sexta-feira, 06 de setembro de 2024

Grãos

Grão-de-bico: crescimento do mercado externo no Brasil

Tags: grão-de-bico, grãos, leguminosa, mercado

O grão-de-bico (Cicer arietinum L.) é uma das principais leguminosas cultivadas no mundo, e certamente devida a sua grande rusticidade, pode se tornar uma cultura extremamente importante com as mudanças climáticas vivenciadas nos últimos anos. Apesar de ser um alimento de alto valor nutricional, o Brasil consome muito pouco deste grão; e claro, o feijão tem a preferência nacional (a música de Gonzaguinha cantada pelas Frenéticas já mencionava isso: … dez entre dez brasileiros preferem feijão …).

O Brasil tem sido um tradicional importador de grão-de-bico, e grande parte do consumo desta importante leguminosa no país tem sido suprida por importações. Mesmo que a produção nacional de grão-de-bico no país tenha aumentado nos últimos anos, tem-se observado uma maior importação nos últimos anos (Figura 1). Em 2021, o Brasil importou cerca de 11,3 mil de toneladas do grão, totalizando US$ 9 milhões, sendo o México e a Argentina, em partes iguais, os dois fornecedores. Neste período de três anos, observa-se um aumento de 56,6% na importação de grão-de-bico.

Figura 1. Brasil: importação de grão-de-bico no período de 2019 a 2021. Fonte: Comex, Stat, MDIC, 2022.

Alguns aspectos tem favorecido para este aumento de consumo de grão-de-bico no país nestes últimos anos, principalmente por um público que demanda mais proteína vegetal, ou produtos mais saudáveis. Sabe-se ainda que a população vegetariana ou vegana e mais recentemente a flexitariana (menor consumo ou consumo ocasional de produtos animais), tem aumentado consideravelmente no país, e este público tem incluído, em sua dieta alimentar, o grão-de-bico. Existe uma demanda crescente de proteína vegetal por segmentos que buscam alimentos saudáveis ou alternativas para pessoas celíacas e em dietas vegetarianas e veganas. Nesse último aspecto, observa-se, no mundo todo, um crescimento expressivo de produtos plant-based, como hambúrgueres, salsichas, nuggets, ovos, entre outros, à base de pulses (leguminosas de grãos secos), incluindo o grão-de-bico.

No que se refere às movimentações no contexto de exportação de grão-de-bico, o mercado externo no Brasil restringe-se a pequenas quantidades e para poucos países, como Paquistão, Índia, Egito e Paraguai, dentre outros. Entretanto, observa-se um crescente aumento nas exportações brasileiras, como tem sido observado nos últimos três anos (Figura 2). Em 2021, o Brasil exportou apenas 500 toneladas do grão, totalizando US$ 238 mil, um aumento de oito vezes no volume quando comparado com 2019.

Figura 2. Brasil: exportação de grão-de-bico no período de 2019 a 2021. Fonte: Comex Stat, MDIC, 2022.

Assim, diferentemente das commodities (soja, milho, café, açúcar, carne etc.) que exportamos, o país ainda tem uma participação inexpressiva no mercado externo de grão-de-bico. Sem dúvida, temos que fortalecer a cadeia produtiva desta leguminosa no país, procurando ter uma maior competição com os países tradicionalmente exportadores. E claro, produzir de forma mais sustentável, com menor uso de recursos (água e insumos). Neste ponto, o grão-de-bico vem a ser uma ótima opção, pela menor exigência da cultura em água e por menor utilização de insumos agrícolas, como fungicidas e ou inseticidas, quando comparado com outras culturas.

Torna-se ainda necessária a abertura de novos acordos comerciais, bem como o investimento em campanhas promocionais de abertura e consolidação de mercado para o grão-de-bico. Sabe-se que o mercado externo é bastante complexo e dinâmico, e depende não só da parte econômica, mas também das demandas dos consumidores e ou exigências dos países importadores.

Finalmente, o incentivo à exportação deste grão pode tornar o Brasil um importante player no mercado externo, além de consolidar o mercado interno e oferecer alternativas aos agricultores brasileiros ao ampliar o leque de potenciais ganhos econômicos. Sem dúvida, mais uma diversificação para o nosso agro e mais uma valiosa contribuição da pesquisa e desenvolvimento (P&D) e do setor produtivo ao equilíbrio da balança comercial.

Artigo: Pesquisador Warley Marcos Nascimento, chefe-geral da Embrapa Hortaliças

E-mail: [email protected]

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