quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Café

Dia Nacional do Café marca início da colheita na maior parte do país

Um brinde (com café) ao Dia Nacional do Café, comemorado hoje, 24 de maio. Essa bebida é preferência nacional e a segunda mais consumida no mundo – só perde para a água. Graças à ciência agronômica que viabiliza seus cultivos ao longo da história, é possível manter disponível esse produto que é consumido em 98% dos lares brasileiros, segundo levantamento em 2019. São tantos causos em torno dessa cultura no Brasil, que dá para tomar bons goles, enquanto rola a prosa. Referência em estudos com cafeeiros, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, foi fundado por D. Pedro II, em 1887, justamente para estudar os problemas que atingiam a espécie naquela época. De lá para cá, o IAC nunca mais interrompeu seus estudos e desenvolveu 67 cultivares de café. O Instituto é responsável também por estudos com café naturalmente sem cafeína, colheita, produtividade e resistência a pragas e doenças, além de qualidade da bebida, que é o que conquista fãs por esse mundo afora.

A data comemorativa foi oficializada pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), em 2005. A escolha do dia coincide com o período de início da colheita na maior parte das regiões cafeeiras do Brasil, que é o maior produtor e o maior exportador de café verde no mundo e também o segundo maior consumidor de café do globo.

São do IAC as cultivares mais plantadas nos cafezais nacionais e paulistas: chamadas Mundo Novo, Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo, juntas elas representam cerca de 80% do café arábica produzido no Brasil. O tipo arábica é o usado para produzir a bebida nas casas dos brasileiros. A produção nacional responde por 2/3 do volume mundial desse tipo de café. Quanto ao porcentual de cafeína, o arábica tem cerca de 1,1% e o robusta, duas vezes mais.

O país também produz 1/3 do tipo robusta ou conilon, utilizado na produção do café solúvel e em misturas de arábica. “A produtividade média estimada para a safra atual é de aproximadamente 29 sacas de café beneficiado, por hectare, para o café arábica e 34 sacas de café beneficiado, por hectare, para o café robusta”, diz o pesquisador do IAC, Oliveiro Guerreiro Filho, considerando dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

O IAC tem o mais importante banco de germoplasma de café do Brasil, onde são mantidas 15 espécies das cerca de 126 existentes no mundo. A coleção de plantas vivas é essencial para a realização de estudos – sem elas não se faz pesquisa e sua manutenção requer muito trabalho e investimento. “Existem no mundo cerca de 126 espécies de café; 57 delas endêmicas em Madagascar; a grande maioria das demais encontra-se distribuída pelo continente africano e umas poucas, na Ásia”, diz Guerreiro.

Considerando apenas o café robusta, o líder é o Vietnã. Na safra passada, a produção vietnamita foi de 29 milhões de sacas, o que representa 41% da produção mundial desta espécie. “O Brasil produziu 14 milhões de sacas de conilon/robusta, ou seja 21% da produção mundial desta espécie, metade da safra do Vietnã”, explica o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

No Estado de São Paulo, a cultura foi responsável pelo desenvolvimento de vários setores, por exemplo, as ferrovias, destinadas ao escoamento da produção, lembra Sérgio Parreiras Pereira, pesquisador do IAC. “Nosso estado reúne o maior volume de café industrializado do Brasil e o maior mercado brasileiro de cafés especiais, sendo que está no IAC o programa de pesquisa de cafés especiais”, afirma Pereira.

E se não bastassem todos esses destaques do setor, o que dizer do cheiro do café? Além de gostoso, só ele basta para despertar o cérebro, conforme pesquisa publicada no Journal of Environmental Psychology. De acordo com Guerreiro, o aroma da bebida é resultado da expressão de muitas substâncias ou compostos já presentes nos grãos ou que são formados na elaboração da bebida. “ O preparo do café na pós-colheita é fundamental para a preservação da qualidade que, a princípio, todas as cultivares têm potencial para proporcionar”, diz.

Quem já viu um terreiro de café, onde os grãos ficam espalhados no chão, talvez não imagina que essa etapa define a qualidade da bebida. “As camadas altas de frutos maduros no terreiro levam muito tempo para secar e favorecem fermentações indesejadas, que podem conferir aromas desagradáveis à bebida. Assim, o preparo de um bom café, começa com um produto de boa qualidade”, afirma.

A intensidade da torra e a granulometria da moagem também interferem na qualidade do café. Ou seja, se torrar mais ou menos e se o café for moído em partículas menores ou maiores, isso também vai refletir no sabor e no aroma. “Grãos de boa qualidade podem e devem ser submetidos à torra mais leve e à moagem mais grossas; a extração é menos intensa e, na xícara, o café é mais claro, ralo, quase um chá”, diz.

Normalmente, cafés de qualidade inferior são submetidos à torra intensa para camuflar defeitos. E daí para um café ruim é um passo. Outras falhas podem ocorrer ao fazer a bebida. “Há inúmeros métodos de preparo da infusão. O mais comum, é o percolado, aquele em que se acrescenta água à 90°C ao café torrado e moído; o uso de água em ebulição, à 100°C é um dos erros; adicionar açúcar à água ou, depois, ao café é outro erro. Entretanto, isso é cultural”, relata Guerreiro.

E o consumo muda de acordo com o país e a cultura. Os americanos consomem café de excelente qualidade, segundo o pesquisador. “Eles adotam torra leve e maior granulometria de moagem; a extração de solúveis com água quente dá origem a uma bebida clara, aromática e de ótimo sabor”, avalia. O consumo vem crescendo muito na China, país que se tornou, inclusive, cafeicultor. A Índia é um tradicional produtor e também vem experimentando pequeno aumento no consumo, mas sempre se destacou pela exportação do produto.

Uma curiosidade em relação à cor dos frutos do café arábica e do robusta: ambos têm frutos vermelhos e amarelos. “No entanto, se considerarmos somente as cultivares comerciais, isso acontece apenas com o arábica”, esclarece.

Outras espécies apresentam cores variadas: C. stenophyla e C. ebracteotala têm frutos quase pretos. A C. racemosa tem frutos de cor violeta; C. kapakata e C. congensis têm frutos de cor laranja; C. milotti tem frutos amarelos e as demais espécies têm frutos vermelhos. Essas são curiosidades apenas, porque o brasileiro só se refere à cor da bebida para identificar se prefere puro ou não. “Um café preto, por favor!”

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