As soluções baseadas na natureza (SbN) podem contribuir muito para que os países diminuam as emissões de gases de efeito estufa (GEE), colaborando para que o aquecimento não supere 1,5° a 2°C neste século. Por exemplo, as SbNs focadas no clima poderiam contribuir com até 30% da necessidade de mitigação à baixo custo até 2030. Por outro lado, as SbNs que protegem a natureza poderiam mitigar as emissões entre 3,9 a 4,3 Gton de CO2eq (gigatoneladas de CO2 equivalente) por ano até 2030 a um custo de menor que US$ 100 por tonelada.
As SbNs englobam ações para proteger, administrar de forma sustentável e restaurar ecossistemas, auxiliando a humanidade no enfrentamento de inúmeros desafios, incluindo a mudanças climáticas. Por isso, é muito importante que os países incluam também essas soluções ao atualizar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, sigla do inglês Nationally Determined Contribution).
As NDCs formam a base do Acordo de Paris e representam o compromisso assumido de forma voluntária pelos países para reduzir as emissões GEE. Neste ano, as nações participantes, incluindo o Brasil, precisam enviar as atualizações das NDCs, até o dia 25 de setembro, para o Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC), a fim de constar no novo Relatório Síntese, previsto para ser publicado em meados de novembro.
Para explicar a importância e relevância das SbNs, a National Wildlife Federation (NWF) lançou uma publicação que avalia a importância das SbNs para que os países possam estipular metas mais ousadas para suas NDCs e auxiliar na mitigação das mudanças climáticas. Para acessar o relatório na íntegra, clique neste link A NATUREZA NAS NDCs: Priorizando a conservação e a biodiversidade para atingir as metas climáticas.
A publicação elenca cinco recomendações para incluir as Soluções baseadas na Natureza nas NDCs: (i) priorizar a conservação e proteção, especialmente em áreas com carbono irrecuperável, focando na melhoria do manejo de florestas, pastagens, áreas úmidas costeiras, turfeiras, e outros ecossistemas; (ii) avaliar oportunidades e medir o progresso com metas quantitativas baseadas em evidências; (iii) não limitar as SbNs à plantação de árvores ou à restauração de florestas mas sim envolver múltiplos ecossistemas e estratégias; (iv) projetar, implementar e avaliar os esforços utilizando as SbNs com a biodiversidade e os impactos sociais estipulados; e (v) integrar setores para identificar oportunidades de financiamento duráveis. A publicação retrata também os limites e obstáculos à adoção das SbNs, traz atualizações, analisa em detalhes outros países com potencial mitigador de mudanças climáticas por meio das SbN e apresenta oportunidades nessa área.
De acordo com Nathalie Walker, diretora sênior para Florestas Tropicais e Agricultura na NWF, o Brasil é o país que possui maior potencial para mitigação de baixo custo através d das SbNs no setor agropecuário. De 2020 a 2050, o potencial cumulativo estimado para o Brasil para este tipo de mitigação é de quase 50 Gton CO2eq, 1,5 vezes as emissões globais atuais na geração de energia, a maior parte disso vindo da proteção florestal e da agropecuária. A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), e os programas Carne Carbono Neutro e o Carne Baixo Carbono, todos da Embrapa, tem grande potencial para contribuir para reduzir as emissões ao mesmo tempo em que podem aumentar a produtividade.
Ao priorizar a adoção das SbN, o Brasil pode aumentar suas metas nas NDCs e proporcionar benefícios significativos às metas de desenvolvimento sustentável, biodiversidade e resiliência. As SbNs podem ser transformadoras ao serem elaboradas e implementadas de forma criteriosa e planejada, respeitando a biodiversidade e os direitos indígenas e das comunidades locais. Ao usar essas ferramentas, as políticas públicas asseguram o desenvolvimento socioeconômico e a proteção ao meio ambiente.
Sobre a NWF
A National Wildlife Federation – NWF é uma organização com 86 anos de história, que há mais de 36 anos trabalha no Brasil na construção de uma agenda que concilie a produção agropecuária e a conservação e restauração dos biomas presentes no país. Seu programa internacional une o conhecimento de especialistas brasileiros e internacionais com ferramentas e tecnologias avançadas para promover soluções de mercado que ajudem a cumprir esta meta.