O pacote tecnológico Pastomax, que aumenta produção das pastagens, lançado em 2021 pela Embrapa Soja e BIOTROP, venceu a 15° edição do prêmio Crop Science Awards 2022, na categoria Melhor Novo Bioestimulante, em solenidade on-line realizada em 10 de novembro. A competição é uma iniciativa da S&P Global, empresa que atua no mercado de dados e análises financeiras, com o apoio da revista Chemical Week. A premiação, que reconhece a inovação de iniciativas científicas e tecnológicas da indústria global de proteção de cultivos e mercados de produção, recebeu aproximadamente 100 inscrições de indústrias do agronegócio mundial em 11 categorias de premiação.
“Estamos entusiasmados com o reconhecimento mundial desse bioinsumo que pode aumentar, em média, em 22% a produção das pastagens brasileiras, além de incrementar a absorção de nutrientes. É mais alimento para o gado e alimento de melhor qualidade”, destaca a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja. “Essa formulação inovadora é fruto de uma parceria público-privada, que envolveu muitos anos de pesquisa e dedicação da indústria para trazer ao mercado um produto biológico de excelência que tem potencial para transformar a realidade das pastagens degradas”, ressalta o também pesquisador da Embrapa Soja, Marco Antonio Nogueira.
Para Rogério Rangel, engenheiro agrônomo e diretor de marketing Brasil e América Latina da BIOTROP, a vitória é motivo de muita comemoração e sinal da consagração de uma importante jornada tecnológica e de inovação da empresa, já que o PASTOMAX foi desenvolvido em parceria com a Embrapa Soja. “Esta é a segunda vez que participamos e novamente saímos da premiação com o reconhecimento de nossas soluções, sinal de que estamos no caminho certo. Essa conquista marca também a importante parceria que possuímos com a Embrapa em prol da agricultura regenerativa”, destaca.
Há pouco mais de um ano no mercado, o produto apresentou crescimento de 132%, saltando de 6.600 hectares, em 2021, para 15.300 hectares, em 2022. “A projeção da Biotrop é de que o crescimento avance muito mais, devido aos excelentes resultados observados por pecuaristas em todo o Brasil com o uso da tecnologia, e aumente em torno de 250% em 2023”, afirma Rangel.
Solução inovadora
O PASTOMAX é um inoculante multifuncional que associa dois microrganismos com propriedades multifuncionais, Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens. De acordo com Mariangela Hungria e Marco Antonio Nogueira, foram 11 anos de pesquisas para chegar a esses resultados. Na última etapa, foram conduzidos ensaios por quatro safras, em duas condições de solo e clima distintos, com inoculação via sementes e, também, em aplicação foliar em pastagens já estabelecidas.
No caso da bactéria Azospirillum, os principais processos microbianos envolvidos são a síntese de fitormônios, promovendo o crescimento das raízes em até três vezes; e a fixação biológica do nitrogênio. A inoculação com essas bactérias via sementes ou via foliar em pastagens estabelecidas resultou, além do incremento na biomassa, em aumento médio de 13% no teor de N e de 10% no de K na parte aérea. Por sua vez, a Pseudomonas contribui com um conjunto de processos bioquímicos que incluem a solubilização de fosfatos, a síntese de fitormônios e de uma enzima reguladora da produção de etileno. A inoculação via sementes ou foliar com Pseudomonas resultou em incremento na biomassa, de 11% no teor de potássio (K) e de 30% no de fósforo (P) na parte aérea. Vale destacar que o desenvolvimento da tecnologia procurou viabilizar o sinergismo entre os microrganismos e permite a aplicação tanto na fase de estabelecimento de pastagens, quanto em pastagens já estabelecidas. Portanto, é uma conquista para atender também a uma demanda dos produtores que precisam melhorar as pastagens já estabelecidas”, comemora a pesquisadora Mariangela Hungria.
Recuperação de pastagens
No Brasil, cerca 180 milhões de hectares são ocupados por pastagens, sendo 120 milhões com pastagens cultivadas, dos quais 86 milhões com braquiárias. De acordo com levantamento da Embrapa, aproximadamente 70% das pastagens brasileiras encontram-se em algum estágio de degradação, produzindo abaixo de seu potencial. “Não é, portanto, o momento de diminuir o uso de fertilizantes nas pastagens, mas sim de usar o potencial dos microrganismos para incrementar a eficiência de uso desses fertilizantes”, destaca Nogueira. Como uma grande contribuição dessas bactérias ocorre pela promoção do crescimento das raízes, as plantas absorvem mais água e nutrientes, aproveitando melhor os fertilizantes. “Hoje o Brasil importa, aproximadamente, 85% do N-P-K que consome, de modo que o aumento na eficiência de uso dos fertilizantes pode promover grande impacto para o setor”, ressalta Nogueira.