A torra do café é essencial para o resultado final da bebida na xícara. É ela a responsável por realçar seus atributos como sabor e aroma e, se mal realizada, pode trazer o amargor e estragar até mesmo um café especial.
O intuito de se utilizar uma boa curva de torras é exatamente para estabelecer a temperatura e o tempo corretos para cada café, extraindo o melhor dos grãos.
Em relação aos cafés industrializados, é preciso que o consumidor fique atento aos muito baratos. Geralmente eles possuem uma torra bem escura para esconder possíveis impurezas adicionadas ao café, que ao ser exageradamente torrado, esconde o sabor da palha, pau e outras impurezas adicionadas a ele e, por isso, a bebida final é bem preta e amarga.
É pensando nisso que, desde 2004, a Abic (Associação Brasileira da Industria do Café) mantém o programa de qualidade do café industrializado, conhecido como PQC (Programa de Qualidade do Café). O objetivo é diferenciar os produtos em termos de qualidade e preço. Com o slogan: “Café: não basta ser puro, tem que ter qualidade”, a entidade, juntamente com as empresas participantes, estava literalmente educando o consumidor, visto que comunicava informações capazes de aumentar o conhecimento do público sobre os diferenciais entre os vários tipos de cafés.
O PQC segmentou o mercado de café industrializado em três categorias: Cafés Tradicional / Extra Forte; Cafés Superiores; e Cafés Gourmets. Os cafés do tipo Tradicional e Extra forte são os mais consumidos no Brasil e respondem por mais de 80% do total consumido. Possuem nota entre 4,5 e 5,9 na escalda da ABIC, que mede de 0 a 10 pontos os cafés industrializados das empresas associadas que aderem ao programa. Na grande maioria dos casos, seus blends são formados por cafés arábicas comuns e por cafés robustas, considerados inferiores aos da espécie arábica. Os do tipo Extra Forte possuem o ponto de torra mais acentuado, fato esse que encobre defeitos do café, visto que a torra mais forte “mascara” o sabor final da bebida.
A Cooperativa dos Cafeicultores de Três Pontas (Cocatrel), que recentemente inaugurou uma moderna torrefação, com maquinário e softwares de torra de última geração, para atender aos cooperados e também à indústria, reposicionou sua linha de cafés industrializados, que foram adequados às categorias da Abic e estão em novas embalagens. Todos eles são 100% arábica do Sul de Minas.
“Com essa torrefação poderemos expandir a participação do mercado para os cafés torrados e moídos, produzidos a partir dos melhores grãos depositados na Cocatrel. Além disso, o produtor tem a opção de ter seu próprio café em embalagens personalizadas, com sua própria logomarca, para presentear amigos ou vendê-lo com valor agregado. Queremos que essa torrefação seja a extensão de suas fazendas para que ele possa se conectar com a outra ponta da cadeia cafeeira, que é o consumidor”, afirma Marco Valério Araújo Brito, presidente da Cocatrel.
Fonte: Revista Cafeicultura