sábado, 27 de julho de 2024

Apicultura

Estudo para definir protocolo para favorecer a convivência entre abelhas e soja

Tags: agricultura familiar, Cooperativismo, crédito, embrapa

A Embrapa e a Basf assinaram um acordo de cooperação técnico-financeira para validação de um modelo tecnológico, a partir da safra 2022/2023, com base em Boas Práticas Agrícolas e Apicultura. O objetivo do projeto de três anos (previsto para durar de 2022 a 2025) é promover a convivência harmoniosa entre produtores de soja e apicultores, a partir de ações conjuntas em três importantes regiões brasileiras para a produção de soja: Paraná (Maringá), Mato Grosso do Sul (Dourados) e Rio Grande do Sul (São Gabriel). A partir da validação de um protocolo de Boas Práticas Agrícolas, as instituições pretendem comprovar que o desenvolvimento dessas atividades em espaços integrados pode ser benéfico para ambos os setores.
“Para a Embrapa, é fundamental propor ações de parceria que promovam uma boa convivência e estimulem o respeito às diferentes atividades de campo, com foco na sustentabilidade dos sistemas produtivos. No caso específico da relação entre produtores de soja e apicultores, é importante valorizar a responsabilidade mútua, o que significa respeitar os limites além de suas áreas de plantio ou propriedades”, destaca o chefe geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno.
De acordo com o gerente de Administração e Sustentabilidade da BASF Soluções Agrícolas, Maurício do Carmo Fernandes, a empresa estabeleceu como meta aumentar a participação de soluções que contribuem significativamente para a sustentabilidade em 7% ao ano, além de continuar fortalecendo ações que promovam o uso correto e seguro de soluções com boas práticas agrícolas.
“Acreditamos que investir nessa iniciativa contribuirá para o legado da agricultura. Todos podem se beneficiar dessa relação de soja e produção de mel. A BASF apoia e promove esse projeto conjunto, por isso nos unimos à Embrapa neste desafio. Afinal, buscamos o equilíbrio ideal entre a produção agrícola e o meio ambiente”, diz Fernandes.
Para monitorar as atividades do initativo, o pesquisador da Embrapa Soja, Décio Gazzoni, explica que será criado um protocolo de Boas Práticas Agrícolas e Apicultura, cuja função é orientar as ações dos agricultores de soja participantes e grupos de trabalho dos apicultores. “Nossa ideia é verificar a adequação desse protocolo e fazer os ajustes necessários, validando sua viabilidade nas microrregiões geográficas estabelecidas, durante as safras de soja 2022/2023 e 2023/2024”, ressalta.
Uma vez validados, os resultados comporão uma cartilha contendo um conjunto de práticas sustentáveis para a produção de soja com baixo impacto na apicultura. A caderneta também conterá boas práticas de apicultura para instalar apiários próximos às culturas de soja. Outras estratégias de transferência de tecnologia e comunicação serão adotadas ao longo do projeto, como a produção de vídeos e materiais impressos.
“Essas ações visam compartilhar um conjunto de boas práticas para o cultivo da soja, especialmente no que se refere ao uso de medidas de saúde vegetal e boas práticas de apicultura, criando recomendações básicas que podem ser aplicadas à realidade do campo”, afirma Gazzoni.
Projeto oferece capacitação para produtores de soja e apicultores em técnicas sustentáveis
O projeto foi organizado para incluir grupos de apicultores que possuem até cinco apiários e agricultores de soja baseados perto dessas colmeias. “Com base em mapas obtidos do Google Earth, detalharemos a paisagem da área a ser utilizada, com um raio máximo de três quilômetros dos apiários. Os apiários serão referenciados geograficamente por meio da Plataforma de Informação sobre Apicultura e Meio Ambiente”, acrescenta Gazzoni.
O pesquisador ressalta que a metodologia prevê o detalhamento do entorno dos apiários para identificar os componentes da paisagem – reservas legais, Áreas de Preservação Permanente (PPA), culturas perenes, culturas anuais, pastagens, entre outros. Seu objetivo é delimitar o ponto de intersecção e sobreposição de áreas de exploração agrícola e áreas de forrageamento para as abelhas desses apiários. Segundo ele, serão descritas as práticas de produção e gestão de cada agricultor, e a observância de todos os requisitos de Boas Práticas será verificada.
Na programação do projeto, estão previstas reuniões para monitorar as ações, bem como treinar agricultores e apicultores de soja para a realização de técnicas, procedimentos e atitudes sustentáveis. “Os produtores de soja serão treinados em práticas de saúde vegetal adequadas que envolvem o manejo de pragas agrícolas (insetos, doenças, nematoides e plantas invasoras). Por outro lado, os apicultores serão treinados em Boas Práticas de Apicultura”, diz Gazzoni.
Dentro do planejamento, o pesquisador diz que a administração de agrotóxicos por via aérea será monitorada, a partir do plano de voo de aeronaves agrícolas, que será feito por uma empresa especializada. “Queremos que as administrações forneçam a proteção necessária para evitar qualquer desvio para áreas que você queira proteger”, diz ele. Uma vez validado, o protocolo será transformado em uma cartilha a ser entregue tanto aos produtores de soja quanto aos apicultores das principais regiões do Brasil onde há atividades de apicultura próximas às culturas de soja.
Soja e abelhas: uma aliança ganha-ganha para a agricultura sustentável
A soja é cultivada em praticamente todas as regiões brasileiras e ocupa aproximadamente 40 milhões de hectares na safra 2021/2022. Assim, em alguns casos, as áreas cultivadas pela soja estão próximas aos apiários fixos tradicionais, ou mesmo para onde as colmeias são colocadas em apiários migratórios.
Apesar do desafio da convivência harmoniosa, há vantagens para ambos os setores. Segundo Gazzoni, por um lado, a flor de soja pode ser usada como forragem por apicultores, especialmente os de Apis mellifera (abelhas africanizadas), em períodos de baixa disponibilidade alimentar. “Além disso, podemos dizer que, em condições adequadas de visitação, a produtividade da soja pode ser aumentada em cerca de 13% pelo processo de polinização proporcionado pela visitação de abelhas na soja”, diz Gazzoni.
Para examinar o efeito da polinização das abelhas na produtividade da soja, foram realizados três experimentos no campo experimental da Embrapa Soja, em Londrina, no Paraná, nas safras de soja de 2017/2018 a 2019/2020. Três tratamentos foram utilizados na metodologia: o primeiro permitiu às abelhas livre acesso às culturas de soja; o segundo consistia em inserir uma colmeia Apis mellifera dentro de um lote de soja enjaulado; e o terceiro mantinha um lote de soja enjaulado sem acesso de abelhas ou qualquer outro polinizador.
 
