quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agroecologia

3º Conexão Agro traz a Londrina Ernst Götsch, o criador da agricultura sintrópica

Ernst Götsch é o convidado do 3º Conexão Agro – Agricultura Sintrópica, que acontece de 28 a 30 de novembro, em Londrina e Sabáudia (PR). É a primeira vez, que o criador da agricultura sintrópica vem à região para curso e palestra. Considerado uma personalidade internacional na defesa da produção agrícola sustentável, Götsch falará para um público de participantes de todas as regiões do País.
São produtores rurais, engenheiros agrônomos, pesquisadores, estudantes, entre outros, interessados em conhecer a técnica desenvolvida pelo pesquisador e agricultor suíço para plantio de culturas em pequena e larga escalas. A Realização é do Conexão Agro.
Além de Ernst, o evento traz os estudos e panoramas do extensionista do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Felipe de Freitas, e a experiência do agricultor Eduardo Carriça com o sistema agroflorestal.

A programação do 3º Conexão Agro começa com a palestra “Agricultura Sintrópica e Sistema Agroflorestal para produção em larga escala” dia 28, às 14 horas, no Recinto Milton Alcover, no Parque Governador Ney Braga, em Londrina.
Nos dias 29 e 30, Götsch ministra o curso teórico e prático “Agricultura Sintrópica e Sistema Agroflorestal” , na da Terra Planta Orgânicos – Fazenda Santa Rosa, em Sabáudia/PR. As inscrições para a palestra e o curso estão encerradas.
O curso de imersão nos princípios desenvolvidos por Götsch tem a participação de alunos do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, além de várias cidades paranaenses.
Apoio: Terra Planta Orgânicos – Fazenda Santa Rosa, Movimento de Agroflorestores de Inclusão Sintrópica (MAIS), Sistema FAEP/Senar, Sindicato Rural Patronal de Londrina, Sociedade Rural do Paraná, Emagritec Sul, Domene, Maxorgan, Rádio UEL.

A agrofloresta paranaense na prática

As apostas, dificuldades e principais experiências da agricultura sintrópica serão apresentadas no evento por Felipe de Freitas, extensionista da Emater. O consultor técnico aponta como exemplo de experiência, a Cooperafloresta.

O panorama da região não era favorável para agricultura, antes da instauração do modelo. “A área atravessa parte do Paraná e o sul de São Paulo. A região tinha um baixo IDH, problemas com floresta derrubada, montanhas e desertificação.”, disse.
Duas famílias de origem quilombola tiveram o contato com o sistema, após um curso ministrado por Ernst Götsch, em 1996, na Barra do Turvo. Em 1998, 30 famílias começaram a praticar agrofloresta região. A Cooperafloresta se oficializou em maio de 2003. Hoje, o projeto Cooperafloresta abrange 75 famílias – entre quilombolas, caiçaras e indígenas –organizadas em 20 grupos pelo território. “A agricultura sintrópica caiu como uma luva na região, por trazer a restauração de sistemas naturais atrelada a produção de alimentos. As famílias tinham uma renda média anual de dois salários mínimos. Com a inserção da agroflorestal, a renda monetária saltou para 14 salários mínimos. São 750 hectares, com 250 hectares de sistema de agrofloresta intensivo e 500 hectares extensivos.”, relata o extensionista.
O Movimento Sem Terra (MST) também se destaca na produção sintrópica paranaense. Entre os projetos, Felipe de Freitas destaca dois da área metropolitana de Curitiba: “No município da Lapa, no Assentamento do Contestado, atua a Escola Latino-Americana de Agrotecnologia. A instituição ensina técnicos com uma formação diferenciada. O local proporciona que muitas famílias trabalhem na agricultura sintrópica. Em Guaraqueçaba, um acampamento do MST ganhou alguns prêmios com projeto agroflorestal que alia produção de alimentos com proteção e preservação da Mata Atlântica.”, afirma.
A agricultura sintrópica apresenta grande potencial, além dos benefícios da preservação e viabilidade. O estímulo governamental pode ser o gás que o sistema necessita para se popularizar e garantir mais compradores. “Para o mercado interno, o produto oriundo da agroflorestal tem apenas a certificação de produção orgânica. Não existe a certificação específica para produtos agroflorestais. Produtos orgânicos têm um mercado garantido, até mesmo pelo Governo do Paraná. Com o incentivo governamental, acredito que as agroflorestas também aumentem, por também produzir um alimento sem o uso de insumos não permitidos, com a preservação e automanutenção do ambiente.”, relata Felipe de Freitas.
Os compradores estrangeiros também seguem normas e se alinham a produtores orgânicos. A certificação para a agricultura sintrópica se apresentaria como uma atrativa nova possibilidade de mercado. Segundo o extensionista, a regulação seria um diferencial. “O mercado externo costuma seguir as normas dos Estados Unidos e da União Europeia. Para orgânicos, o que diferencia as normas nacionais das internacionais é a regulação de insumos. A agrofloresta não traz a necessidade dessas práticas, ou seja, se enquadra na certificação para orgânicos no Brasil e no exterior. A certificação específica para produtos da agricultura sintrópica traria um grande ganho na exportação de produtos. O próprio potencial de avanço do sistema agroflorestal depende da certificação.”, diz.
Um dos objetivos do 3° Conexão Agro,  é a popularização e o estudo da agricultura sintrópica são necessários. As contrariedades que a instauração do modelo enfrenta passam pelo o vácuo de medidas do poder público e mão de obra especializada. “A principal limitação para o avanço da agroflorestal é a falta de políticas públicas. Além disso, as pesquisas são fundamentais. As universidades e centros de pesquisas, como o Iapar, se interessam e investem no sistema. Um dos principais gargalos é a assistência técnica. Através da tecnologia, poderíamos fazer as pesquisas chegarem aos produtores. Vejo um potencial enorme na agricultura familiar, pela utilidade da otimização de pequenas áreas pelo sistema verticalizado.”, conclui Felipe.

