A ameaça planetária já foi posta e a salvação está nos resultados das pesquisas. A pergunta dominante é: as investigações conseguirão evitar o risco de uma crise alimentar prevista para 2050, quando a população do mundo atingirá 9 bilhões de pessoas, e nos preparar para os efeitos das mudanças climáticas sobre a produção de alimentos?
Os adeptos da agricultura regenerativa acreditam que o manejo possa ajudar a salvar o planeta.
Porém, se as pesquisas avançam em outras áreas da agricultura e pecuária, o mesmo não acontece com a agricultura ecológica.
Se pensarmos com a lógica de mercado, a agricultura regenerativa requer um investimento inicial mais alto que a tradicional, mas a taxa de retorno é considerada melhor por quem pratica o sistema.
“Um dos grandes gargalos é a tecnologia. Hoje, a gente não tem tecnologia, maquinário, pesquisas científicas que sejam adequadas ao sistema regenerativo. O nosso desafio está sendo realizar pesquisas. Vou dar um exemplo: plantamos em diversidade. Nunca plantamos monocultura. Combinamos uma planta com outra. A gente precisa estudar como se dá essa relação. Se elas estão se beneficiando e como estão se beneficiando. Isso precisa de estudos que ainda não tem. Precisamos de máquinas que se adequem ao sistema com várias árvores e não uma monocultura”, destacou Olívia Gomes, do Instituto Toca, que ministrou palestra para um grupo consiste de interessados no sistema, durante a programação de eventos da Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina (ExpoLondrina 2018).
Inspirada na natureza, a Fazenda da Toca é uma propriedade de 2,3 mil hectares em Itirapina, a 200 quilômetros de São Paulo.
Em 2009, Pedro Diniz, iniciou o projeto Fazenda da Toca Orgânicos e transformou a propriedade em um espaço dedicado à produção de alimentos orgânicos.
O Instituto Toca é uma instituição sem fins lucrativos, que acredita que, por meio do desenvolvimento integral e da alfabetização ecológica, a Educação pode regenerar pessoas e relações.
Se pensarmos com a lógica de mercado, a agricultura regenerativa requer um investimento inicial mais alto que a tradicional, mas a taxa de retorno é considerada melhor por quem pratica o manejo.
“Geramos muitos empregos. Costumamos dizer que o sistema economiza em insumos, mas gasta com mão de obra especializada”, acrescenta Olívia, que é geógrafa formada na Unesp Rio Claro.
Empregos que sustentarão uma demanda cada vez maior por alimentos orgânicos.
A própria Olívia foi conquistada pela agricultura regenerativa aos 17 anos e, hoje, aos 25 anos vê como uma missão espalhar as sementes da técnica.
Além da geógrafa, a Toca conta com pesquisadores contratados e colaboradores para replicar o sistema.
“A gente está num trabalho intenso de desenvolvimento. A fazenda é bem recente. O projeto de agricultura regenerativa tem alguns anos só. Temos uma equipe de pesquisadores que estão desenvolvendo esse sistema e o que a gente quer é que seja viável economicamente para que qualquer um possa replicar. A gente quer ter uma plataforma aberta para que as pessoas possam aprender com gente e, de fato, possam fazer agricultura regenerativa. Essa é a missão. Que não só a fazenda, mas o Brasil e mundo pratiquem a agricultura regenerativa”, destacou Olívia.
Hoje, a fazenda produz em 30 hectares um projeto piloto com citros agroflorestal para pesquisas.