Segundo Gazzoni, a visitação de abelhas durante a floração da soja foi monitorada durante todo o período de floração, com contagem de abelhas realizada às 9 horas, 10 horas e 11 horas. “Observamos que o número de abelhas foi maior às 11 horas, o que é um importante indicador para o planejamento de sprays agroquímicos na soja”, explica.
Durante os três anos do estudo, o aumento médio na produção de soja foi de 639 quilos por hectare (kg/ha), ou seja, 12,97%, nos lotes enjaulados com colônia de abelhas e 274 kg/ha (5,58%) nos lotes não entubados, quando comparados com as parcelas enjauladas que não permitiram acesso aos polinizadores”, relata.
Gestão de apiários
Um dos primeiros passos sugeridos aos apicultores para garantir a quantidade e a qualidade adequadas da produção de mel é a manutenção de abelhas saudáveis e colônias com um grande número de indivíduos, diz Gazzoni. Nesse sentido, a pesquisadora também recomenda a substituição periódica da rainha, o manejo de pentes, o respeito ao calendário floral, a limpeza do ambiente e a suplementação alimentar, se necessário. “Recomenda-se que os apicultores façam revisões quinzenais em suas colônias para monitorar seu desenvolvimento e realizar a gestão necessária”, diz.
Outra orientação é manter uma distância mínima de 500 metros de áreas com tráfego de pessoas e animais, a fim de evitar acidentes. “Os apiários também devem estar a uma distância mínima de 50 metros das áreas agrícolas, a fim de evitar perdas de colônias devido à deriva dos produtos de saúde vegetal”, diz. “De preferência, barreiras naturais devem ser utilizadas ao redor dos apiários, como grama de elefante, cercas vivas, arbustos altos, como árvores de bolas cor-de-rosa, entre outros”, acrescenta.
Em relação ao posicionamento das colônias, Gazzoni explica que, para a produção de mel, recomenda-se utilizar três colônias por hectare estimado de forragem de abelhas, uma vez que as abelhas forrageiras buscam alimentos num raio de, no máximo 2,5 quilômetros. “Se houver competição entre abelhas para a produção de mel, a produtividade pode ser prejudicada. Da mesma forma, apiários sobrepostos devem ser evitados. A distância ideal de um apiário para outro é de 5 quilômetros.”
Boas práticas para a soja
Em relação aos produtores de soja, Gazzoni enfatiza a necessidade de respeitar e adotar recomendações agronômicas para o cultivo da soja em todas as etapas. O pesquisador reforça a importância da aplicação correta dos agrotóxicos, com atenção a todos os cuidados necessários para a conservação das colônias de abelhas que foram criadas e também de espécies nativas. “Os produtores de soja devem cumprir integralmente o Manejo Integrado de Pragas de Soja e dar atenção especial às melhores práticas de aplicação da tecnologia”, diz.
Fonte: Embrapa
 

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