Entidades que representam, principalmente, o setor da bovinocultura, querem o compromisso dos candidatos ao governo do Estado com a não retirada da vacinação contra a febre aftosa no Paraná e siga o calendário do Plano Estratégico do Programa Nacional de Febre Aftosa (PNAFA), do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Mapa).
Um documento assinado por 39 entidades deve ser entregue aos candidatos, destacando que, desde 2015, movimentos no estado buscam suspender a vacinação da aftosa.
Desde então, o segmento da bovinocultura tem se posicionado e apresentado ao governo estudos técnicos e pedidos para que o assunto seja tratado dentro de rigorosos critérios, sem prejuízo a qualquer uma das partes.
As entidades divergem do pedido feito pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adapar) para antecipar o fim da vacinação para 2019. Pelo calendário do Mapa, o Paraná deve parar de vacinar em 2021, junto com os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.
A estratégia do Mapa é retirar a vacinação gradativamente e por blocos de estados para que o País obtenha o status “livre de aftosa sem vacinação”, perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 2023.
Os representantes da bovinocultura lembram que o Paraná ficará isolado e não poderá receber animais de outras unidades da federação, caso ocorra a suspensão antecipada da vacinação.
“Além do risco sanitário ao expor seu rebanho à contaminação, a indústria frigorífica sofrerá enorme prejuízo, com a falta de animais para abate”, salienta o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Antônio Sampaio.
Sampaio destaca que os pecuaristas paranaenses, em sua maioria, trabalham com recria e engorda de animais. Caso seja suspensa a vacinação no Paraná, o Estado não poderá mais receber bovinos e ovinos de outros estados.
“Essa medida, se ocorrer de forma isolada, irá prejudicar a pecuária e toda a estrutura correlata à atividade”, afirma o presidente SRP.
As entidades acreditam que o movimento para antecipar o fim da vacinação visa beneficiar as cadeias produtivas da suinocultura e avicultura e afirmam no documento que a iniciativa “carece de legitimidade e razoabilidade econômica, porque sob o ponto de vista de política industrial não se deve priorizar uma cadeia produtiva em detrimento de outras, mas sim permitir que as três possam crescer e se desenvolver pelas suas próprias dinâmicas”.
Santa Catarina é hoje o único estado brasileiro a possuir o status “livre de aftosa sem vacinação”, mas não tem vantagem nos preços da carne perante o mercado internacional, conforme observa o diretor da Sociedade Rural de Maringá, Ricardo Pulzatto.
Segundo dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), no ano de 2017, o Paraná e Rio Grande do Sul obtiveram preço maior do que Santa Catarina nas exportações de carne suína.
O Paraná alcançou preço médio da tonelada de U$ 2.395, o Rio Grande do Sul, U$ 2.462, enquanto Santa Catarina ficou com U$ 2.310. O mesmo ocorreu com o produtor de suínos catarinense, que recebeu na média anual um preço inferior aos recebidos pelos produtores dos estados do Paraná e Rio grande do Sul.
Pulzatto alega que é um engano supor que a retirada da vacinação no Paraná levará automaticamente o estado a incrementar suas exportações, desconsiderando-se os mecanismos de conquista gradativa de mercados internacionais, as barreiras sanitárias e não sanitárias existentes nos principais países importadores da carne brasileira.