
Da produção de bananas ao cultivo do grão-de-bico: diversificando o agro!
No dia 8 de outubro, realizou-se, em Jaíba (MG), o Dia de Campo sobre Pulses, evento que proporcionou aos participantes a oportunidade de conhecer e discutir novas alternativas de cultivo para a região. A programação teve como foco as pulses — leguminosas de grãos secos comestíveis e não oleaginosas, como feijões, lentilhas, grão-de-bico e ervilhas — reconhecidas pelo elevado teor de proteínas, fibras, minerais e vitaminas.

O encontro foi uma valiosa oportunidade para observar o desempenho das cultivares desenvolvidas pela Embrapa na região, especialmente durante o período irrigado de inverno. Além disso, favoreceu o intercâmbio de experiências e o fortalecimento das redes de colaboração entre empresas, produtores e profissionais do agronegócio.
A região de Jaíba abriga o Projeto Jaíba, um dos maiores empreendimentos de irrigação da América Latina, localizado no norte de Minas Gerais, no Vale do Rio São Francisco. Implantado na década de 1970, o projeto tem desempenhado papel essencial não apenas na expansão da produção de frutas — como banana, manga, limão e uva —, mas também no fortalecimento do desenvolvimento socioeconômico regional.
Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), uma das instituições organizadoras do evento e parceira da Embrapa, o cultivo de pulses, em especial o grão-de-bico, apresenta excelente potencial de adaptação às condições edafoclimáticas locais. Além da baixa incidência de pragas e doenças, o grão-de-bico surge como alternativa viável ao feijão, principal leguminosa cultivada na região.

Por ser um alimento de alto valor nutricional e de cultivo acessível a pequenos produtores, o grão-de-bico pode ainda ser incluído em programas públicos, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), fortalecendo a agricultura familiar e ampliando a oferta de alimentos de qualidade na merenda escolar.
A diversificação de cultivos — com a adoção de diferentes sucessões — é uma prática que traz ganhos comprovados ao produtor: melhora a qualidade do solo, reduz a incidência de pragas e doenças e amplia as fontes de renda, aumentando a resiliência econômica das propriedades rurais.
Coorganizadora do evento, a General Mills, uma das cinco maiores empresas de alimentos do mundo e detentora das marcas Kitano e Yoki, aposta neste projeto estratégico de “nacionalização” dos pulses, atualmente 100% importados. A iniciativa busca estruturar uma cadeia de suprimentos local para atender à demanda da empresa no Brasil, beneficiando os produtores com diversificação de cultivos, melhor remuneração e garantia de comercialização por meio de contratos firmados previamente.
O fortalecimento da cadeia produtiva de pulses no país e a consequente ampliação da área cultivada contribuem de forma expressiva para a geração de emprego, renda e autonomia produtiva. Os grãos nacionais se destacam pela alta qualidade e pelo baixo risco de resíduos, promovendo maior segurança alimentar.
Outro ponto relevante é que os produtos nacionais chegam ao consumidor com custo inferior ao dos importados, favorecendo o aumento do consumo interno. Assim, toda a cadeia — do produtor ao consumidor — é beneficiada.
Warley Marcos Nascimento – Pesquisador da Embrapa Hortaliças e Presidente da Associação Brasileira de Horticultura (ABH)
E-mail: [email protected]
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