As consequências com o embargo do frango pela União Europeia (EU) são inevitáveis, já que os países são destinos importantes para os produtos avícolas do estado e do País. As barreiras já começam a refletir em outras cadeias de carnes brasileiras, como a bovina, suína e peixes. “Estão todas interligadas. Uma ação que se faça em uma cadeia vai impactar nas outras”, afirma o diretor de Pecuária da Sociedade Rural do Paraná, Ricardo Rezende.
De acordo com ele, as cargas de frango que estavam preparadas para serem exportadas não podem ficar paradas e já estão sendo colocadas no mercado interno para comercialização, aumentando assim a oferta e fazendo com que o preço caia. Setor estima queda em até 12% no preço.
“Vamos ter um impacto pelo menos momentâneo por força de um excesso de oferta e isso já provoca uma oscilação no mercado de carnes como um todo. Para competir, a carne bovina, por exemplo, também deve ficar mais barata, pelo menos em um primeiro momento”, diz Rezende, acrescentando: “Acredito e espero que logo se normalize por ser um ato pontual, até porque tivemos a notícia de que houve um acordo com Peru para exportar um volume de carne maior pra lá, ou seja, haverá válvulas de escape para o escoamento, o que acredito particularmente, que irá manter um certo equilíbrio na cadeia da carne como um todo brevemente”, complementa.
O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) entende que a decisão do embargo ao frango pela União Europeia é uma medida protecionista que não se ampara em questões sanitárias, pois não há risco de saúde pública proveniente do produto, já que a carne de frango é cozida antes do consumo, eliminando a presença de possíveis bactérias.
Em nota oficial, o sindicato reafirma que a avicultura no país, especialmente no Paraná, é referência mundial no quesito qualidade e sanidade, nunca apresentando qualquer problema sanitário comprovadamente vinculado ao produto avícola brasileiro exportado.
Dessa maneira, o país conquistou o posto de maior exportador da proteína e segundo maior produtor do mundo, sendo o Paraná o principal produtor e exportador de frango do Brasil.
Para o presidente do Sindicato Rural Patronal de Londrina, Narciso Pissinati, neste momento o papel da Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs), criadas a partir da sanção da Lei nº 13.288/16, conhecida como “Lei da Integração” são importantes para tentar reduzir prejuízos aos produtores. Elas funcionam como um canal de diálogo e negociação entre empresas e produtores. Cada Cadec é composta por cinco membros titulares e cinco suplentes do lado dos produtores e igual número de componentes do lado das indústrias.
O Paraná conta com 31 unidades agroindustriais nas cadeias de suínos e aves, distribuídas por praticamente todas as regiões do Estado. Deste total, 16 unidades, ou 52%, contam com Cadecs ativas.