A fruticultura é um dos setores de maior destaque do agronegócio brasileiro que gera oportunidades para os pequenos e médios agricultores. O colombiano Eduardo Perilla, engenheiro agrônomo e pesquisador, está de olho neste mercado promissor. Morando há 13 anos no Brasil, Perilla começou a implantar, nos últimos três anos, uma estação experimental de frutas em sua propriedade, a chácara Vila Anamaria, na região de Guaravera, a 50 km de Londrina (PR).
O projeto desenvolvido numa área de 20 mil metros quadrados visa o melhoramento genético de algumas espécies, entre elas o lulo, uma variedade originária da Colômbia, também conhecida por “naranjilla”. Ele plantou 1.700 mudas, distribuídas em cinco lotes, algumas consorciadas com curcubitaceas – melancia e algumas espécies de abóbora.
Além do lulo, a propriedade está explorando variedades como physalis, mirtilo, amora, morango e framboesa – as chamadas berries, frutas vermelhas. Há também frutas como abacate, araça, longan – versão asiática da lichia, que no Brasil é conhecida por pitomba. “Temos lotes com diferentes arranjos experimentais, os quais já estão prontos para a produção, que poderá ultrapassar as 7 toneladas”, complementa Perilla.
O objetivo, segundo ele, é explorar alternativas economicamente produtivas e sustentáveis para pequenos produtores que possam vir a integrar o Polo Frutícola do Norte do Paraná, projeto que vem sendo desenvolvido pelo Sindicato Rural Patronal de Londrina.
As reuniões para a implantação do polo frutícola começou a sair do papel, no ano passado, com uma série de reuniões entre produtores, pesquisadores e extensionistas. A ideia é formar uma cooperativa e construir uma agroindústria para processar as frutas cultivadas na região.
Perilla afirma que, para começar a produzir frutas, o ideal é que o produtor tenha um pool de pelo menos quatro variedades diferentes de frutas exóticas, com área miníma de mil metros quadrados cada uma. “Este seria o primeiro passo para depois, ir aumentando as áreas, mas sempre dentro da proposta de ter o maior número de espécies”, enfatiza.
“O consórcio de diferentes frutas, contribui também para diminuir o aquecimento global. Estudos mostram que por meio da fotossíntese as árvores capturam CO2 e liberam oxigênio. Desta forma, o pequeno produtor pode fazer sua parte e combater o crescimento do efeito estufa”, diz Perilla”.
CLIMA E SOLO
Segundo Perilla, assim como na Colômbia, as espécies em experimentação, sobretudo o lulo, vai bem nas regiões de “clima cafeeiro como Londrina”, mas precisa de muita irrigação. Também originária de climas cafeeiros, a physalis se adaptou muito bem com o solo da região de Londrina.
Ele observa ainda que não utiliza nenhum tipo de agrotóxico no cultivo das variedades, porém fez um trabalho de correção de acidez, incorporando nutrientes e muita matéria orgânica para cobrir o solo. “Para quem deseja recuperar a qualidade do solo o sistema agroflorestal é uma ótima opção”.