O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, disponibiliza as agromensais de janeiro de 2023, que trazem as perspectivas para este ano e o movimento do mercado no mês. Veja a seguir, alguns trechos das análises retrospectivas:
AÇÚCAR: A temporada 2023/24 que se inicia em abril no Centro-Sul do Brasil deverá registrar aumento na produção da cana-de-açúcar, devido à maior produtividade. Estimativas do Cepea apontam que o Centro-Sul pode produzir de 560 a 595 milhões de toneladas de cana, contra 538,98 milhões de toneladas da atual temporada 2022/23 (dados até o dia 16 de dezembro), conforme a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica).
ALGODÃO: O setor produtivo de algodão em pluma deve elevar a área com a cultura nesta temporada 2022/23, diante da boa rentabilidade apresentada nos últimos anos. Porém, a possibilidade de redução na economia mundial, devido ao ambiente inflacionário e a casos de covid-19 na China, segue preocupando agentes.
ARROZ: O setor agrícola do arroz espera que o ano de 2023 siga com preços firmes, em linha com o observado no segundo semestre de 2022, fundamentados na menor oferta prevista para a atual temporada – o Brasil pode colher a safra mais baixa em 21 anos, o que, por sua vez, se deve à redução da área destinada à cultura. E o clima seco em partes da região Sul pode reforçar a queda na produção nacional, levando a colheita para o menor volume do século. Mesmo assim, a oferta está alinhada ao consumo doméstico.
BOI: Desde 2019, o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina vem sendo um fator preponderante na formação de preços da cadeia nacional de pecuária de corte. Em 2023, novamente, as vendas externas devem seguir influenciando os valores domésticos, mas a demanda interna e, sobretudo, a tendência de recuperação da oferta no campo tendem a ser importantes fundamentos para o comportamento do preço.
CAFÉ: O setor cafeeiro nacional deve registrar novamente um ano desafiador. No curto prazo, ainda há incertezas quanto ao volume a ser colhido, sobretudo no Brasil. Do lado da demanda, a economia mundial registrando crescimento tímido e o cenário inflacionário são fatores que podem atrapalhar o consumo de café ao longo do ano.
ETANOL: Como esperado, existe ainda, neste início do ano de 2023, incerteza sobre a produção de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do País no ano safra 2023/24, que se inicia oficialmente em abril. Consultorias que fazem estimativas de safra divergem em volumes projetados por cerca de 40 milhões de toneladas, mas todas indicam alguma elevação da moagem.
FRANGO: Apesar do cenário global desafiador – com risco de uma recessão influenciada por grandes potências econômicas mundiais – e de incertezas relacionadas à conjuntura nacional, as perspectivas para o mercado brasileiro de avicultura de corte são positivas para 2023. Agentes do setor estão otimistas, fundamentados na possibilidade de que os embarques da carne sigam elevados e a demanda doméstica, aquecida, o que deve estimular a produção.
MILHO: Ainda que os atuais preços do milho operem em patamares inferiores aos registrados no início de 2022, a oferta mundial enxuta, o ritmo forte das exportações brasileiras e os baixos estoques de passagem vêm dando sustentação às cotações domésticas desde o segundo semestre de 2022.
OVINOS: O consumo de carne ovina no mercado brasileiro deve permanecer limitado ao longo de 2023, devido à expectativa de baixo crescimento econômico – o PIB deve aumentar 0,8%, segundo o relatório do Boletim Focus do Banco Central, publicado em 30 de janeiro de 2023. O menor crescimento econômico limita o consumo de proteínas mais caras, como é o caso da carne ovina.
SOJA: O bom desenvolvimento das lavouras da América do Sul passa a ser fundamental para que se confirmem as atuais estimativas indicando crescimento da oferta mundial da 2022/23 em taxa superior à da demanda, o que, por sua vez, favorece a recuperação parcial dos estoques. A relação estoque/consumo deve completar quatro safras entre 26,3% e 27,5%, o que é considerado baixo, depois de ter ficado três temporadas seguidas (2016/17, 2017/18 e 2018/19) na média de 30%. Diante disso, qualquer redução da estimativa de oferta da América do Sul poderá ter efeitos negativos expressivos sobre os estoques.
TRIGO: O Brasil pode se consolidar neste ano como um importante player nas transações internacionais de trigo. Atualmente, o País é um grande importador, mas o setor nacional deve aproveitar as oportunidades postas diante da menor oferta argentina e dos problemas logísticos no Mar Negro e elevar sua participação nas exportações mundiais. Estimativas do Cepea apontam que o Brasil pode se tornar o 10º maior exportador global da commodity na temporada 2022/23.
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Fonte: Cepea