ocorrer em função da evolução constante dos dados e metodologias de medição em relação ao mercado chinês, é importante observar que podem existir certas limitações. A disponibilidade e a transparência das informações publicamente acessíveis na China podem variar significativamente entre os setores. Tomamos todas as medidas práticas para verificar e validar as informações incluídas no Rastreador Global de Projetos.
70 países onde plantas industriais limpas em escala comercial estão em operação, financiadas ou anunciadas incluem:
SOB EMBARGO ATÉ 00H01 BRT – 4 DE NOVEMBRO DE 2025
Argélia
Indonésia
Polônia
Angola
Irlanda
Portugal
Arge
Romênia
Austrália
Costa do Marfim
Rússia
Bélgica
Japão
Arábia Saudita
Bolívia
Jordânia
Cingapura
Brasil
Cazaquistão
África do Sul
Bulgária
Letônia
Coreia do Sul
Canadá
Lituânia
Espanha
Chile
Malásia
Suécia
China
Mauritânia
Tailândia
Colômbia
México
Trinidad e Tobago
Costa Rica
Marrocos
Turquia
Croácia
Moçambique
Uganda
Dinamarca
Namíbia
Emirados Árabes Unidos
Djibuti
Holanda
Reino Unido
Egito
Nova Zelândia
Estados Unidos
Estônia
Nigéria
Uruguai
Etiópia
Noruega
Uzbequistão
Finlândia
Omã
Vietnã
França
Paquistão
Alemanha
Panamá
Grécia
Paraguai
Islândia
Peru
Índia
Filipinas