Crise na produção de arroz é agravada pelo excesso de chuvas no Sul do Pais, comprometendo a safra. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e representantes da cadeia produtiva e Associação Brasileira de Supermercados (Abras) se reuniram nesta terça-feira (26) para discutir a situação.
A ministra do Mapa, Tereza Cristina, reconheceu que o setor chegou no limite de suas possibilidades, e que, se nada for feito para resolver o problema, muitos produtores talvez tenham de deixar o negócio, o que prejudicaria diretamente a economia de mais de 200 municípios de Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
“O setor está com um problema seríssimo. Não podemos deixar que fique na situação em que está, quase morrendo. Hoje, o setor está moribundo. Estamos tentando dar um oxigênio e resolver as questões estruturais que ele têm, de crédito, de tributação. Enfim, para que o produtor continue produzindo um alimento essencial da cesta básica dos brasileiros”, afirmou a ministra do Mapa, Tereza Cristina.
A ministra anunciou que está para ser concluído um acordo com o governo do México para exportação de arroz beneficiado para aquele país. Em troca, o Brasil importará feijão mexicano. Buscar novos mercados para exportação é apenas uma das medidas que o Mapa está articulando para ajudar os produtores brasileiros.
Também participaram da reunião representantes do Ministério da Economia. A ministra pediu que, em 20 dias, secretários dos dois ministérios e representantes dos produtores, das indústrias de beneficiamento de arroz e dos supermercados proponham um conjunto de medidas para resolver o problema emergencial da safra deste ano e todas as dificuldades estruturais que prejudicam a produção deste importante produto da cesta básica.
Os produtores se queixam de alto endividamento junto aos bancos, concorrência desigual com o arroz importado de países vizinhos, pesada carga tributária e desajustes na política de preços mínimos, entre outros temas. “Ainda estamos discutindo os caminhos, mas, daqui a 20 dias, vamos fazer outra reunião para ver os avanços que podemos ter”, explicou a ministra.
Durante a reunião, questões como alongamento dos prazos de pagamento dos financiamentos, redução das taxas de juros, novas linhas de crédito, preço mínimo, redução dos impostos para os produtos da cesta básica, importação de arroz do Paraguai, subsídios para energia elétrica e reforma tributária foram colocadas na mesa pelos representantes do setor, pelo senador Luís Carlos Heinze (PP/RS) e pelo deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS), que participaram da reunião.
Em resposta à convocação da ministra para apresentação de soluções, o diretor de Relações Institucionais da Abras, Alexandre Seabra Resende, disse que o setor de supermercados fará o que for possível para aumentar a venda de arroz em todas as suas lojas.
Segundo ele, o consumo de arroz, que era de 21 quilos por pessoa em 2017, com a crise econômica caiu a 16,4 quilos em abril de 2018, mas voltou a crescer e chegou a 19,5 quilos per capita no início deste ano.
Os dirigentes de supermercados vão aumentar a exposição do produto nas lojas, para fazer com que as vendas subam. A preocupação da indústria e dos produtores é que o preço do produto caia muito durante o período de comercialização da safra, inviabilizando toda a cadeia produtiva.