A experiência do produtor

O curso teórico e prático com Ernst Götsch será realizado na Terra Planta – Sistema Agroflorestais e Orgânicos, Fazenda Santa Rosa, em Sabáudia. O agricultor Eduardo Carriça é discípulo do pesquisador suíço e presenciou melhorias na produção ao aderir o modelo agroflorestal. “Hoje, podemos olhar para o futuro com confiança. A agrofloresta traz esperança de que um dia ocuparemos a fazenda toda, com a produção que recupera a terra pelo uso. Sustentabilidade na prática.”, afirma
A Terra Planta faz parte do Movimento de Agroflorestores de Inclusão Sintrópica (MAIS). O grupo tem como objetivo disseminar a agricultura sintrópica através do financiamento coletivo para a formação de pequenos produtores rurais, agricultores familiares ou comunidades tradicionais. Carriça afirma o compromisso do movimento e as vantagens da integração: “Além da nossa produção com foco em café, fruto e madeira, investimos metade do nosso tempo em cursos para agrofloresta. Somos um dos vinte locais do Brasil com a estrutura para ministrar aulas, encontros e cursos. Aqui na nossa região, podemos trazer muita experiência interessante. A vinda do Ernst será muito interessante neste sentido.”
Na Fazenda Santa Rosa, dois sistemas de produção sintrópica estão em andamento. Temos dois sistemas em andamento. “O primeiro é voltado para a produção em pequena escala, com as linhas de árvores mais estreitas. O foco é a produção de hortaliças, legumes e frutas. Neste sistema, produzimos ciclos de até doze produtos em sequência, no mesmo dia. Uma rentabilidade até doze vezes maior, sem o uso de capina. Recentemente, estamos iniciando a larga escala. Plantamos café, abacate, limão-taiti, banana-prata, eucalipto, mamão, araribá. Temos mandioca, feijão-de-porco e guandu para criar e proteger o café. Temos sete culturas produtivas. Ou seja: Sete vezes mais rentáveis que o plantio convencional.”, conta Eduardo.

Banner Conexão Agro Anúncio 728x90

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Podcast

Coluna Podcast

Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
11/09/2024

Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

Cotações

Resumo Técnico fornecido por Investing.com Brasil.

News Letter

Calendário

Calendário