Os produtores brasileiros de café superaram as limitações da colheita na pandemia do novo coronavírus, que impôs restrições por causa do necessário distanciamento social, já que o trabalho ainda é feito de forma manual. Porém, agora enfrentam as incertezas em torno do consumo da bebida neste momento de crise mundial.
“Os produtores foram rápidos, analisaram os protocolos impostos pela área da saúde e, imediatamente, as adaptaram. Porém, a incerteza é em relação ao consumo global que hoje é uma incógnita para todos”, destacou Fernando Mellão Martini, da corretora Mellão Martini, associada à Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM).
Em relação aos negócios, Mellão destaca que foram alavancados pela alta do dólar em março/abril desse ano, quando a moeda norte-americana se aproximou do patamar dos R$ 6,00 em um recorde nominal histórico (sem considerar a inflação), mas o cenário mudou com as perdas no câmbio. Os últimos levantamentos mostraram que o mercado do café continuou pressionado nos últimos dias, acompanhando as recentes desvalorizações do dólar, com queda de quase 7% no acumulado da semana, chegando a ficar abaixo dos R$ 5,00 nesta sexta-feira (5), o que ocasionou uma semana travada em relação a novos negócios.
Apesar dos negócios travados, a corretora ressalta que o que se nota é a antecipação nas entregas para cumprir os compromissos futuros já realizados. Para os próximos dias, não há grande expectativa de mudança de panorama. “Com a entrada da safra, o mercado tende a continuar pressionado de olho nas condições climáticas de frio e chuva, bem como, no comportamento do dólar”, ressaltou o corretor.
Um olho na safra brasileira e, outro, na safra colombiana. A Colômbia, terceiro maior produtor mundial da commodity, atrás somente do Brasil e do Vietnã, registrou em maio um aumento de 6% na sua produção. “Todo aumento de safra nos países produtores deixam o mercado nervoso, mas acreditamos que, devido à pandemia, a maior preocupação está realmente ligada ao consumo mundial de café”, ressaltou.
No Brasil, a pressão nas cotações pode ser percebida nas diferentes regiões produtoras. No acumulado dos últimos 30 dias, o indicador de preços do café (arábica) da Bolsa Brasileira de Mercadorias, aponta para quedas expressivas em todas as regiões pesquisadas. Em Guaxupé (MG), por exemplo, a desvalorização chega a 16,95%, e o preço da saca estava em R$ 490,00 na última sexta. Na região de Franca (SP), a queda mensal já ultrapassa os 18%.
Fonte: Bolsa Brasileira de Mercadorias