sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Agronegócio

IAPAR faz pesquisas com cafés de qualidade superior

Pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) desenvolvem pesquisas com variedades de café que combinem, além de alta produtividade, qualidade de bebida especial diferenciada e resistência às pragas e doenças.
Segundo a pesquisadora Patrícia Santoro, líder do Programa Café do IAPAR, o consumo de cafés especiais está em plena expansão no mundo, tanto para consumo doméstico, quanto em cafeterias.
“No Brasil, o consumo de cafés superiores e gourmets já chega a quase 20% do total consumido, com um crescimento de mercado superior 100% nos últimos três anos”, salienta a pesquisadora. Ainda de acordo com ela, o consumidor que busca um café de melhor qualidade está disposto a pagar um preço diferenciado, o que pode ser um bom negócio para o cafeicultor, que vai receber mais pela sua mercadoria.
Um bom resultado desse trabalho foi a caracterização do café do Norte Pioneiro para a obtenção de Indicação Geográfica, uma das cinco existentes no Brasil. “A Indicação Geográfica atribui identidade própria ao café, agregando valor ao produto e dando visibilidade à região”, salienta Santoro. O pesquisador do IAPAR Gustavo Sera explica que existem cultivares de café reconhecidas no mercado consumidor, mas são pouco produtivas. “Nosso objetivo é desenvolver variedades que tenham um diferencial de preço devido à qualidade de bebida superior e além disso combine boa produtividade”, salienta Sera.

Para atingir esses objetivos, o IAPAR vem trabalhando em algumas frentes, como em sistemas agroflorestais com a junção de cafés e árvores, como a seringueira. Esse consórcio busca melhorar a qualidade física dos grãos e da bebida por meio de mudanças no microclima, com redução da temperatura por causa do sombreamento. “Estes estudos, além do clima, envolvem avaliações sobre a nutrição e fisiologia das plantas, fertilidade do solo, incidência de pragas e doenças, fatores que podem ter influência direta ou indireta sobre a qualidade final do café”, explica a pesquisadora do IAPAR Maria Brígida Scholz.

Sera vem trabalhando no melhoramento genético convencional por meio do cruzamento. “Dentre os cafeeiros que estamos utilizando para transferir a qualidade de bebida especial e diferenciada estão cafeeiros silvestres da Etiópia e do grupo Sarchimor (Villa Sarchí x Híbrido de Timor)”, salienta o pesquisador. O objetivo, de acordo com ele, é desenvolver variedades no IAPAR que unam atributos desejáveis para qualidade de bebida como aroma, sabor e acidez com sabores e aromas exóticos como cupuaçu, jasmim, mirtilo, morango e maracujá. “Estamos desenvolvendo uma cultivar com sabor de cupuaçu, limão siciliano e jasmim derivada da famosa cultivar Geisha, que possui um preço de mercado de cinco a dez vezes mais caro do que os cafeeiros arábicos tradicionais”, explica Sera. Ele ressalta, entretanto, que essa futura variedade teve ter 40% do potencial produtivo de uma cultivar tradicional, o que deve ser compensado pelo alto preço da saca.

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