Um mercado de trabalho se materializa como oportunidade, principalmente para jovens, na agricultura digital. Dados como os do relatório “O Futuro do Trabalho”, do Banco Mundial, apontam que, na América Latina e Caribe, apenas 1,7%, desse grupo, busca formação superior em agricultura.
Paralelamente, no Brasil, o agronegócio foi responsável pelo crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, conseguindo segurar os empregos na atividade em 2017, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
A mesma pesquisa diz que, quanto aos níveis de escolaridade, houve baixa relevante no número de ocupados sem instrução (-34,3%), com aumentos, sobretudo, para pessoas com ensino superior.
Essa mudança na oferta de emprego na agricultura também se deve ao crescimento da agricultura digital em um panorama mundial em que 45% dos postos de trabalho, no futuro, serão automatizados.
De acordo com o Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 8 milhões de jovens vivem no campo. O número representa pouco mais de um quarto da população rural do país.
Porém, a escolha da juventude em permanecer no campo pode ser uma alternativa importante de oportunidade de emprego, além de uma questão estratégica para o Brasil, já que o agronegócio é o setor que tem segurado a economia na crise.
“Hoje, nós vemos um movimento de retorno de jovens para o campo. A agricultura digital vem de encontro ao interesse desses jovens porque se encaixa nesse perfil. Um perfil que busca informação de forma mais rápida. Ter conectividade no campo para gerar informação e ferramental para esses novos agricultores trabalharem, gera um valor imenso para a agricultura digital”, afirma o coordenador do Departamento de Agricultura de Precisão da Cooperativa Integrada, Rogério Raposo, que ministrou, recentemente, a palestra “Agricultura Digital”, no 7º AgroInovatec, na programação da Expo Japão.
O Brasil é líder mundial na produção de grãos e proteína animal e tem o desafio de fazer com que a agricultura digital chegue aos grandes e pequenos produtores.
“Imagino todas essas tecnologias, que vemos na área urbana, como a IoT (internet das coisas), machine learning (aprendizagem automática), Big Data (grande conjunto de dados armazenados), incrementando a agricultura de uma forma técnica. De maneira unida, todas essas tecnologias têm um potencial enorme para gerar informação em tempo real para os agricultores nos próximos cinco ou 10 anos”, ressalta Raposo.
O coordenador do Departamento de Agricultura de Precisão da Integrada, acrescenta que há grande interesse pela tecnologia desenvolvida no Brasil. O que aumenta as expectativas para o mercado de trabalho para profissionais mais capacitados na área agrícola.
“O Brasil na agricultura está entre os países de vanguarda em tecnologia digital. Muitas empresas veem o país como um mercado promissor e estão vindo para cá, gerar inovação. Isso faz com que tenhamos vantagem competitiva”, destaca.
Raposo finaliza ao afirmar que é preciso conhecer melhor o perfil dos agricultores para aumentar o potencial da agricultura digital.
“Precisamos conhecer melhor o perfil do produtor porque, quando se faz estudos do perfil de usuários de tecnologia no campo, verifica-se que usa bastante determinados aplicativos, como o WhatsApp, mas algumas plataformas não são utilizadas. Está dentro do nosso radar, encontrar soluções para que os agricultores se integrem melhor à agricultura digital. Realmente, é um índice baixo, mas acredito que, se trabalharmos o perfil de uma maneira diferente, poderemos encontrar maior aderência desses produtores”, conclui.
