quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Agroecologia

A agroecologia quer alimentar o mundo 

Casal do Paraná aposta na agroecologia como modelo sustentável de produção e melhor qualidade de vida 

 
 

Com potencial de gerar mais de 200 milhões de empregos até 2050, segundo a FAO, órgão das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a agricultura sustentável tem o desafio de aumentar a produtividade agrícola e torná-la menos dependente de insumos químicos. Agricultores, como casal Lívia Trevisan e o francês Samuel Cambefort, experimenta, na prática, esse modelo. Em um terço de uma área de 64 hectares, no município de Jaguapitãos dois desenvolvem a agroecologia na Estância Baobá.  

Para Lívia e Samuel, assim como outros agricultores que se dedicam à agroecologia, o desafio, até 2050, é aumentar a capacidade de produção para alimentar uma população mundial, que deverá alcançar 9 bilhões de pessoas.  

Na pequena propriedade, o casal cria animais somente com homeopatia, fazem pastejo rotacionado, não utilizam sementes transgênicas, produzem milho crioulo e aderiram ao sistema Integração Lavoura, Pecuária e Florestas, plantando algumas espécies nativas como o Ipê, Pau D’Alho e Pitanga. 

A implementação dessas práticas agroecológicas, que abordam a agricultura em diversos aspectos, sobretudo com respeito e equilíbrio à natureza e aos animais, aponta formas de aumentar a produção de maneira sustentável e viabilizar o comércio de produtos orgânicos, gerando novas perspectivas financeiras.  “O principal objetivo é ter uma produção limpa de alimentos mais saudáveis, naturais e economicamente viáveis”, explica Lívia, que fabrica queijos e doce de leite com a produção diária de cerca de 70 litros de leite. 

O objetivo deles é integrar futuramente Rede Ecovida de Agroecologia da Universidade Estadual de Londrina- Núcleo Peroba Rosa, que tem como meta a certificação dos produtos processados e produzidos dentro de uma unidade familiar credenciada.   

O trabalho de agricultores, como Lívia e Samuel, contribue para que o Paraná seja o maior produtor de alimentos orgânicos do Brasil.  

De acordo com levantamento do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a produção ultrapassa 1340 mil toneladas por ano. 

No estado, a agroecologia começou a se desenvolver no início da década de 1980, como uma alternativa para pequenos  
Na Estância Baobá, Lívia e Samuel mantêm 12 vacas, sendo seis em lactação, 18 bezerros, ovelhas leiteiras e algumas cabras. A ideia, segundo Lívia, é produzir futuramente três tipos de queijos  – com leites de vaca, cabra e ovelhas –  e ampliar a produção.  

Dentro deste conceito agroecológico há todo um cuidado a seguir com o que é produzido na propriedade, por exemplo, a colheita do milho deve ser manual; a alimentação do gado não deve ter hormônio na ração; tem que ter todo um cuidado ao retirar o leite. “Toda linha de produção é bem trabalhosa, mas é um outro jeito de nos relacionarmos com a natureza”, diz Lívia. 

O pasto rotacionado, onde as áreas são divididas em piquetes que são submetidos a períodos alternados de pastejo e descanso, além de manter a grama sempre fresca para o animal se alimentar, ajuda a reduzir carrapatos e quebra o ciclo de verminoses.  A grande vantagem deste método, segundo Samuel, é proporcionar um maior controle sobre o pasto, possibilitando mais tempo para a grama crescer, deixando-a mais uniforme. 

Para cobertura do solo, eles estão investindo em três tipos de semeadura de inverno: capim aruanã, aveia e campim-guandu. Desta forma, mantém o solo coberto e ainda alimentam o gado com as forrageiras. 

“Não podemos continuar a produzir como produzimos atualmente. Temos que repensar a maneira de cultivar, de criar animais e valorizar a agricultura familiar e orgânica para termos melhor qualidade de vida, sem deixar de preservar a natureza”, diz Samuel, destacando a ética ecológica e a solidariedade como valores indispensáveis para quem quer praticar a agroecologia. 

Casal quer ampliar produção de queijos finos 

A aposta de Lívia e Samuel é o diferencial de mercado ao fabricar, na propriedade, vários tipos de queijos finos que, atualmente, são comercializados em pequena escala em feiras agropecuárias e estabelecimentos alternativos como Casa Colaborativa de LondrinaFeirinha da Resistência, entre outras.  

Há pouco mais de dois anos, Lívia começou a fazer doce de leite e requeijão de corte, receita da avó, que eram vendidos para amigos e familiares.  

A aceitação foi tão boa, que logo surgiu a ideia de fazer o curso de queijos finos em Ponta Grossa. Além do requeijão de corte, ela faz creme de ricota temperado com ervas, coalhada seca com zattar (tempero sírio-libânes) queijo frescal e frescal temperado, vários queijos cottage e  três tipos de queijo boursin de origem francesa que podem ser elaborado também com leite de cabra. 

O sucesso desta alternativa de renda, diz ela, depende muito do grau de comprometimento e conhecimento diante da prática agroecológica. “O diferencial está no fato de oferecermos queijos e doces com leite de animais que não usam hormônio e nem antibióticos”, diz ela, que está buscando certificação para ampliar os pontos comerciais. 

A ideia é ampliar a produção de leite no máximo a 500 litros, segundo Samuel, entregando o excedente em laticínio. “Não queremos ficar escravos, mas continuar produzindo artesanalmente”, diz ele, lembrando que no Brasil, nem todos podem adquirir produtos orgânicos por serem mais caros, mas é preciso encontrar uma maneira de produção equilibrada com os custos e  boa qualidade para que todos possam ter acesso. 

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Paraná suspende queima controlada no campo - Conexão Agro
Coluna 205 - Paraná suspende queima controlada no campo
11/09/2024

Paraná suspende por 90 dias queima controlada no campo para prevenir incêndios; pesquisador da Embrapa Soja orienta produtores como enfrentar o clima seco e os efeitos da La Niña na safra 2024/25. Confira as notícias do campo no podcast “Conexão Agro”.

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