A Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15) em Montreal, no Canadá, chegou ao fim na madrugada desta segunda-feira (19) com a publicação do novo Marco Global da Biodiversidade (GBF, na sigla em Inglês), que foi acordado por quase 200 países participantes do encontro. Para o CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), o documento, que vem sendo considerado por especialistas como equivalente em importância ao Acordo de Paris, mas com foco na biodiversidade, superou as expectativas previstas. A sua implementação, no entanto, dependerá de novas definições.
Presente no evento desde o seu início, no dia 7 de dezembro, o CEBDS defendeu pontos importantes para o setor empresarial durante a conferência, afinal, a versão do novo marco que foi discutida inclui ao menos 12 metas diretamente conectadas aos negócios. Para o diretor executivo, Ricardo Mastroti, algumas delas apresentaram avanços. Uma das principais é a meta 15, que trata da divulgação de impactos e dependências em biodiversidade por parte das empresas e instituições financeiras, em especial as de grande porte e transnacionais.
“Neste ponto, o texto final não inclui a obrigatoriedade desses relatórios por parte das empresas, mas determina que deverão se preparar para passar a fazer esse tipo de documento. Consideramos esse um fator de fundamental importância, afinal, mais da metade da produção econômica mundial (US$ 44 trilhões por ano) é moderada ou altamente dependente da natureza”, avalia.
Outras duas importantes metas para o setor empresarial são as 18 e 19, que tratam do redirecionamento ou eliminação de incentivos prejudiciais à biodiversidade, em pelo menos US$ 500 bilhões por ano; e aumentar os recursos financeiros para pelo menos US$ 200 bilhões anuais, para auxiliar ações de proteção à biodiversidade.
“Os valores totais anuais das metas 18 e 19 foram mantidos e são suficientes para cobrir o ‘gap’ estimado de US$ 700 bilhões. Contudo, a parcela do valor da meta 19 dedicada a investimento em países em desenvolvimento ficou em apenas US$ 30 bilhões, montante que ficou aquém do esperado pelos países do sul global”, analisa o gerente técnico do CEBDS, Henrique Luz.
Outro importante ponto debatido ao longo da Conferência da ONU foi a chamada meta “30×30”, que propõe proteger 30% dos habitats naturais da Terra até 2030 (meta 3) e recuperação de 30% de áreas degradadas no mesmo prazo (meta 2). Considerando que atualmente apenas 17% das terras e 8% dos oceanos estão protegidos, esta meta representa um avanço em prol da natureza.
“Estivemos na COP15 representando o setor produtivo, que entende a importância de defender metas favoráveis à biodiversidade. Os resultados foram positivos, de forma geral, mas nos instigam a continuar nosso trabalho, incentivando os negócios a gerarem impactos positivos sobre a natureza. As empresas querem promover, já no curto prazo, um novo modelo de desenvolvimento, baseado em uma economia verde, que gere empregos e renda de forma sustentável”, finaliza Mastroti.