O melhoramento genético e as condições de manejo são imprescindíveis, principalmente no caso da soja, para o produtor enfrentar as mudanças climáticas. A afirmação é do pesquisador e professor Paulo César Sentelhas, da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/USP), que esteve em Londrina (PR), proferindo a palestra no 2º. Conexão Agro Clima – “Os impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura – Manejo e Produtividade”.
O evento, promovido por este portal, reuniu mais de 120 participantes no auditório do Pavilhão Smart Agro, durante a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina (ExpoLondrina). Entre eles produtores rurais, pesquisadores, agrônomos, técnicos e estudantes da área do agronegócio. Além da palestra com Sentelhas, houve debate aberto a questionamentos do público com a participação dos pesquisadores Heverly Morais (Iapar) e Sérgio Gonçalves (Embrapa).
De acordo com Sentelhas, a maior parte da variação da produção agrícola no mundo se deve à variabilidade das condições climáticas ao longo do ciclo das culturas, afetando os níveis de produtividade. “Os impactos não são apenas sobre o crescimento e desenvolvimento da cultura, mas também nas atividades de manejo e na ocorrência de pragas e doenças”, afirma.
Estudos indicam que a tendência é continuar aumentando a emissão de gás do efeito estufa e, consequentemente, a elevação da temperatura. Mas, como a pesquisa e o produtor podem minimizar esses impactos?
Entre as ações, Sentelhas cita o melhoramento genético e o desenvolvimento tecnológico como ações de mitigação para os impactos.“Vamos precisar de materiais genéticos com ciclos que suportem temperaturas mais elevadas, além de adaptar e manejar a época de semeadura, região de cultivo, altitude”, diz ele, afirmando que a rotação de culturas e as práticas mecânicas para quebrar a compactação e a questão biológica do solo seriam outras técnicas para minimizar o problema.
PARTICIPANTES
Entre os participantes, o presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinati, considerou a palestra como excelente e de extrema importância para o produtor que vem sofrendo com as instabilidades climáticas. “É um tema atual e que deve ser aplicado no dia a dia. Por isso, é importante a participação do produtor no sentido de estar mais atualizado e tentar minimizar a questão do clima de maneira profissional”.
O associado da Cresol e produtor rural, Nilson Nogueira, diz ter sofrido com a seca na região, reforçando algumas vezes o quanto o clima é imprevisível. “Para nós este tema é bastante importante, porque dependemos também do clima para plantar”.
O estudante de agronomia, Thiago Costa, da Universidade estadual de Londrina (UEL) , avaliou o evento como produtivo e disse ter participado de outros eventos que englobam agroclima e sustentabilidade. Thiago cita também a importância que o conhecimento sobre o clima no “mundo agropecuário” tem para o agricultor comum, para que os mesmos possam se atualizar e alavancar sua produção.
Para Mônica Maldonado, estudante de Geografia, também da UEL, a palestra foi “rica” em informações, e elogia o palestrante por “demonstrar e transferir muito conhecimento”. “Me interesso muito pelo tema do evento, que é bastante importante para meu curso”, afirmou.
O cafeicultor e pesquisador aposentado do Iapar, Tumoru Sera, considerou a palestra como excelente. “A melhor que eu assisti nos últimos tempos”. Estava à procura de conhecimento na área de mudanças climáticas e veio de encontro às minhas perspectivas”, comentou. Além disso, ele evidencia as secas como um fator alarmante na agricultura. “Antes ocorriam e davam prejuízos há cada 10 anos, agora, começaram a aparecer de 5 em 5 anos”.
O evento teve patrocínio da Cresol, GDM Seeds, Adama, Calpar e Sistema FAEP/Senar; apoio do Sindicato Rural Patronal de Londrina (SRPL), Sociedade Rural do Paraná (SRP), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e Vertigo Filmes. A realização é do Conexão Agro.