O ano de 2019 deve ser diferente, na avaliação do diretor de Agronegócio do Banco Santander, Carlos Aguiar, já que não está clara a política de subsídios do governo Bolsonaro.
As considerações do executivo foram feitas na Agrishow 2019, em Ribeirão Preto (SP), a terceira maior feira de tecnologia do mundo e a mais importante da América Latina.
Aguiar falou em entrevista coletiva, logo depois que o presidente Jair Bolsonaro anunciou uma suplementação orçamentária de R$ 500 milhões para o Moderfrota, mais um financiamento de R$ 1 bilhão em financiamento do Banco do Brasil e R$ 1 bilhão para o seguro rural do Plano Safra 2019/2020.
O executivo do Santander comentou que os R$ 500 milhões liberados para Moderfrota não seriam suficientes para um dia de negociações.
A carteira de crédito do banco cresce 30% ao ano em média. A meta para 2019 é de R$ 21 bilhões, próximo da liderança entre os bancos privados. A instituição levou para a feira mais de R$ 1 bilhão em créditos pré-aprovados.
O Santander é o único banco que está abrindo agências no Brasil, com mais de 2 mil unidades. Até dezembro vai inaugurar 15 novas lojas, sendo quatro no Paraná.
Para Aguiar, o cenário é de absoluta incerteza. Na sua avaliação, se o governo quiser subsidiar mais a agricultura, terá que cortar recursos de outras áreas.
“O que vem por aí, eu vejo que são escolhas por parte do governo”, ponderou.
Apesar desse cenário indefinido, o Santander oferece crédito para compras de máquinas agrícolas, equipamentos, silos, armazéns e pivôs com taxas a partir de 0,79% ao mês.
O CDC Agro, como é chamada a linha de crédito, financia até 100% do bem, com prazos de pagamento de até sete anos. O recurso pode ser aprovado e liberado no mesmo dia e o fluxo para quitação do crédito é adequado à capacidade de pagamento do produtor, ou seja, quitação semestral ou anual de acordo com a colheita. A novidade foi anunciada na Agrishow.
Presente em 22 estados e no Distrito Federal, o Sicredi pretende aumentar o crédito para agricultores entre 20% a 25% em relação à safra passada.
Para os executivos da instituição, a expectativa é de que, com um agronegócio cada vez mais competitivo, um ambiente econômico de inflação controlada e juros baixos, o setor precisará de apoio estratégico do governo.
“O que nós estamos reivindicando, há décadas, é que não fiquemos lutando todo ano por um Plano Safra, mas por uma política agrícola. Queremos a manutenção das práticas de subsídio. Que não haja uma mudança drástica, uma ruptura, mas que o mercado continue se ajustando a esse contexto. Lutamos pelas práticas de subsídios, que são tão poucos na verdade.Temos custos fora da fazenda, que outros países não têm de infraestrutura, transporte, estradas, impostos, segurança. Precisamos lutar para garantir esses nossos direitos”, afirmou Manfred Dasenbrok, presidente nacional do Sistema Sicredi e da Central PR/SP/RJ.
*Repórter viajou à Agrishow a convite do pool de imprensa dos expositores da feira