Ponto sensível da cadeia do agro brasileiro, a infraestrutura logística estará em foco no Fórum do Agronegócio 2019, que acontece dia 8 de abril, no Recinto Horácio Sabino Coimbra, no Parque de Exposições Ney Braga. A realização é da Sociedade Rural do Paraná (SRP).
O coordenador do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, participará do painel “A lógica para a infraestrutura e a logística”, que terá mediação do jornalista e editor do Agronegócios do Valor Econômico, Fernando Lopes.
Para ter ideia da sensibilidade da questão logística brasileira, Londrina, que é polo regional com mais de 1 milhão de habitantes, há vários anos, reivindica a realização de obras cruciais para o desenvolvimento, como o Contorno Norte e as duplicações da PR-445 e BR-369, entre outras.
Somente em 2016, Londrina exportou US$ 252,4 milhões de soja, o que representa 38,3% do total exportado. A principal commoditie produzida na região percorre metade do trecho de 485 quilômetros para chegar ao Porto de Paranaguá em pista simples, inclusive parte na PR-445.
Para Edeon Vaz, a implantação de infraestrutura logística, como essas, deve ser tratada como política de estado.
“Todo o início de governo é momento para discutir estes temas, pois a estrutura de logística é o ‘calcanhar de Aquiles’ do agronegócio brasileiro. Por isso, temos que exigir que os governos façam o máximo que puderem na questão da infraestrutura”, diz.
Segundo ele, hoje, os estados da região Centro-Oeste e do Norte do Brasil, área de fronteira agrícola, vivem uma situação difícil.
“Essa peculiaridade exige uma maior intensidade do trato deste assunto. Temos de pavimentar e criar rodovias, criar ferrovias e portos. É bem diferente da situação que temos hoje no Sul e Sudeste. Há muito o que se fazer nessa área”, afirma.
Vaz cita o exemplo do Mato Grosso, um estado que possui 7,5 mil km de estradas federais, 30 mil km de estradas estaduais e aproximadamente 100 mil km de estradas vicinais ou municipais.
“O Brasil não tem uma política destinada a estradas municipais. Existiram algumas iniciativas em nível de governo federal, mas que não foram dadas sequências.Temos que ter uma política nacional para estradas vicinais, que são como as veias do corpo. Elas levam nossa produção para as estaduais, que levam para as federais, que são as grandes artérias do nosso sistema logístico”, afirma.
Segundo Vaz, têm-se conseguido, nos últimos anos, um avanço significativo no escoamento da produção agrícola do Paralelo 16 até o norte.
“Esse paralelo 16 é uma linha imaginária que cruza Ilhéus, Brasília e Cuiabá. Essa região produz mais de 50% do milho e da soja no Brasil. Em 2009, eram escoados 7 milhões e 200 mil toneladas pelo arco norte. Nos últimos anos, foram 32 milhões de toneladas já escoadas e a tendência é de crescimento”, aponta.
Com essa saída pelo norte, ele diz que há dois resultados. “O primeiro deles é que o custo do frete rodoviário até os portos é menor, pois é feito em esquema rodo-hidroviário, ou rodoviário-ferroviário”, afirma. E, como segundo resultado, ele aponta o fato de que o Sudeste e o Sul possam usar os seus portos com produtos de maior valor agregado. “Isso é um avanço significativo para o Brasil. Nós temos de escoar o máximo possível por esses portos do arco norte. Mas é necessário que se faça investimento e o crescimento desses portos. Hoje, a capacidade é de 42 milhões de toneladas, mas precisamos crescer com novos investimentos”, diz.