Qual o custo Brasil para exportadores de commodities agrícolas? A pergunta lançada durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), na semana passada, em São Paulo, agora traz um fator a mais. Além dos componentes já conhecidos do custo Brasil – como infraestrutura precária, problema da regulação, carga tributária pesada, falta de investimento público e privado e dificuldade de acesso a crédito -, o que está chamando atenção é a inclusão de mais um item: o custo de imagem do Brasil, que está se deteriorando e atingindo níveis negativos alarmantes quando o assunto é meio ambiente e agronegócio.
A análise foi feita pelo mediador do CBA, jornalista Willian Waack, afirmando que o Brasil está com uma “imagem perigosamente” próxima, ao que pode vir a ser, o país vitima de boicotes e sanções. “Os dados da percepção em relação às politicas ambientais do atual governo no exterior são catastróficos em termos de imagem”, afirmou Waack diante de uma plateia seleta, formada por cerca de mil pessoas de setores do mundo das finanças e do agronegócio.
O evento contou com a participação de Jingtao Chin, presidente da Cofco Internacional, principal importadora chinesa de produtos agrícolas brasileiro, que ministrou palestra em Mandarin, traduzida simultaneamente ao público. Por diversas vezes, Chin repetiu que os chineses acreditam em sustentabilidade, ou seja, a ideia deles é que a economia tem que ser verde.
“A imagem da capacidade do Brasil de ser o grande produtor de alimentos do mundo, sem prejudicar o meio ambiente, chegou à Ásia. Não é um problema que a gente possa considerar de ativistas em países afluentes da Europa e Estados Unidos, estamos falando do principal mercado comprador de nossos produtos”, afirmou Waack, acrescentando que, quando os chineses insistem que a dualidade produção agrícola sustentável e proteção do meio ambiente jamais pode ser rompida, eles estão falando a nosso favor, complementou o mediador.
“É preciso chamar a atenção para a seriedade deste momento e para necessidade de se estabelecerem estratégias eficazes. Há uma importante discussão que o Poder Público tem que ser capaz de levar com a sociedade brasileira e, se temos bons argumentos e exemplos, eles têm que aparecer”, declarou Waack.
ABAG – Esta entre outras questões pertinentes ao agronegócio foram tratadas de forma clara e transparente no Congresso Brasileiro do Agronegócio, que teve como tema este ano “Momento Decisivo”, com promoção da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e Brasil, Bolsa, Balcão (B3).
“Abordamos pontos que nunca haviam sido atacados de forma clara e explícita como a questão do desmatamento ilegal, dos agroquímicos, dos subsídios nos financiamento, dos mecanismos financeiros, dos pilares do agronegócio no futuro, desta revolução de consumo que vem ocorrendo no mundo”, afirmou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcelo Brito. “Há muito tempo não víamos um congresso do agronegócio tão transparente, debatendo pontos importantes de forma tão exposta”, complementou.
Na opinião de Marcelo Brito, são necessárias ações efetivas do agronegócio neste momento. “O que vamos começar agora não são propagandas, mas as ações de produção sustentável, de diminuição no desmatamento e melhorias nas questões socioambientais. É isto que vai mudar esta percepção em relação ao meio ambiente”, afirmou.
A jornalista viajou a São Paulo à convite da Abag e B3