A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) informou nesta quarta-feira (4) que, até o momento, não há evidências de que o apodrecimento de vagens de soja nas safras 2019/2020 e 2020/2021 seja decorrente de ataque de uma nova doença. Os pesquisadores acreditam que a causa provável do apodrecimento de vagens da leguminosa esteja ligada a um conjunto de fatores relacionados ao ambiente desfavorável e à sensibilidade de determinadas cultivares.
Em nota emitida pela Embrapa Agrossilvipastoril e Embrapa Soja, “o ambiente desfavorável seriam estresses térmicos, com elevadas temperaturas, associadas com déficit hídrico. Quanto às cultivares de soja, as observações a campo sugerem existir variabilidade genética para sensibilidade a esse problema”. Ainda, segundo a nota, o problema está sendo relatado em diversas regiões brasileiras, mas especialmente no Mato Grosso, nas cidades de Sorriso, Ipiranga do Norte e Tapurah, desde a safra 2019/2020 e que teria se alastrado para regiões adjacentes na safra seguinte.
De acordo com a Embrapa, o apodrecimento de grãos e vagens está ocorrendo a partir da formação de grãos, no estádio R5.4: entre 51% a 75% da formação, causando 20% de redução de produtividade e perda da qualidade de grãos. Além disso, o problema gera níveis de desconto por grãos avariados que chegaram a 30%.
Em análises realizadas em grãos e vagens com e sem sintomas, foram encontrados os fungos já descritos na cultura como Phomopsis, Colletotrichum, Cercospora e Fusarium. “Esses fungos são descritos como latentes na cultura da soja, podendo ser obtidos de diversos tecidos em diferentes estádios fenológicos. A diversidade de fungos obtidos, inclusive em vagens sem apodrecimento, indica que a colonização pelos mesmos é secundária, não podendo ser atribuída a eles a causa do problema”, explica a nota.
Condições ambientais
Segunda a pesquisa, os grãos dentro das vagens deterioradas apresentaram elevados índices de enrugamento, resultantes da exposição das plantas a condições de elevadas temperaturas durante a fase de enchimento de grãos. “Esse enrugamento normalmente é mais intenso sob déficit hídrico, mas pode também ocorrer em condições normais de disponibilidade hídrica. O enrugamento afeta drasticamente a qualidade dos grãos e das sementes e propicia a infecção secundária por Phomopsis spp., o que pode levar o apodrecimento das vagens, principalmente em situações de ocorrência de chuvas em pré-colheita, diz a nota.
Como a expressão do enrugamento de grãos tem grande influência genética, pesquisadores acreditam que as cultivares que estão apresentando esse problema possam ser mais suscetíveis à sua expressão.
Ao final da nota, a Embrapa afirma que continuará a investigação do problema, em parceria com outras instituições e empresas.
Fonte: Embrapa
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