quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Agricultura Familiar

Certificação vai ampliar mercado para produtores de mel de Cerro Azul

mel de abelha

Mel produzido em Cerro Azul, no Vale da Ribeira, está perto de ganhar mais mercado, podendo ser comercializado em estabelecimentos de grande porte, como supermercados. Os apicultores estão na expectativa do município formalizar o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), que cria condições para a certificação que garante a qualidade do produto.

Já foram assinados a lei e o decreto municipais que criam o SIM. Agora, falta a formalização efetiva, quando for contratado o médico veterinário que se responsabilizará pelo trabalho de orientação e fiscalização junto aos produtores. O próximo passo será o município aderir ao Susaf – Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agroindustrial Familiar e de Pequeno Porte no Estado do Paraná (Susaf-PR).

O núcleo da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento em Curitiba está empenhado em ajudar as prefeituras da RMC em aderir aos sistemas do SIM e Susaf. Segundo o chefe do núcleo, João Carlos Rocha Almeida, dos 29 municípios de sua regional, 17 já estão prontos a aderir esses sistemas.

“Os demais vão vendo os resultados obtidos e serão apoiados à medida que fizerem a solicitação”, disse. Almeida destacou ainda que vêm acontecendo muitas reuniões com prefeitos e secretários municipais de Agricultura sobre as vantagens para o setor produtivo dos municípios que aderirem ao SIM e ao Susaf em função do mercado consumidor.

A Prefeitura de Curitiba comunicou que tem R$ 300 milhões em caixa para comprar produtos de origem animal e que prioriza os municípios da Região Metropolitana, desde que os produtos sejam regularizados e tenham a licença para comercialização. Eles serão direcionados aos programas municipais, como feiras e mercados.

Sabor cítrico – O mel do Vale do Ribeira tem um diferencial – com sabor mais cítrico é muito apreciado pelo consumidor. E segundo produtores, possui mais propriedades medicinais. Ele é obtido pelas abelhas através das flores da tangerina ponkan, cultivada na região com pouco agrotóxico.

“Não fosse a aplicação de herbicida, necessário para controlar a mosca da fruta, poderíamos dizer que a tangerina Ponkan do Vale do Ribeira é orgânica porque não entra nenhum outro insumo químico”, garantiu o presidente da Associação dos Produtores de Mel do Cerro Azul, Rafael de Almeida Monteiro Cropolato. “Trata-se de um mel é muito utilizado por quem tem bronquite e problemas respiratórios”, disse.

Organização –  A Associação dos Produtores de Mel de Cerro Azul foi criada há cerca de cinco meses e conta com 10 produtores associados que somam uma produção em torno de 30 a 40 toneladas por ano. Os associados são dos municípios de Cerro Azul, Rio Branco do Sul e Itaperuçu.

A campanha por mais sócios teve que ser interrompida por causa da dificuldade de fazer reuniões por conta da pandemia do coronavírus. “Queremos agregar os produtores de Tunas, Doutor Ulisses e Adrianópolis”, disse o presidente da associação.

“Estamos otimistas com mais essa possibilidade de melhoria para o nosso agricultor e para as pessoas da agricultura familiar do município”, disse Cropolato. “Com a formalização do SIM e do Susaf, nosso mel vai fazer sucesso Brasil afora”, destaca. Ele acredita na valorização do produto, beneficiando não só os produtores como a região, uma das menos desenvolvidas do Estado.

Atualmente, o mel de Cerro Azul é vendido no pequeno varejo de dos municípios do Vale do Ribeira e da Grande Curitiba. Por falta de certificação que atesta sua qualidade, é vendido em torno de R$ 15,00 o quilo. Com a certificação abrindo mais mercado, Cropolato acredita que poderá ser comercializado entre R$ 22,00 e R$ 25,00 o quilo.

Segundo o produtor, o mel de Cerro Azul tem boa aceitação. Além do sabor peculiar, tem um processo de produção com tecnologias mais modernas. “Ele é centrifugado, filtrado e decantado por dois a três dias antes de ser embalado. Esse processo é mais adequado que o antigo, ainda utilizado em muitas regiões onde se espreme a cera para obter o mel e pode vir com resíduos inaproveitáveis, situação que pode contribuir para azedar o mel. Essa técnica não é mais recomendada”, explica.

Os produtores de mel de Cerro Azul estão empenhados em conseguir apoio para a construção da Casa do Mel, onde equipamentos como centrífuga, filtros e decantador em inox, além de embalagens adequadas, estarão à disposição dos produtores associados para o processamento do produto. “Precisamos disponibilizar essa tecnologia para reforçar a qualidade da produção da região”, disse o produtor.

Controle biológico – Os produtores de tangerina ponkan do Vale do Ribeira fazem pouco uso de agrotóxicos nos pomares, o que favorece muito a produção de mel de alta qualidade, livre de resíduos químicos. Segundo Cropolato, no cultivo da tangerina ponkan eles utilizam herbicidas em nível mínimo para o controle da mosca dos citros, cujo hábito é furar a fruta para reprodução, o que inviabiliza a produção de frutas de qualidade e tamanho padrão aceito pelo consumidor.

Esse controle, feito predominantemente com defensivos químicos, não é aplicado no Vale do Ribeira. Os produtores da região optaram pelo método biológico, com garrafas PET instaladas ao longo dos pomares. Elas são preenchidas com água em que é fervida a cera produzida pelas abelhas que, levemente doce, exerce atração sobre os insetos. A mosca é atraída para as garrafas pet, que têm uma pequena abertura, e não vai para as árvores com frutos. Nas garrafas elas acabam morrendo.

Fonte: AEN

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