As adversidades climáticas tornam a agricultura um setor com muitos altos e baixos. Essa condição de risco está cada vez mais presente nas lavouras e o seguro rural passou a ser uma ferramenta do produtor para tentar reduzir perdas.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a subvenção ao prêmio do seguro rural da safra 2020/2021 teve um acréscimo de 30% no valor, chegando a R$ 1,3 bilhão, o maior montante desde a criação do seguro rural, em 2003. O aumento do subsídio busca justamente expandir o número de agricultores beneficiados, ampliando a cobertura no país.
A Sicredi União Paraná/ São Paulo está atenta a este cenário. O especialista em seguro agrícola da agência, Welinton Brito, confirma que está havendo um crescimento na procura pelo seguro. De janeiro a junho deste ano, a procura foi 62% maior do que no mesmo período de 2019.
Já em comparação ao Plano Safra 2020/2021, em vigor desde 1º de julho, as agências da Sicredi União Paraná/São Paulo registraram 30% de aumento pelo seguro nas contratações de seguro em relação ao mesmo período do ano passado. A boa notícia, segundo o especialista, é que está havendo uma adesão maior de produtores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) ao seguro.
O especialista atribui o aumento, neste início de plano safra, ao fato do produtor estar mais consciente da importância de ter uma proteção de renda. “O produtor está começando a enxergar que o seguro é uma ferramenta de gestão de risco, além de que a cobertura está bem mais interessante do que era há três ou quatro anos. Hoje o seguro reflete a realidade do produtor”, afirma.
De acordo com Brito, na safra 2019/2020, o sistema Sicredi indenizou cerca de R$ 104 milhões aos associados do segmento agrícola de todo o país, principalmente em virtude de eventos de seca, foram mais de 6.500 famílias protegidas que poderiam ter tido grandes prejuízos financeiros caso não tivessem contratado o seguro agrícola.
Agência já é a segunda maior carteira em seguros
A agência do município de Doutor Camargo, no Noroeste do Paraná, entre Maringá e Cianorte, já é a segunda maior carteira em contratações de seguro agrícola na abrangência da Sicredi União Paraná/São Paulo. A agência tem cerca de 300 associados com renda agrícola, cujas propriedades são acima de 3 alqueires.
“Adotamos algumas estratégias e passamos a ofertar o seguro agrícola para pequenos produtores e não só para os grandes como ocorria antigamente. Começamos a expandir juntos aos pequenos e hoje nossa maior carteira é do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Temos em torno de 130 projetos de Pronaf”, afirmou o gerente de negócios da agência em Doutor Camargo, Rafael Crestani de Lima.
Ele acredita que vários fatores estão contribuindo para que haja crescimento na procura pelo seguro rural, uma delas são as melhorias na cobertura e preço por hectare do produto, além do aumento das alíquotas do Programa de
Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) em exercício no Plano Safra 2020/2021; outro benefício é a possibilidade do produtor financiar o prêmio do seguro agrícola junto ao projeto de custeio com taxas de juros, entre 2,75% e 4% ao ano para o custeio do Pronaf.
No começo do plantio do milho deste ano houve seca prolongada e depois vendaval com granizo, os produtores chegaram a acionar o seguro, mas segundo o gerente, após levantamento da produção a maioria dos produtores não precisou. “A seca assustou, mas não houve necessidade. Os produtores têm colhido uma média de 300 sacas de milho por alqueire”, afirmou Crestani.
O gerente explica que o pequeno produtor está mais atento, analisando as formas de segurar sua lavoura. Até pouco tempo, a maioria dos pequenos produtores era atendida pelo Proagro, mas o Mapa vem incentivando a migração do Proagro para o seguro privado, com incentivos através de subvenção federal. Foi lançado no Plano Safra 2020/2021 um projeto piloto com subvenção diferenciada para operações enquadradas no Pronaf para as culturas de milho 1ª safra, soja, maçã e uva.
Melhor prevenir do que remediar
Todo o investimento e fonte de renda do produtor está a céu aberto. É no seguro agrícola que o agricultor Jorge Pedro Frare encontrou a segurança que precisava para proteger sua safra dessas intempéries.
Há mais de 40 anos Frare produz grãos em 50 alqueires, na região de Doutor Camargo, entre Maringá e Cianorte. Nos últimos 15 anos ele vem optando pelo cultivo de milho no inverno e soja no verão.
Para se manter no agro, Frare adotou a máxima de que é melhor prevenir do que remediar. Desde a criação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), na década de 1970, ele passou a proteger suas lavouras.
“Precisamos de segurança para produzir e o seguro nos dá esta segurança. Nosso trabalho é um investimento alto e a céu aberto, não podemos arriscar. Se vem um problema de clima, a gente não pode ficar descalço, diz ele.
“A gente faz porque é uma segurança, mas espera não usar”, disse Frare. Todo custeio da safra e a contratação do seguro Frare faz com a agência do Sicredi, em Doutor Camargo, onde é associado desde 1980.