Uma nova cultivar de feijão, IPR Águia, já está pronta para dominar os campos paranaenses. Ela foi apresentada nesta terça-feira (21) no Polo de Pesquisa e Inovação do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A IPR Águia, que tem como principal atrativo comercial a resistência ao escurecimento dos grãos, o que possibilita maior tempo de armazenamento, vem se somar a outras 10 cultivares atualmente com sementes disponíveis no mercado e cultivadas em todas as regiões produtoras no Brasil.
De acordo com os pesquisadores, leva cerca de nove meses até que os grãos de IPR Águia comecem a ficar com aquele aspecto oxidado que desagrada o brasileiro consumidor de feijão. Esse atributo, uma reivindicação de toda a cadeia produtiva, é particularmente importante para os agricultores, pois possibilita estocar a produção e ganhar mais autonomia para decidir sobre a venda, de acordo com o engenheiro-agrônomo José dos Santos Neto, que trabalhou no desenvolvimento da nova cultivar.
A IPR Águia tem ciclo de 88 dias, potencial produtivo em torno 4,8 toneladas por hectare e porte ereto, o que favorece a colheita mecânica direta. No aspecto fitossanitário, é resistente à ferrugem, oídio e mosaico comum; e moderadamente resistente à antracnose, crestamento bacteriano comum, murcha de curtobacterium e mancha angular. Com alto teor de proteínas, os grãos de IPR Águia têm cozimento rápido, com caldo consistente e saboroso.
“IPR Águia é uma cultivar que propicia segurança para o produtor, qualidade para a indústria e, ainda, cozimento rápido e sabor para o consumidor”, afirmou Santos Neto. A nova cultivar é adaptada aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso.
Presente na solenidade, o vice-governador Darci Piana destacou o trabalho de desenvolvimento de novas tecnologias para a agropecuária e lembrou que o Paraná é o principal produtor de feijão no País. Ano passado, foram produzidas 758 mil toneladas. Para este ano, a previsão é de algo em torno de 793 mil toneladas. As cultivares do IDR-Paraná são adotadas por produtores de todas as regiões. Na safra do ano passado, 63% dos campos de multiplicação de sementes de feijão preto e 14% de carioca no Brasil foram cultivares IPR.
“A pesquisa aplicada feita no IDR-Paraná está justificando os investimentos na área, que é essencial para a nossa economia”, apontou. “O trabalho incansável desses pesquisadores, que têm horas, dias, noites e anos buscando o equilíbrio nesse processo, resulta em um produto muito bom, com boa qualidade, com boa venda e que alimente nosso povo”.
Já o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, enfatizou que o escurecimento lento chega para beneficiar o produtor. “É do estilo dos grãos rajados ganhar uma cara de velho mais rápido, o que põe no produtor a pressão de vender tão logo colha”, explicou. “Agora precisamos cada vez mais focar naquilo que é competência individual e, no conjunto do time, entregar para a sociedade novos resultados”.
“Feijão é uma cultura importante para os pequenos produtores e para o Paraná. Sempre é um momento de alegria entregar para a sociedade um produto que contribui para a renda dos agricultores e para a economia”, resumiu o diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza.
Pássaros
A cultivar lançada pelo IDR-Paraná leva o nome de um pássaro para homenagear o “semeador da natureza”. As demais variedades do IDR-Paraná têm características que lembram as aves que lhe dão o nome. A IPR Garça, por exemplo, é uma variedade de feijão branco. A IPR Urutau é resistente a diferentes climas, assim como a ave que se mimetiza ao ambiente em que está. Já a IPR Uirapuru é uma cultivar muito resistente ao calor.
Também já foram lançadas as cultivares Tangará, Curió, Sabiá, Tuiuiú e Nhambu, além da cultivar IPR Campos Gerais. A próxima a ser lançada é a IPR Cardeal, de grãos vermelhos, desenvolvida para o segmento de exportação, particularmente a indústria de enlatados e conservas.
Fonte: AEN