terça-feira, 24 de setembro de 2024

Agronegócio

CNA defende que alta de preços não pode ser creditada ao produtor rural

arroz

Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a alta dos produtos agropecuários não pode ser creditada ao produtor rural. A avaliação é do superintendente técnico da entidade, Bruno Lucchi, que analisa os principais pontos relacionados ao comportamento dos preços de alguns produtos em 2020.

“Podemos afirmar que a maioria das atividades agropecuárias recuperou os preços dos seus produtos. No entanto, esses aumentos têm sido acompanhados pela alta no custo de produção, o que demonstra que o produtor não está tirando vantagem sobre os outros elos da cadeia”, avalia.

Lucchi destaca que as atividades agropecuárias são caracterizadas por ciclos de produção, que vão de meses a anos. Isso é de extrema importância para a compreensão do comportamento dos preços dos produtos agropecuários e os fundamentos da relação entre oferta e demanda.

“Vejamos o exemplo da carne bovina. A oferta de animais diminuiu bastante por conta do desestímulo à produção no passado. De 2015 a 2019, a arroba valorizou 5,9%, enquanto a inflação geral subiu 20,9% e a média do custo de produção de recria e engorda de animais no país subiu 32%, e para a cria esta elevação passou dos 50%”, explica.

O superintendente acrescenta que, com menor margem de lucro, boa parte dos produtores rurais decidiu pelo abate de fêmeas, tanto jovens quanto matrizes, para financiar o caixa da atividade, reduzindo naturalmente a disponibilidade de bezerros, o que consequentemente impacta na oferta de carne aos consumidores.
“Neste ano, a redução de oferta, bem como o maior intervalo nas escalas de abate, forçou a valorização no preço da arroba que, diferente das projeções iniciais, atingiu R$ 230 em agosto, alta de 48% em um ano. Mas, por outro lado, tivemos aumento dos custos de produção. O preço do bezerro pelo indicador Cepea/Esalq/USP subiu 60,5% de agosto de 2019 para o mês passado. O milho subiu 55% no mesmo período. E mesmo com melhores estímulos de preço ao produtor, a estimativa da produção de carne do Brasil para este ano é 5% menor”.

Lucchi afirma que a maioria das atividades agropecuárias recuperou os preços dos seus produtos. No entanto, esses aumentos têm sido acompanhados pela alta no custo de produção, o que demonstra que o produtor não está tirando vantagem sobre os outros elos da cadeia. Muitos produtores têm trabalhado com margens negativas, mas não pararam de trabalhar, mesmo na pandemia.

“O compromisso dele neste tempo todo foi garantir o abastecimento da população. O setor agropecuário chamou para si a responsabilidade de garantir a oferta de alimentos. Nenhum dos rumores de desabastecimento se confirmou. As propriedades adotaram medidas de segurança sanitária para não interromper o processo produtivo, mesmo com aumentos significativos nos custos de produção tanto na produção primária quanto na agroindústria”.

Para ele, o que justifica o aumento de preços é a relação entre oferta e demanda, podendo impactar o mercado e provocar a alta dos alimentos. Lucchi ressalta a sazonalidade negativa para vários produtos. Os preços no mercado internacional também podem influenciar as cotações domésticas. No caso do arroz, por exemplo, a demanda se apresentou elevada durante os meses de março e abril em função da pandemia. Historicamente, esses deveriam ser os piores meses de preço em função da safra. No entanto, houve quebra na produção de importantes países produtores, como Índia e Tailândia, o que resultou na ampliação acentuada do preço no mercado internacional. No acumulado até agosto, o preço médio do arroz no cenário internacional se elevou em 29%.

Lucchi diz que o setor está pagando a conta da Covid-19 agora. Não apenas o produtor, mas todos os elos da cadeia produtiva.
“Por isso, medidas como a retirada do imposto de importação para alguns alimentos pode afetar a oferta de alimentos no médio e no longo prazo. Seria uma intervenção artificial que nesse momento pode gerar desestimulo a intensificação do processo produtivo, comprometendo o aumento da produção tanto dos produtos agrícolas quanto da pecuária. É uma visão imediatista que pode comprometer seriamente a produção de alimentos”.
Na avalição do superintendente, cada cultura, como o arroz, feijão, óleo de soja, soja e milho, é um caso a ser analisado á parte, mas acredita na adequação dos preços.

“Acreditamos que os preços irão se adequar assim que os efeitos sazonais de produção passarem, bem como a regularização de oferta, via novos estímulos a produção. Na pecuária bovina, por exemplo, a oferta de animais para abate provavelmente aumentará a partir do último trimestre do ano em função da melhoria do maior processo de intensificação e devido a melhoria das condições das pastagens. A produção de leite, uma das mais afetadas pela pandemia, deve ter a produção acelerada em setembro em algumas regiões também em função do início das chuvas e melhor remuneração do produto. Tudo isso pode sinalizar redução dos preços aos consumidores, pois teremos aumento na oferta desses produtos”.

Fonte: CNA

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